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Elevação da taxa surpreende em SP
MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO
"Essa inflação não tem jeito."
Assim o economista Heron do
Carmo iniciou ontem a divulgação dos dados da mais recente
pesquisa de preços da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) feita em São Paulo.
Após ter recuado para 0,67%
em março, a taxa de inflação voltou a subir e atingiu 0,81% nos últimos 30 dias até 7 deste mês. Não
estava previsto o retorno da taxa a
patamar tão elevado.
Mas a pressão inflacionária está
localizada em poucos itens, e para
justificar isso o economista acrescentou: "A inflação pisou no tomate e está precisando de remédio". Foi uma clara referência à
participação desses dois itens na
manutenção das taxas elevadas.
O tomate continua sendo um
dos vilões dos índices inflacionários. O produto teve reajuste de
63% nos últimos 30 dias em São
Paulo e sozinho gerou inflação de
0,11%. Excesso de chuvas na colheita -e depois no replantio do
produto- provocou escassez de
oferta, elevando os preços.
O comportamento dos preços
do tomate é importante porque
tem grande participação no total
de gastos diários dos consumidores. Segundo a Fipe, a cada R$ 100
gastos pelos paulistanos (incluindo habitação, alimentos, vestuário etc.), R$ 0,23 é com tomate.
Os preços médios dos alimentos, após quatro semanas em queda, voltaram a subir. O índice recebeu também pressão de alguns
alimentos básicos, como feijão,
batata, cebola, frango, ovos, banana e laranja.
Em média, os alimentos subiram 1,30% nos últimos 30 dias,
acima do 1,15% de março. Essa
nova alta surpreendeu a Fipe, que
já contava com um recuo nesses
preços devido à safra.
Assim como a alta do dólar foi
um dos principais motivos da elevação da inflação nos últimos meses, a baixa atual do dólar deverá
auxiliar na queda. Para o economista da Fipe, essa redução cria
novas expectativas na economia.
Um dos pontos favoráveis é que
a concentração do comércio em
poucas redes de supermercados,
poucas lojas de eletrodomésticos
e poucas redes de farmácias vai levar a uma "briga" desses estabelecimentos por uma fatia maior do
mercado. Com isso, vão priorizar
o aumento das vendas, reduzindo
as margens, afirma Heron.
A inflação de julho e de agosto
poderá ser menor do que a esperada se o governo negociar para a
cidade de São Paulo a mesma política de desconto adotada com as
concessionárias de energia elétrica que tiveram reajustes liberados
nesta semana.
A queda na taxa de inflação
paulistana poderá ser de 0,7 ponto percentual. Ou seja, uma inflação acumulada de 3% entre julho
e agosto recuaria para 2,3%.
A taxa de inflação foi afetada
também pelos remédios, que subiram 7,1%. Entre as principais altas estiveram os de uso para o sistema nervoso central, antiinfecciosos, cardiovasculares e vias
respiratórias. Os remédios geraram inflação de 0,16% no período.
Tomate e remédios foram responsáveis por 33% de toda a taxa
de inflação de 0,81%. Heron diz
que essas são pressões passageiras
e que a tendência de queda da inflação ainda não foi interrompida.
Ele mantém a previsão de alta de
0,40% para este mês.
A entrada da moda da nova estação também foi um fator de
pressão na taxa, com aumento de
1% no vestuário no período (em
março, 0,73%). As roupas para
homens foram as que mais subiram (1,87%). As para mulheres tiveram altas médias de 0,58%, enquanto as para crianças subiram
0,52%. Calçados e acessórios de
vestuário aumentaram 1,10%.
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