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China tem 1ª deflação ao consumidor desde 2002
RAUL JUSTE LORES
DE PEQUIM
A China teve deflação em fevereiro, de acordo com os índices de preços ao consumidor e
ao produtor divulgados ontem.
Os preços ao consumidor e ao
produtor registraram quedas
de -1,6% e -4,5% respectivamente, em comparação com o
mesmo mês do ano passado.
A inflação dos preços ao consumidor se desacelerou por dez
meses consecutivos e pela primeira vez desde 2002 o número foi negativo. Em janeiro, tinha aumentado 1% em relação
ao mesmo mês do ano passado.
Em fevereiro caiu 1,6%.
A deflação é mais uma prova
da desaceleração da economia
chinesa. Soma a redução do
consumo no país com o excesso
de capacidade produtiva da indústria chinesa, o que deixa as
empresas com pouco poder para reajustar preços.
Os maiores responsáveis pela
queda do IPC chinês foram os
alimentos, que caíram 1,9% e os
preços de imóveis, que caíram
2,9%. O valor dos imóveis não à
venda tiveram uma queda recorde de 15,9%.
"O declínio de preços é preocupante porque expectativas
de deflação fazem com que os
consumidores adiem compras,
resultando em mais pressão
deflacionária", disse à Folha a
economista chinesa Jing Ulrich, diretora de China Equities
do banco JP Morgan.
O temor foi confirmado por
uma pesquisa divulgada ontem
pelo Horizon, o principal instituto de pesquisas da China, que
ouviu 1.042 pessoas em Pequim, Xangai e Guangzhou, as
três maiores cidades chinesas.
Para 56,8% dos entrevistados, os preços dos imóveis continuarão caindo e para 80%, os
preços ainda estão muito altos.
Mais da metade discorda da política do governo em relação ao
mercado imobiliário.
O Índice de Preços ao Produtor continuou em deflação pelo
terceiro mês consecutivo,
-4,5% em relação a fevereiro de
2008. Em janeiro já havia registrado queda de 3,3% em relação
ao ano anterior.
Apesar da recuperação de alguns preços de matérias primas
em janeiro, o mercado continua enfraquecido. Depois de
uma alta em novembro e dezembro, os preços do aço voltaram a cair por quatro semanas
consecutivas por conta de estoques cheios.
Para tentar reduzir temores
de que a desaceleração chinesa
é mais séria do que o governo
admite, o Escritório Nacional
de Estatísticas divulgou uma
rara explicação dizendo que "os
números se devem à queda nos
preços de matérias primas e a
distorções provocadas pelo feriadão do Ano Novo chinês".
No discurso em que abriu o
Congresso do Povo, o Legislativo chinês, na semana passada, o
primeiro-ministro Wen Jiabao
disse que aumentará os preços
de arroz e trigo em 18% para aumentar a renda dos agricultores chineses. Reajustes na
energia e combustíveis, subsidiados, também podem interromper a deflação já no segundo semestre.
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