São Paulo, Quinta-feira, 11 de Março de 1999
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AMÉRICA LATINA
Greve geral deixa pelo menos 6 feridos e 100 presos; indústrias perdem US$ 80 milhões por dia
Equatorianos protestam contra emergência

France Presse
Manifestante equatoriano joga coquetel Molotov em policial, durante protesto pelos feriados bancários


das agências internacionais

O primeiro dia de greve geral do Equador deixou pelo menos seis pessoas feridas e cerca de cem detentos, segundo o ministro do Interior do país, Vladimiro Alvarez.
Um dos sindicatos mais importantes do Equador, a Frente Patriótica (FP), contesta os números e diz que houve um estudante morto e 30 manifestantes feridos.
A paralisação, que começou ontem e deve estender-se até hoje, pretende pressionar o governo pela deterioração da economia do país, que enfrenta a pior crise em 70 anos.
O presidente do Equador, Jamil Mahuad, que está no poder há sete meses, tem recebido duras críticas de vários segmentos da sociedade por sua decisão de estender o feriado por mais dois dias (ontem e hoje) e decretar estado de emergência no país para tentar conter a greve geral.
"As medidas adotadas pelo governo, como a decretação de estado de emergência e do feriado ontem e hoje, não têm criado impedimentos para o êxito do protesto", afirmou Luis Villacis, integrante da FP.
A Associação de Bancos Privados do Equador (ABPE) e os líderes das associações de produção e comércio também se manifestaram contrários às determinações de Mahuad.
Muitos já haviam criticado o presidente pelo feriado de segunda e terça-feiras desta semana.
"É preciso trabalhar para gerar riqueza. A pobreza não se combate com descansos obrigatórios nem com paralisações", afirmou um dirigente empresarial da ABPE.
Para ele, os feriados bancários decretados pelo presidente estão afetando as transações com o comércio internacional.
Segundo Joaquín Zevallos, presidente da Federação da Câmara de Comércio do país, os setores produtivos devem deixar de ganhar cerca de US$ 80 milhões por dia de paralisação.
A ministra das Finanças, Ana Lucia Armijos, disse anteontem que o governo está considerando a hipótese de criar um conselho da moeda ("currency board"), passando a atrelar o sucre ao dólar. O novo pacote deve ser divulgado hoje.
A crise no Equador tem se agravado nas últimas semanas, sobretudo com a desvalorização do sucre, a moeda local.
Segundo interpretações de órgãos do governo, a fraqueza da moeda é decorrente de especulações em razão do novo esquema de flutuações de câmbio, que entrou em vigor no dia 12 de fevereiro deste ano.
A insatisfação da população com o governo de Mahuad começou com a suspensão de vários subsídios e com a criação de imposto sobre a circulação de capital pormeio de operações bancárias.


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