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Controladores porão US$ 2 bi em nova tele
Jereissati e Sérgio Andrade devem ficar com 51% das ações com direito a voto após aquisição da Brasil Telecom pela Oi
Argumento de que teles estrangeiras atuando no Brasil têm quase monopólio em seus países de origem sensibilizou presidente Lula
GUILHERME BARROS
COLUNISTA DA FOLHA
Os empresários Sérgio Andrade, da Andrade Gutierrez, e
Carlos Jereissati, da La Fonte,
vão injetar US$ 1 bilhão cada no
capital da Oi (ex-Telemar) para
a concretização da compra da
Brasil Telecom (BrT). Será uma
quantia quase três vezes superior aos US$ 350 milhões que
cada um desembolsou na privatização da tele, há dez anos.
Depois de dois meses de negociações, com o envolvimento
direto de membros do governo,
a Oi praticamente selou na segunda-feira, em acordo verbal,
sem que nenhum documento
tenha ainda sido assinado, a
compra da Brasil Telecom por
R$ 4,8 bilhões. Pelo acerto, a
Andrade Gutierrez e a La Fonte
tornam-se controladores da
nova empresa, com 51% das
ações ordinárias (com direito a
voto). Os dois terão -cada
um- 10% do capital total.
A aquisição obrigará um
rearranjo societário na nova
empresa. Ficou acertado, no
negócio, que deixarão de ser
acionistas o Citigroup, que tem
participação relevante na BrT,
a GP, que pertencia ao bloco de
controle da Oi, e o Opportunity,
que também possuía fatia no
capital das duas teles. O
BNDES e os fundos de pensão
Previ, Funcef e Petros continuarão com participação, menor, na nova empresa.
O negócio só foi concretizado
por intervenção direta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da ministra-chefe da Casa
Civil, Dilma Rousseff. Havia
fortes resistências à operação
do ministro das Comunicações,
Hélio Costa, e de alguns setores
da Previ, que queriam manter
influência na tele. Já o presidente da Previ, Sérgio Rosa,
não impôs muita resistência.
Para o negócio ser concretizado, será necessário decreto
do presidente Lula alterando
o decreto 2.534/98, que aprovou o Plano Geral de Outorgas. O decreto determina que,
se uma concessionária adquirir outra, terá que abrir mão
de sua concessão original em
até seis meses.
Lula já teria concordado com
a possibilidade de mudar o decreto, o que deve ser feito nas
próximas semanas. O objetivo
de Lula, ao dar o sinal verde para o negócio, seria criar uma
grande empresa nacional para
competir com gigantes mundiais do setor como a mexicana
Telmex, de Carlos Slim -que
no Brasil controla a Claro-, e a
espanhola Telefónica. A Telecom Italia, que controla a TIM,
deixou recentemente a BrT e
estava fora da disputa.
O principal argumento que
convenceu Lula a apoiar o negócio foi o fato de essas empresas internacionais serem praticamente monopolistas em seus
países. Ele recebeu estudos
mostrando que os preços praticados por elas, principalmente
a Telmex, estão muito acima
das tarifas do Brasil.
Os novos controladores já
chegaram a algumas conclusões sobre a nova empresa.
Como se trata de aquisição,
deve mesmo se chamar Oi -o
nome Brasil Telecom deve desaparecer. A presidência será
ocupada por Luiz Eduardo
Falco, que já é o principal executivo da Oi.
O atual presidente da Brasil
Telecom, Ricardo Knoepfelmacher, é muito próximo tanto
de Jereissati como de Sérgio
Andrade. Ele já trabalhou com
ambos, e os dois empresários
irão convidá-lo para ficar numa
função estratégica para a nova
companhia. O executivo Octávio Azevedo, da Andrade Gutierrez, é o nome mais cotado
para presidir o conselho de administração da nova empresa.
O negócio entre a Oi e a BrT
ainda é nebuloso no que se refere a seus reflexos para os
acionistas minoritários. Para
Edison Garcia, superintendente da Amec (Associação de Investidores no Mercado de Capitais), ainda não se sabe qual é
exatamente o desenho da operação. "O que pedimos é que
haja transparência. É preciso
que as companhias envolvidas
sejam mais claras sobre a operação."
Colaborou a Reportagem Local
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