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Agências se reestruturam
Fischer muda comando e corta atendimento
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Grandes agências de publicidade iniciaram um processo de reestruturação de seus negócios nos
últimos meses buscando o óbvio:
melhorar sua relação com os
clientes.
E estão radicalizando: a Fischer
America, com escritório em nove
países e quase R$ 700 milhões em
receita anual, troca hoje de comando e acabou com a área de
atendimento da empresa- um
dos pilares da operação, sustentada ainda nos segmentos de planejamento, mídia e criação.
Fez isso por, basicamente, uma
razão: percebeu que existiam falhas internas na interface entre o
cliente e a agência - algo que é de
responsabilidade dos profissionais da área de atendimento.
Serão as duplas de criação que
passarão a fazer esse trabalho a
partir de agora, de forma a se
aproximar mais do cliente e ouvir
da boca dele o que ele quer.
"Não pode haver falhas nessa
intermediação, e aí é que está o
problema. O que as empresas
mais reclamam hoje é que as
agências não criam coisas relacionadas com o que o cliente deseja.
Isso é básico e é a maior crítica ao
negócio da publicidade hoje",
afirmou ontem Antonio Fadiga, o
novo presidente da Fischer, que a
partir de agora ocupa a vaga de
Eduardo Fischer.
"Isso não é um ataque à área de
atendimento. O dia-a-dia é cruel e
sobrecarrega essa turma que precisa não só fazer toda a intermediação do cliente, verificar o que
ele quer e ainda a gerir os trabalhos e a produção da agência",
completa.
Ao acabar com a área de atendimento, pelo menos metade dos 12
funcionários do segmento foram
demitidos.
Mccann
Há cerca de dois meses foi a vez
da americana Mccann Erickson
-grupo de R$ 850 milhões de faturamento e dona de contas como
General Motors e Colgate- iniciar um processo de reestruturação. Admitiu que era preciso ser
"líder em inovação", que precisava ser "mais permeável às idéias
dos jovens profissionais do setor". A empresa mudou o comando e reformulou a casa.
Com a intenção de mexer nas
estruturas para "romper com um
modelo", diz Fadiga, foi preciso
ver lá fora que sistema as agências
no mundo usam. Ele visitou agências inglesas e americanas no final
de 2005. Por aí, para especialistas,
implica dizer que as agências brasileiras parecem estar atrasadas
nesse processo de reformulação
de seus negócios em comparação
com outros países.
Acreditar nesse "atraso" esbarra num problema delicado dentro
do setor: os custos e os ganhos das
agências. Toda empresa de publicidade recebe o chamado BV (Bônus de Veiculação), e é isso que
mantém boa parte das agências
de pé. Se uma agência compra um
gordo pacote numa emissora de
TV para um cliente, a emissora
paga esse BV para a agência como
uma espécie de "gratidão" pelo
volume de mídia comprado. É
bom para a empresa de comunicação e para a agência, que embolsa o dinheiro. O BV está no código de normas do setor.
A questão é que os modelos já
implantados há anos na publicidade mundial tira da agência exatamente a área responsável por
essa negociação do BV. Lá fora,
quem faz isso é uma empresa especializada que compra e revende
o espaço diretamente para o
anunciante. Se isso acontece no
Brasil, a fonte seca. No exterior,
por causa disso, as agências estão
se transformando cada vez mais
em "empresas criativas", que vendem o serviço de criação, basicamente. É aí que a situação complica: no país, as agências resistem a
esse modelo.
A decisão da Fischer de acabar
com o atendimento é parte desse
processo de reestruturação das
agências, que ainda esbarra na
prática do bônus de veiculação.
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