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Lucro da Vale recua 52% em 2009, na 1ª queda em 7 anos
Sob efeito da crise global, companhia registra ganho de R$ 10,2 bi, o pior resultado desde 2004
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Em um dos piores anos de
sua história, a Vale registrou lucro líquido de R$ 10,249 bilhões em 2009, o menor desde
2004 -R$ 6,46 bilhões. Na
comparação com 2008, quando
o resultado havia sido mais que
o dobro (R$ 21,3 bilhões), houve retração de 52%. Foi a primeira queda anual do lucro da
companhia desde 2002.
No último trimestre de 2009,
o resultado também veio pior: a
Vale lucrou R$ 2,629 bilhões,
13% menos do que os R$ 3 bilhões do terceiro trimestre.
Apesar da reação do mercado
no segundo semestre de 2009,
impulsionado principalmente
pela China, o faturamento da
Vale caiu 32% no ano passado,
para R$ 49,8 bilhões. Com a crise, o país asiático passou a representar 36% das vendas da
Vale -em 2008, o percentual
era de 18%.
Para a Vale, 2009 "foi um ano
de grande desafios derivados da
grande recessão", que levou a
um "raro episódio de contração
da economia global" e afetou o
desempenho da companhia.
Não fosse o efeito positivo da
valorização do real, os números
da Vale seriam piores: o câmbio
rendeu resultado positivo de
R$ 1,6 bilhão em 2009, ao gerar
ganhos em operações com derivativos e redução do endividamento em dólar da companhia.
Em 2010, porém, os recordes
negativos da Vale vão dar lugar
a números melhores. Lucro e
faturamento crescerão com
força, estimam analistas, na esteira da retomada de outros
mercados siderúrgicos fora da
China -como Japão, Brasil e,
mais lentamente, Europa- e
principalmente de um reajuste
previsto de 30% a 40% do minério de ferro. Tal cenário, se
confirmado, vai contrastar com
a redução de 22% nas exportações da mineradora em 2009
-para US$ 13,7 bilhões.
"O ano de 2010 será bem melhor para a Vale, com perspectiva de alta do preço e dos volumes vendidos de minério de
ferro", prevê o analista Marcos
Assumpção, da Itaú Corretora.
A companhia vai colher ainda os frutos da aquisição, por
US$ 4,2 bilhões, da Fosfertil e
de minas de fosfato, que marcou a entrada efetiva da companhia na área de fertilizantes.
Com o negócio, a mineradora
passa a ter fatia maior da sua
receita atrelada ao consumo
-no caso, de produtos agrícolas- e se torna menos dependente tanto da China como de
investimentos em infraestrutura (que usam aço), os primeiros a acusarem o golpe de uma
crise, avalia Cristiane Vianna,
analista da corretora Ágora.
Para Pedro Galdi, da SLW, a
compra da Fosfertil atende, de
certo modo, à pressão do governo federal por mais investimentos no setor -o Brasil importa quase 90% dos fertilizantes que utiliza. Mas, diz, foi "um
bom negócio" ao permitir a diversificação à companhia.
Em 2009, a Vale ampliou a
sua participação em duas novas
siderúrgicas em construção no
país, também em resposta à
pressão do governo.
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