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Petróleo perde 11,5% no ano e vai a US$ 54
Analistas dizem que desvalorização é movimento pontual e que cotação deverá voltar para o terreno dos US$ 60 ao longo do ano
Demanda deve manter elevação em ritmo maior que a oferta, em razão do
longo período de crescimento mundial
CLÁUDIA TREVISAN
DA REPORTAGEM LOCAL
A queda de 11,5% na cotação
do petróleo desde o início do
ano é um movimento pontual,
fruto do inverno brando no hemisfério Norte e de vendas de
fundos de investimentos que
apostavam em forte valorização do produto. O horizonte
dos analistas para 2007 continua a ser de preço alto, próximo
de US$ 60 o barril.
O petróleo caiu ontem pelo
terceiro dia consecutivo, para
US$ 54,02, uma desvalorização
de 2,91%. Se for considerado o
recorde de US$ 78,40 alcançado no fim de julho, a desvalorização já é de 31%.
A queda de ontem foi provocada pelo aumento acima do esperado dos estoques de combustíveis nos EUA, onde diminuiu a demanda de óleo para
aquecimento. Além disso, houve fortes rumores de que "hedge funds" estavam se desfazendo de posições nesse mercado.
Os analistas não vêem a cotação se aproximando dos US$ 70
de novo, mas alertam que os
"fundamentos" que pressionam os preços continuam os
mesmos. E a base desses "fundamentos" é a mais trivial lei
econômica: a demanda aumenta em ritmo mais veloz que o da
expansão da oferta.
"Na segunda metade de
2007, o petróleo voltará a estar
acima de US$ 60 e poderá chegar ao fim do ano em US$ 65",
afirma Bart Melek, economista-sênior da BMO Capital Markets, empresa de consultoria
norte-americana.
Mas, no curto prazo, Melek
não descarta um cenário em
que o preço caia abaixo de US$
50. Em sua opinião, isso poderá
ocorrer se os integrantes da
Opep (Organização dos Países
Exportadores de Petróleo) não
reduzirem logo sua produção.
"Em algum momento eles vão
implementar essa decisão."
Fabiana D'Atri, analista da
consultoria Tendências, vê a
queda de preços como um movimento especulativo, que será
revertido. "Nossa previsão é de
preço médio de US$ 60 ao longo do ano." A mesma posição é
defendida por Luiz Caetano, do
Banif Investment Bank. "Essa
queda não é uma tendência de
longo prazo", ressalta.
Os fatores citados para sustentar essas previsões são: 1) a
economia mundial vai continuar a crescer; 2) o crescimento dos Estados Unidos, maior
consumidor de petróleo do
mundo, deve acelerar no segundo semestre; 3) a China, segundo maior consumidor,
manterá uma velocidade de expansão em torno de 10%.
O inverno menos rigoroso
nos EUA e na Europa é um fator conjuntural, que não vai
mudar a tendência de longo
prazo de alta da demanda. Na
outra ponta, a oferta cresce em
ritmo mais lento e está concentrada em regiões instáveis, como o Oriente Médio, o que aumenta a volatilidade de preços.
O aumento da demanda vem
pressionando os preços do petróleo desde 2003, quando o
barril estava em US$ 31. No ano
seguinte, a cotação média ficou
em US$ 41,4. Em 2005, saltou
para US$ 56,4. No ano passado,
alcançou US$ 65,7.
Não por acaso, a alta coincide
com o período de forte expansão da economia mundial, em
especial da China, que deixou
de ser exportador líquido de
petróleo para se transformar
no segundo maior importador.
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