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TROCA
Presidente do órgão deve sair do cargo, para o qual tinha sido apontado até 2007; gestão foi marcada por polêmicas
Cantidiano deixará a CVM; ex-diretor deve ser o substituto
GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.
Luiz Leonardo Cantidiano, 53,
deixará o cargo de presidente da
CVM (Comissão de Valores Mobiliários). Seu substituto deverá
ser o advogado carioca Marcelo
Fernandez Trindade, 39.
O nome de Trindade deverá ser
confirmado nos próximos dias.
Ao deixar a CVM, Cantidiano
abre mão de um mandato de cinco anos -renovável por mais
cinco-, que se encerraria em
2007. Ele assumiu a CVM em 15
de julho de 2002, após ser indicado pelo então ministro da Fazenda, Pedro Malan.
Trindade é graduado em direito na PUC do Rio de Janeiro, onde
também leciona e já foi diretor da
CVM, no período entre dezembro
de 2000 e abril de 2002. Ele saiu
pouco antes da nomeação de
Cantidiano. Atualmente, Trindade atua em um escritório no Rio
de Janeiro.
A troca de comando na CVM
atende a um pedido do próprio
Cantidiano. Envolto em polêmica, ele já há algum tempo vinha
manifestando insatisfação no cargo. Chegou a comentar a amigos
que deixaria o cargo no final do
ano passado.
Desde 2001, corre na CVM inquérito para apurar denúncia de
remessas ilegais de recursos pelo
banco Opportunity, do qual Cantidiano havia sido advogado. O
inquérito apura um suposto desvio de recursos de clientes do Opportunity para o exterior e a reaplicação ilegal do dinheiro em privatizações no Brasil por fundos de
investimentos registrados nas
Ilhas Cayman (paraíso fiscal).
Passados três anos, o inquérito
ainda não foi julgado.
Cantidiano se defendia dizendo
que, em todos os casos envolvendo o banco, não atuava diretamente. Também negava que o inquérito era conduzido de forma
lenta pela Comissão de Valores
Mobiliários. Segundo o presidente, na sua gestão, todos os inquéritos tinham sido agilizados.
Para reforçar seu argumento,
Cantidiano dizia que as investigações passaram a ser feitas diretamente pela área técnica do órgão,
sem a interferência do colegiado.
Outra polêmica
Cantidiano também conviveu
com outros problemas no atual
governo, como o preenchimento
de dois cargos vagos na diretoria
da CVM.
Ele vetou dois nomes indicados
pelo ministro Luiz Gushiken (Secretaria de Comunicação de Governo e Gestão Estratégica), logo
no início do governo Lula.
O colegiado da CVM é formado
por quatro membros e um um
presidente. Um dos cargos está
vago desde a saída de Marcelo
Trindade. Além disso, Luiz Antônio de Sampaio Campos, outro
diretor da CVM, está demissionário. O novo presidente da entidade deverá nomear pelo menos
dois novos diretores para a CVM.
De acordo com o que a Folha
apurou, além de Cantidiano e de
Sampaio Campos, outro diretor
que também poderá deixar a
CVM é Norma Parente.
Durante o período na qual ela e
Trindade fizeram parte do mesmo colegiado na CVM, os dois tiveram divergências. Na maioria
dos casos julgados pela CVM, os
dois defendiam posições divergentes.
Xerife
A CVM é conhecida como "xerife dos mercados". Entre suas
funções, descritas na página do
órgão na internet, estão: assegurar o funcionamento eficiente e
regular dos mercados de Bolsa e
de balcão; proteger os titulares de
valores mobiliários contra emissões irregulares e atos ilegais de
administradores e acionistas controladores de companhias ou de
administradores de carteira de
valores mobiliários; evitar ou coibir modalidades de fraude ou manipulação destinadas a criar condições artificiais de demanda,
oferta ou preço de valores mobiliários negociados no mercado.
Além disso deve assegurar o
acesso do público a informações
sobre valores mobiliários negociados e as companhias que os tenham emitido e assegurar a observância de práticas comerciais
equitativas no mercado de valores
mobiliários.
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