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POLÍTICA DE PREÇOS
Temendo efeito da inflação na sua candidatura, tucano pediu intervenção na "monopolista" Petrobras
Serra vai a FHC pedir gasolina mais barata
ELIANE CANTANHÊDE
DIRETORA DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O pré-candidato do PSDB à Presidência, José Serra, pediu ao presidente Fernando Henrique Cardoso e ao chefe da Casa Civil, Pedro Parente, que interviessem na
Petrobras a fim de evitar uma escalada de preços da gasolina.
Serra foi ao Planalto na quinta-feira passada -dia seguinte ao do
aumento de 10,08% da gasolina
nas refinarias, o terceiro em 35
dias. Conversou separadamente
com FHC e com Parente.
Ontem, menos de uma semana
depois da ida de Serra ao Planalto,
o presidente da Petrobras, Francisco Gros, admitiu rever o chamado "gatilho" -ou seja, a política de reajustes da gasolina nas
refinarias a cada 15 dias, sempre
que houver uma oscilação acima
de 5%, em média, nos preços internacionais.
Quando foi reclamar com FHC,
Serra estava preocupado com o
repasse automático para as bombas, com os eventuais reflexos na
inflação e com o efeito negativo de
tudo isso na sua campanha. "Um
desastre", comentava ele com assessores, antes de ir ao Planalto.
Os argumentos de Serra com
FHC e em especial com Parente,
porém, foram essencialmente técnicos. Segundo ele, entre 70% e
80% do petróleo consumido no
país é produzido internamente e,
por isso, não faz sentido aumentar os preços de acordo com o
mercado internacional.
Outro argumento foi contra o
excesso de independência da Petrobras. Na opinião de Serra, trata-se de uma "empresa monopolista", que não deveria ter tanta liberdade para aumentar preços a seu bel-prazer.
Na opinião majoritária no governo, prevalecem, ou prevaleciam, idéias contrárias às de Serra.
Para a maioria do governo, a Petrobras deve ter liberdade total
para definir sua política de preços
e está certa em pautá-la de acordo
com o mercado internacional, para ter competitividade externa.
Não foi a primeira vez que o
candidato tucano se apavorou
com os efeitos da economia nos
índices do governo nas pesquisas
de opinião e na sua própria campanha.
Durante a crise de energia elétrica e com a ameaça de "apagão",
no ano passado, Serra também
atuou firmemente para que o governo agisse e desse mostras claras à opinião pública de que tinha
o controle da situação.
Tanto na crise de energia quanto agora, diante da ameaça de crise do petróleo, Serra teme consequências em cadeia: prejudicadas,
as empresas podem repassar prejuízos para o consumidor e pressionar a inflação.
Em mais de uma oportunidade,
ele abordou o que nem o Planalto
nem a área econômica admitem:
que o aumento da gasolina acarrete também aumento de preços,
por exemplo, da cesta básica.
Os aumentos teriam efeitos políticos. Em pleno ano eleitoral, poderiam afetar os índices de aprovação do governo FHC e, indiretamente, a sua própria candidatura. Todas as pesquisas internas da
campanha tucana indicam que o
destino eleitoral de Serra está intimamente ligado ao desempenho
do governo FHC, em especial no
seu último ano.
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