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GLOBALIZAÇÃO
Em 99 e 2000, fuga de recursos foi maior que investimentos em países em desenvolvimento, diz Banco Mundial
Após uma década de reformas, capital foge de emergentes
MARCIO AITH
DE WASHINGTON
O capital parece não gostar de
reformas econômicas liberais. Poderia ser esse um resumo irônico
do mais recente balanço do Banco
Mundial a respeito dos fluxos internacionais de dinheiro.
Ao longo de uma década de duras reformas financeiras liberais,
privatizações e abertura comercial, os países em desenvolvimento, ou mercados emergentes, passaram a perder capitais numa velocidade substancialmente superior à do ingresso de recursos.
Nos anos 1999 e 2000, o balanço
dos fluxos financeiros, o de entradas e saídas de investimentos de
recursos dos mercados emergentes, entrou no vermelho após registrar saldos positivos entre 1991
e 1998. O documento do Bird, divulgado ontem, é anual e se chama "Financiamento do Desenvolvimento Mundial".
Em 2000, os países em desenvolvimento receberam US$ 299,3
bilhões em empréstimos, investimentos diretos e aplicações em
Bolsas. No mesmo ano, US$ 306,6
bilhões saíram destes países.
Em 1999, entraram US$ 246,2
bilhões e saíram US$ 246,9 bilhões.
Apesar de obviamente relevante, a constatação não faz parte das
principais conclusões oficiais do
relatório. Os dados podem ser localizados numa tabela discreta no
meio do documento.
Alega-se que as reformas liberais a princípio tornariam o ambiente de negócios de um país
mais "amigável", ou seguro, para
o investidor. Isto é, um ambiente
de estabilidade econômica e com
boa capacidade de solvência.
Perspectivas "promissoras"
Para o Bird, a principal conclusão do relatório é a de que, apesar
da perspectiva de uma nova crise
global, o cenário para o futuro é
positivo e os países em desenvolvimento devem aprofundar as reformas.
Segundo a instituição, os investimentos diretos para os países
em desenvolvimento, que persistiram por todos os anos de crise,
tiveram uma pequena queda em
2000, mas suas perspectivas de
longo prazo "continuam promissoras".
O Bird apontou como positivo o
fato de que os fluxos financeiros
(todos os fluxos, não só os investimentos diretos) para estes países,
que tinham caído abruptamente
em 1998 e 1999, voltaram a se intensificar bastante em 2000 e devem manter a mesma tendência
de crescimento em 2001 e 2002.
A instituição faz algumas referências à saída de capitais. Reconhece sua importância, mas salienta seus aspectos supostamente positivos, como o fato de que,
com menos recursos externos, os
países em desenvolvimento têm
menos dívidas e menos riscos.
"O aumento do ingresso de capitais nos países em desenvolvimento durante os anos 90 recebeu
bastante atenção. No entanto, a
saída de capitais também aumentou bastante no período", diz o
documento do Banco Mundial,
sem detalhar o volume e a natureza destas saídas
O Bird reconhece ainda que a
participação dos países em desenvolvimento nos fluxos privados
de capital em todo o mundo caiu
de 14,4%, em 1997, para 7,6% em
2000. E a participação dos países
em desenvolvimento no volume
global de investimentos diretos
caiu de 36,5% para 16% no período.
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