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São Paulo, sexta-feira, 11 de abril de 2003

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Elevação da taxa surpreende em SP

MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO

"Essa inflação não tem jeito." Assim o economista Heron do Carmo iniciou ontem a divulgação dos dados da mais recente pesquisa de preços da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) feita em São Paulo.
Após ter recuado para 0,67% em março, a taxa de inflação voltou a subir e atingiu 0,81% nos últimos 30 dias até 7 deste mês. Não estava previsto o retorno da taxa a patamar tão elevado.
Mas a pressão inflacionária está localizada em poucos itens, e para justificar isso o economista acrescentou: "A inflação pisou no tomate e está precisando de remédio". Foi uma clara referência à participação desses dois itens na manutenção das taxas elevadas.
O tomate continua sendo um dos vilões dos índices inflacionários. O produto teve reajuste de 63% nos últimos 30 dias em São Paulo e sozinho gerou inflação de 0,11%. Excesso de chuvas na colheita -e depois no replantio do produto- provocou escassez de oferta, elevando os preços.
O comportamento dos preços do tomate é importante porque tem grande participação no total de gastos diários dos consumidores. Segundo a Fipe, a cada R$ 100 gastos pelos paulistanos (incluindo habitação, alimentos, vestuário etc.), R$ 0,23 é com tomate.
Os preços médios dos alimentos, após quatro semanas em queda, voltaram a subir. O índice recebeu também pressão de alguns alimentos básicos, como feijão, batata, cebola, frango, ovos, banana e laranja.
Em média, os alimentos subiram 1,30% nos últimos 30 dias, acima do 1,15% de março. Essa nova alta surpreendeu a Fipe, que já contava com um recuo nesses preços devido à safra.
Assim como a alta do dólar foi um dos principais motivos da elevação da inflação nos últimos meses, a baixa atual do dólar deverá auxiliar na queda. Para o economista da Fipe, essa redução cria novas expectativas na economia.
Um dos pontos favoráveis é que a concentração do comércio em poucas redes de supermercados, poucas lojas de eletrodomésticos e poucas redes de farmácias vai levar a uma "briga" desses estabelecimentos por uma fatia maior do mercado. Com isso, vão priorizar o aumento das vendas, reduzindo as margens, afirma Heron.
A inflação de julho e de agosto poderá ser menor do que a esperada se o governo negociar para a cidade de São Paulo a mesma política de desconto adotada com as concessionárias de energia elétrica que tiveram reajustes liberados nesta semana.
A queda na taxa de inflação paulistana poderá ser de 0,7 ponto percentual. Ou seja, uma inflação acumulada de 3% entre julho e agosto recuaria para 2,3%.
A taxa de inflação foi afetada também pelos remédios, que subiram 7,1%. Entre as principais altas estiveram os de uso para o sistema nervoso central, antiinfecciosos, cardiovasculares e vias respiratórias. Os remédios geraram inflação de 0,16% no período.
Tomate e remédios foram responsáveis por 33% de toda a taxa de inflação de 0,81%. Heron diz que essas são pressões passageiras e que a tendência de queda da inflação ainda não foi interrompida. Ele mantém a previsão de alta de 0,40% para este mês.
A entrada da moda da nova estação também foi um fator de pressão na taxa, com aumento de 1% no vestuário no período (em março, 0,73%). As roupas para homens foram as que mais subiram (1,87%). As para mulheres tiveram altas médias de 0,58%, enquanto as para crianças subiram 0,52%. Calçados e acessórios de vestuário aumentaram 1,10%.


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