São Paulo, quinta-feira, 11 de janeiro de 2007

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Petróleo perde 11,5% no ano e vai a US$ 54

Analistas dizem que desvalorização é movimento pontual e que cotação deverá voltar para o terreno dos US$ 60 ao longo do ano

Demanda deve manter elevação em ritmo maior que a oferta, em razão do longo período de crescimento mundial


CLÁUDIA TREVISAN
DA REPORTAGEM LOCAL

A queda de 11,5% na cotação do petróleo desde o início do ano é um movimento pontual, fruto do inverno brando no hemisfério Norte e de vendas de fundos de investimentos que apostavam em forte valorização do produto. O horizonte dos analistas para 2007 continua a ser de preço alto, próximo de US$ 60 o barril.
O petróleo caiu ontem pelo terceiro dia consecutivo, para US$ 54,02, uma desvalorização de 2,91%. Se for considerado o recorde de US$ 78,40 alcançado no fim de julho, a desvalorização já é de 31%.
A queda de ontem foi provocada pelo aumento acima do esperado dos estoques de combustíveis nos EUA, onde diminuiu a demanda de óleo para aquecimento. Além disso, houve fortes rumores de que "hedge funds" estavam se desfazendo de posições nesse mercado.
Os analistas não vêem a cotação se aproximando dos US$ 70 de novo, mas alertam que os "fundamentos" que pressionam os preços continuam os mesmos. E a base desses "fundamentos" é a mais trivial lei econômica: a demanda aumenta em ritmo mais veloz que o da expansão da oferta.
"Na segunda metade de 2007, o petróleo voltará a estar acima de US$ 60 e poderá chegar ao fim do ano em US$ 65", afirma Bart Melek, economista-sênior da BMO Capital Markets, empresa de consultoria norte-americana.
Mas, no curto prazo, Melek não descarta um cenário em que o preço caia abaixo de US$ 50. Em sua opinião, isso poderá ocorrer se os integrantes da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) não reduzirem logo sua produção. "Em algum momento eles vão implementar essa decisão."
Fabiana D'Atri, analista da consultoria Tendências, vê a queda de preços como um movimento especulativo, que será revertido. "Nossa previsão é de preço médio de US$ 60 ao longo do ano." A mesma posição é defendida por Luiz Caetano, do Banif Investment Bank. "Essa queda não é uma tendência de longo prazo", ressalta.
Os fatores citados para sustentar essas previsões são: 1) a economia mundial vai continuar a crescer; 2) o crescimento dos Estados Unidos, maior consumidor de petróleo do mundo, deve acelerar no segundo semestre; 3) a China, segundo maior consumidor, manterá uma velocidade de expansão em torno de 10%.
O inverno menos rigoroso nos EUA e na Europa é um fator conjuntural, que não vai mudar a tendência de longo prazo de alta da demanda. Na outra ponta, a oferta cresce em ritmo mais lento e está concentrada em regiões instáveis, como o Oriente Médio, o que aumenta a volatilidade de preços.
O aumento da demanda vem pressionando os preços do petróleo desde 2003, quando o barril estava em US$ 31. No ano seguinte, a cotação média ficou em US$ 41,4. Em 2005, saltou para US$ 56,4. No ano passado, alcançou US$ 65,7.
Não por acaso, a alta coincide com o período de forte expansão da economia mundial, em especial da China, que deixou de ser exportador líquido de petróleo para se transformar no segundo maior importador.


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