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FREADA
Produção industrial cresce só 0,6% em novembro, abaixo das expectativas, e pode levar BC a intensificar queda da Selic
Reação "modesta" da indústria ameaça PIB
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
A produção da indústria teve
uma "reação modesta" em novembro, quando cresceu 0,6% na
comparação livre de influências
sazonais com outubro, segundo o
IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Foi a segunda
alta mensal consecutiva -havia
sido de 0,2% em outubro-, mas
insuficiente para compensar a
forte queda de setembro (-2,2%),
avalia o instituto.
"Houve uma recuperação em
novembro no ritmo de produção.
Foi uma reação modesta e incapaz de inverter a queda de setembro, o que fez a média do trimestre encerrado em novembro registrar uma taxa negativa", disse
Sílvio Sales, chefe da Coordenação de Indústria do IBGE.
Considerando a produção dos
três últimos meses até novembro,
houve retração de 0,5% no período. No ano de 2005, até novembro, a indústria cresceu 3,1%.
Foi puxada pelo crédito ainda
farto (embora em desaceleração
ao final do ano) e pelas exportações, que, apesar do câmbio desfavorável, continuaram em expansão. Em menor escala, a pequena melhora da massa salarial
também contribuiu para incrementar o consumo de bens semi e
não-duráveis (alimentos, remédios, vestuário e outros).
Apesar da recuperação discreta,
o resultado de novembro ficou
abaixo das expectativas do mercado -de alta de 0,8% a 1,8%. E
torna ainda mais difícil a possibilidade de o PIB crescer os 2,6%
projetados pelo Banco Central.
Seu presidente, Henrique Meirelles, havia falado, anteontem, em
"clara recuperação" da economia
no quarto trimestre para compensar a retração de 1,2% do PIB
no terceiro, mas os números de
ontem ameaçam seu otimismo.
"Com o dado de novembro, o
crescimento do PIB em torno de
2,6%, projetado pelo BC no relatório de mercado, fica cada vez
mais comprometido", disse Solange Srour, economista da administradora de recursos Mellon.
Para ela, o dado do IBGE será levado em conta pelo Copom na
hora de fixar a taxa de juro, já que
o otimismo do BC em relação à
retomada do nível de atividade
não tem se confirmado. Ou seja: o
BC pode acelerar o corte da Selic.
Para Sales, do IBGE, o fato de a
indústria ainda viver um período
de ajuste de estoques, que continuam elevados, impede um
maior reaquecimento do setor.
Foi justamente a frustração da expectativa de vendas em alta que
fez as indústrias acumularem estoques, o que provocou a freada
da indústria em setembro, da qual
o setor ainda não se recuperou.
Consumo
Além disso, o economista do IBGE ressalta que há "uma desaceleração do consumo" especialmente de bens duráveis em razão do
arrefecimento da oferta de crédito
e do limite da capacidade de endividamento das famílias. Tal movimento se refletiu nos números do
IBGE: a produção de duráveis
(eletrodomésticos e automóveis)
caiu 1,4% de outubro para novembro com o ajuste sazonal.
A retração foi provocada principalmente pela queda na fabricação de eletrodomésticos da linha
branca (-9,7% na comparação
com novembro de 2004) e de celulares (23,4%). No caso dos eletrodomésticos, diz, a valorização
do real também ampliou a concorrência dos importados com
produtos feitos no Brasil, o que
prejudicou as fábricas brasileiras.
Por outro lado, cresceu a produção de bens intermediários
(0,2%) e de semi e não-duráveis
(0,5%) de outubro para novembro, que só não teve um desempenho melhor por causa da queda
no refino de petróleo e álcool
(1,5%), provocada pela entressafra rigorosa de cana-de-açúcar,
que fez subir os preços do álcool e
reduzir a oferta do produto.
Os bens de capital (máquinas e
equipamentos) tiveram, porém, o
melhor desempenho de novembro -alta de 2,2% ante outubro.
Em nenhuma das três categorias,
no entanto, os resultados positivos compensam as quedas de setembro ou outubro.
Apesar da retração em novembro, o crédito assegurou a liderança de bens duráveis, no acumulado do ano -um aumento de
11,2%. O pior desempenho ficou
com bens intermediários -crescimento de 1%.
No acumulado do ano até novembro, os destaques positivos
foram veículos (6,9%), indústria
extrativa (10,3%) e aparelhos e
equipamentos de comunicação
(14,7%). Já siderurgia, com queda
de 2,4%, puxou a produção da indústria para baixo.
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