São Paulo, quinta-feira, 11 de março de 2004

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CRESCIMENTO EM XEQUE

Produção está estabilizada há três meses, diz o IBGE

Reação da indústria perde o fôlego

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Depois de cair em dezembro, a produção da indústria voltou a subir em janeiro -0,8% na comparação com o mês anterior, descontados fatores sazonais (típicos de cada período). O setor cresce mais do que no início de 2003, mas numa velocidade menor do que a registrada entre julho e novembro do ano passado.
"A reação [da indústria] começou muito forte, mas perdeu fôlego. Há, desde novembro, uma estabilização no nível de produção", disse Silvio Sales, chefe da Coordenação de Indústria do IBGE.
Em relação a janeiro de 2003, o crescimento da indústria foi de 1,7%. Em dezembro de 2003, a produção havia caído 1%.
Na análise do IBGE, a produção da indústria, depois da recuperação em meados do ano passado, praticamente se estabilizou nos últimos três meses. Segundo Sales, não há, neste momento, um cenário de forte expansão.
Segundo a consultoria Global Invest, apesar de positivo, o resultado de janeiro não deve ser comemorado, pois foi constituído basicamente sobre os setores voltados à exportação e à agropecuária, que foram os pilares de sustentação da economia brasileira em 2003, mas insuficientes para evitar a queda de 0,2% do PIB.
Apesar do crescimento em janeiro, a indústria registra alta de apenas 0,2% no acumulado dos últimos 12 meses. Em 2003, o setor teve expansão de 0,3%.
Um dado positivo apresentado ontem pelo IBGE é que a produção de bens não-duráveis (alimentos, bebidas, vestuário etc.) cresceu pela primeira vez desde setembro. Houve alta de 2,2% em relação a dezembro na comparação com ajuste sazonal.
O crescimento de janeiro, porém, foi liderado, mais uma vez, por bens duráveis (expansão de 3% ante dezembro) e bens de capital (4,5%). O primeiro foi beneficiado pela redução dos juros ao longo de 2003 e pelo conseqüente aumento da oferta de crédito.
Segundo Sales, os cortes de juros realizados pelo Banco Central em 2003 estão fazendo efeito agora sobre o consumo de bens duráveis. Com mais financiamentos, cresceu a produção de eletrodomésticos (alta de 11,7%) e automóveis (14,4%) na comparação com janeiro de 2003.
No caso dos veículos, as exportações também ajudaram o segmento. Já a produção dos bens de capital (máquinas e equipamentos) subiu devido às maiores encomendas do setor agrícola.


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