São Paulo, quarta-feira, 11 de abril de 2001

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CONSUMO

Lotes do estoque passam a ter laudo de sanidade
Governo vai eliminar 17.474 sacas de café contaminado por toxina

BRUNO BLECHER
EDITOR DO AGROFOLHA

O Ministério da Agricultura anunciou ontem que vai destruir 17.474 sacas de café dos estoques do governo. O produto está contaminado por ocratoxina, composto tóxico produzido por fungos que, além de causar danos aos rins, pode provocar alguns tipos de câncer.
As análises do café dos estoques foram iniciadas em setembro último, em operação cercada de sigilo. O governo temia que a divulgação pudesse derrubar os preços do café no mercado externo.
Na Europa, os compradores de café rejeitam produtos que apresentem níveis acima de 5 ppb (partes por bilhão) da toxina.
Em novembro último, o Ministério da Agricultura desmentiu notícia publicada pela Folha de que estaria preparando a queima de 400 mil sacas contaminadas. O ministério afirmou que a notícia era "mera especulação, possivelmente com o objetivo de influir nos mercados internacionais".
Documento ao qual a Folha teve acesso, porém, mostrou que a primeira análise, concluída em novembro, indicava que 83 amostras (equivalentes a 400 mil sacas) continham índices de contaminação acima de 5 ppb.
O ministério decidiu realizar uma nova análise, visando identificar com maior precisão as sacas contaminadas para reduzir o volume de café a ser destruído.
Pedro Camargo Neto, secretário de Produção e Comercialização do Ministério da Agricultura, disse que a política agora será de transparência. "O café ofertado em leilões oficiais passará a ter laudo de sanidade.
A suspeita da contaminação dos estoques foi levantada em setembro de 2000. Mas isso não evitou a realização de leilões para abastecer o mercado interno. Mais de 300 mil sacas foram vendidas -e consumidas- desde então.


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