São Paulo, sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

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Para bancos, setor deve afetar avanço nos EUA

DA REPORTAGEM LOCAL
DA REDAÇÃO

O Instituto de Finanças Internacionais (IIF, na sigla em inglês), que reúne os maiores bancos do mundo, afirmou em relatório ontem que será o setor financeiro, e não o mercado imobiliário, que deverá afetar o crescimento econômico dos EUA neste semestre.
Para a entidade, os bancos comerciais devem responder às perdas recentes com investimentos em títulos ligados a hipotecas "subprime" (para pessoas com histórico ruim de pagamento) assumindo em seus balanços prejuízos dos quais antes eles não assumiam crédito. Além disso, ela prevê mais cautela nos gastos por parte de empresas e domicílios.
Segundo o IIF, a crise do mercado imobiliário, centro das preocupações em relação ao futuro da economia americana, deve se intensificar neste ano, mas não tão "dramaticamente" como em 2007.
Apesar das preocupações, a entidade dos bancos diz acreditar que uma recessão nos Estados Unidos "não é o cenário mais provável" para este ano. Ela estima, no entanto, uma desaceleração, com o PIB (Produto Interno Bruto) crescendo 2,1% no ano, ante 2,9% no ano passado.
De acordo com o organismo, três fatores deverão impedir um período de recessão nos EUA: a continuidade da política de corte de juros pelo Fed (Federal Reserve, o banco central americano), a "relativa boa forma" do setor corporativo e o aumento das exportações das empresas do país.
A crise dos bancos também é apontada como o principal motivo para a desaceleração da zona do euro. As instituições financeiras da região, diz o IIF, foram "provavelmente as mais atingidas de todas [pela crise] e isso tem se refletido no aperto das condições de empréstimo". A estimativa é que os países que usam a moeda européia crescerão 2,2% neste ano -avanço 0,5 ponto percentual inferior ao projetado para 2007.
Pelas previsões da entidade, a economia mundial deve voltar a se acelerar no segundo semestre deste ano. No entanto, ela pede maiores cortes nos juros para os bancos centrais dos países ricos, assim que eles "se sentirem confiantes de que o pior já passou". Afirmou ainda que a inflação é uma das grandes preocupações neste ano.

Brasil
Para o Brasil, o IIF prevê um crescimento de 4,7% neste ano, abaixo dos 5,3% estimados para 2007 como um todo e inferior aos 6,9% projetados para os países emergentes -a China, por exemplo, deve se expandir em 10,5% neste ano. Ele atribui a redução aos efeitos da desaceleração na economia mundial, associado possivelmente ao fim do processo de cortes nos juros brasileiros, com o objetivo de conter a escalada nos preços.
De acordo com o IIF, a inflação subiu na América Latina devido ao crescimento robusto das economias pelo quarto ano seguido, o que teria diminuído a diferença entre a oferta e a demanda de produtos, colaborando para pressionar os preços. A previsão é que a inflação ao consumidor brasileiro, medida pelo IPCA, fique em 4,5% neste ano, após uma alta estimada em 4,2% em 2007.
"A demanda doméstica continuará sendo o principal condutor do crescimento, mesmo em um ritmo reduzido", diz o IIF. O organismo afirma ainda que o Brasil terá déficit em transações correntes, conta que mede a negociação de bens e serviços com o exterior, sem precisar um montante.


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