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INVESTIMENTO
Se produção de minério cair, rentabilidade do papel pode ser menor; prazo para reservar títulos vai até sexta
Guerra do aço poderá afetar ações da Vale
SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL
A guerra do aço, declarada pelos
EUA com o aumento de até 30%
nas tarifas de importação de produtos siderúrgicos, poderá respingar na Vale do Rio Doce. A
empresa é a maior produtora de
minério de ferro do mundo e fornece matéria-prima para siderúrgicas locais e internacionais.
Se você vai investir em ações da
Vale, com recursos do FGTS ou
dinheiro próprio, fique atento aos
desdobramentos dessa briga. O
prazo para reservar a compra dos
papéis termina nesta sexta-feira.
O impacto do bombardeio tarifário americano poderá ocorrer
tanto sobre os preços como sobre
o volume de produção do minério
de ferro.
"Se as siderúrgicas tiverem que
diminuir a produção, cairá a demanda no setor de mineração em
todo o mundo", observa José Antonio Paiva Filho, analista da Lopes Filho Associados. Isso afetaria
a rentabilidade da Vale e a cotação
das suas ações.
Por isso, Paiva recomenda cautela a quem vai investir em ações
da companhia com recursos próprios ou usando parte do FGTS.
"Tudo depende do prazo do investimento. Se for para aplicar
por pelo menos dois anos, é possível que o impacto da crise do aço
se dilua nesse tempo", observa o
analista. Segundo Paiva, se o investidor for precisar do dinheiro
dentro de um ano, corre o risco de
ver o preço da ação cair.
Segundo um analista desse mercado, ainda não se pode avaliar
claramente os danos da guerra do
aço para a mineração. "As negociações entre as siderúrgicas e as
mineradoras estão começando."
A crise do aço só reforça a necessidade de o investidor munir-se do máximo de informações sobre a operação e o mercado de
ações, antes de qualquer decisão.
Os próprios bancos que participam da venda dos papéis da Vale
alertam para o risco do investimento.
"Ação valoriza, mas pode desvalorizar. Ação é um investimento de risco", diz o Bradesco em
seu site. O alerta, porém, não
consta no folheto distribuído aos
investidores nas agências.
Para quem ainda tem dúvidas
sobre investir ou não em ações da
Vale, o site financeiro igFinance,
em parceria com o banco ABN
Amro, faz uma simulação.
Segundo cálculos feitos pelo simulador, se em agosto de 2000,
quando as ações da Petrobras foram compradas pelos trabalhadores com recursos do FGTS, também tivessem sido colocadas à
venda as ações da Vale, quem investisse R$ 5.000 na mineradora
teria sacado no final de fevereiro
deste ano R$ 6.055,06, com ganho
de 21,10%. Já o FGTS teria rendido, no período, apenas 7,9%.
Próximas etapas
Após o encerramento do prazo
para a reserva de ações, será definido o preço que o investidor pagará pelas ações ordinárias. O
preço será estabelecido tomando
por base a cotação da ação ordinária na Bolsa de Valores de São
Paulo e a média ponderada das
ofertas recebidas de investidores
institucionais brasileiros e internacionais ("bookbuilding")
A data do "bookbuilding" ainda
não está fechada, mas deverá
ocorrer na semana de 18 a 23 deste
mês, segundo Marconi Maciel,
gerente da divisão da área de distribuição para o varejo do Banco
do Brasil, instituição que coordena a operação.
Na semana seguinte (25 a 29), os
bancos entregarão os recursos
captados ao BNDES, que repassará as ações aos bancos para serem
alocadas nos fundos de investimentos.
Segundo Marconi, os fundos
que estão recebendo aplicações
com recursos próprios poderão
ter um pequeno diferencial de
rentabilidade, pois já estão aplicando os recursos em títulos de
renda fixa. "No dia da liquidação
financeira da operação, eles venderão esses títulos para adquirir
as ações", explica. Até lá, acumularão o rendimento dos títulos.
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