São Paulo, domingo, 11 de março de 2007

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Falta de opção de investimento infla preço de ação, diz analista

EM XANGAI

Os defensores da tese de que o mercado chinês está imerso em uma bolha afirmam que as ações estão muito caras e terão de passar por uma correção. Os que sustentam a tese oposta dizem que o preço dos papéis reflete a ausência de opções de investimento no país.
O principal indicador usado pelos que vêem uma bolha é a relação entre preço [das ações] e lucro [das companhias], conhecida por P/L. Em tese, quanto mais alto for esse índice, maior será a distância entre o preço da ação e o provável retorno que ela dará ao acionista -e maior será a probabilidade de existência de uma bolha.
Seis dias antes da "terça-feira negra", o analista Gary Dorsch escreveu um artigo no site sirchartsalot.com no qual discutia o surgimento de uma possível bolha nos mercados de Xangai, Tóquio e Londres. "As ações chinesas se tornaram as mais caras da Ásia, sendo comercializadas a um valor 40 vezes superior aos lucros de 2005, comparado a 16 vezes em Hong Kong. A alta relação entre P/L é baseada em uma expectativa de aumento dos lucros de 25% em 2006 e 2007."
Na opinião de Dorsch, o mercado poderá entrar em queda-livre caso os resultados de 2006 das empresas chinesas fiquem muito aquém das expectativas dos investidores.
Michael Pettis, professor de Finanças Internacionais da Escola de Administração da Universidade de Pequim, acredita que o mercado chinês está no topo do que seria uma valorização razoável, mas ainda não mergulhou em uma bolha.
Pettis não considera adequado comparar o P/L da China com o de outros países, em razão das características peculiares do mercado local.
Segundo ele, o alto preço dos papéis é motivado pelas poucas opções de investimentos à disposição dos chineses. A compra de ações é talvez o único caminho rentável para os que tentam fugir da baixa remuneração dos depósitos bancários, inferior a 3% ao ano. Nesse cenário, não é irracional pagar mais pelas ações, desde que elas dêem retorno superior ao proporcionado pelos bancos.
Mas Pettis acredita que há uma "tremenda pressão" na direção de uma bolha e ressalta que o mercado não sustenta outra valorização de 130% neste ano, como a de 2006. (CT)


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