São Paulo, quarta-feira, 11 de abril de 2001

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ENERGIA

David Zylbersztajn diz que índice na cidade chega a 9%, ante 4% em outros lugares; agência terá plano "em breve"

SP tem mais gasolina adulterada, diz ANP

JOÃO SANDRINI
DA FOLHA ONLINE

O diretor-geral da ANP (Agência Nacional do Petróleo), David Zylbersztajn, disse ontem que a cidade de São Paulo apresenta o índice mais crítico de adulteração de combustível no Brasil.
"Em São Paulo, acreditamos que a adulteração atinja entre 8% e 9% do total consumido. Em outros lugares, o patamar é de 4%."
Zylbersztajn disse que a agência não está satisfeita com esses volumes de adulteração e que "em breve" vai lançar um novo programa de combate ao combustível modificado.
Ele não revelou quais seriam as medidas e quando será lançado o plano, mas disse que a estratégia da ANP vai focar a fiscalização nas distribuidoras.
O diretor-geral da ANP afirmou que a agência não possui recursos humanos suficientes para fiscalizar todos os postos do Brasil.

Abafo
Zylbersztajn e o presidente da Petrobras, Henri Philippe Reichstul, tentaram abafar as divergências sobre o compartilhamento do gasoduto Brasil-Bolívia.
A relação entre os executivos azedou porque a ANP deve confirmar parecer anterior em que garante à BG (antiga British Gas) acesso ao gasoduto.
A Petrobras é sócia majoritária do gasoduto e planeja recorrer à Justiça para não ter de atender à agência.
Em parecer preliminar, a ANP havia concedido autorização à BG para o transporte firme de 3 milhões de m3 de gás natural proveniente da Bolívia até o final de 2002. As duas empresas questionaram o parecer.
A BG solicita a extensão do prazo para 2003. A Petrobras se opõe à abertura, sob o argumento de que utilizará toda a capacidade de transporte do gasoduto (30 milhões de m3) até o início de 2003.
Durante seminário realizado ontem na Fiesp, em São Paulo, Zylbersztajn chamou Reichstul de "amigo" e fez questão de lhe dar um abraço. Ele também negou que exista um confronto com o presidente da Petrobras. "Há uma divergência que será resolvida."
O diretor-geral da ANP também disse que sua decisão não vai prejudicar a Petrobras. "Se tiver capacidade, (a BG) terá acesso. Senão, não terá."

Nova proposta
Zylbersztajn também sugeriu que seja possível atender às duas partes aumentando a capacidade do gasoduto de 30 milhões de m3 para 60 milhões de m3.
Reichstul concorda em que a ampliação do gasoduto seja viável economicamente, mas disse que essa obra só seria concluída em 2005 ou 2006.
Ele admitiu que a Petrobras não tem o monopólio do gasoduto, mas lembrou que a empresa entrou com os recursos para sua construção, assumiu "100% do risco cambial do negócio" e ainda emprestou dinheiro para a Bolívia concluir a obra em seu território.
"Todo o risco do negócio foi nosso, e agora que está pronto todo mundo quer entrar."


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