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BCs temem nova bolha de crédito e condenam excesso de otimismo
Grupo não consegue definir lista de instituições mais visadas, que deverão ter regras mais rígidas
LUCIANA COELHO
ENVIADA ESPECIAL A BASILEIA
Mal passou o pior da crise e
os presidentes dos principais
bancos centrais já mostram
preocupação com o otimismo
exagerado do mercado e o risco
de uma bolha de crédito, como
a que causou o colapso de 2008.
Outra vez, o perigo vem dos
EUA. E do excesso de dólares.
Trancados na sede do BIS
(Banco para Compensações Internacionais, o BC dos BCs), na
Basileia, em uma maratona de
reuniões no fim de semana, os
banqueiros concluíram que
embora a recuperação esteja
correndo melhor do que o esperado, o sistema continua frágil.
"A situação em geral está melhor do que poderíamos pensar
há algum tempo. Os bancos
conseguem levantar capital,
aumentaram a lucratividade
bem como sua liquidez", ponderou Mario Draghi, do BC italiano. "Ao mesmo tempo, há
uma fragilidade substancial."
Como sinais, citou a dependência das medidas de estímulo ainda em curso, cuja retirada
terá de ser cautelosa, e a consequente necessidade futura de
financiamento dos governos. O
inchaço dos deficits orçamentários é uma preocupação crescente, sobretudo na Europa.
Mas é para os EUA que está
voltada a atenção maior. A
combinação de baixos juros e
alta liquidez produz um dejá-vu pré-crise, em que dinheiro
barato começa a alimentar um
crescimento insustentável no
mercado de ações e de imóveis.
Segundo outra autoridade
presente, o tema foi o mais discutido ontem. E o risco mais temido é para outros países -sobretudo emergentes, que
atraem dólares enquanto a economia americana rateia.
A reunião rendeu ainda desconforto a seus convidados
ilustres: os diretores de alguns
dos principais bancos privados
(não se divulgou nomes). Uma
prioridade dos BCs é criar medidas que reduzam o estrago
causado pela quebra de instituições "sistemicamente importantes" -e evitar o dominó
iniciado em 2008 pela quebra
do banco Lehman Brothers.
O problema é que a lista dessas instituições, sobre as quais
se aplicaria regras mais estritas, deveria estar pronta no fim
de 2009. Até agora, segundo
Draghi, não se chegou nem aos
critérios para esboçá-la.
"Se estivéssemos falando só
de instituições grandes, seria
fácil definir, mas não é o caso."
Indagado pela Folha se haverá
nomes na lista -as instituições
temem o estigma-, ele respondeu que sim. "Mas é cedo. O
importante é definir critérios",
completou, dizendo que isso é
esperado para outubro.
Segundo fontes, há oposição
no grupo à lista. As medidas devem ser uma versão mais rígida
daquelas definidas em setembro para melhorar a regulação
-exigência maior de liquidez e
limite de alavancagem.
O grupo criou um cronograma de revisões dos membros
para avaliar países e medidas
específicas. Assim, espera-se
incentivar instituições fora do
grupo a aplicarem essas regras.
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