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LUÍS NASSIF
Direito de defesa
Recebo o seguinte e-mail
de Flávia Alexandre do
Bem:
"Sr. Luis Nassif,
Meu nome é Flávia e sou filha
do sr. João Gregório de Bem, sócio cotista da Indústria Cataguases de Papel Ltda., empresa
"responsável" ou co-responsável
pelo vazamento da lixívia preta
no rio Pomba. Acompanhando
os fatos e as informações desde o
acidente e verificando o pouco
interesse da imprensa em contar a história completa, por um
lado, e o desejo incontrolável de
julgar e prender um culpado
qualquer, por outro, resolvi fazer alguma coisa.
(...) O Grupo Matarazzo, em
dificuldade financeira, após
longa disputa judicial, entregou
a fábrica como pagamento de
débitos trabalhistas aos funcionários.
A Indústria Cataguases de Papel foi formada após esse episódio, quando investidores compraram a fábrica dos ex-funcionários da Matarazzo. O sr. João
Gregório de Bem, meu pai, faz
parte do quadro societário desde a fundação. Recebeu 5% das
quotas do capital social, doadas
pelos investidores como reconhecimento/pagamento pelos
serviços de assessoria e consultoria prestados no negócio.
(...) É fundamental salientar
que a Cataguases produz papel
reciclado, processo que não produz lixívia como subproduto tóxico, sendo considerada não-poluente, fato este atestado por
laudos técnicos e até agora não
divulgados pela imprensa.
Gostaria de deixar claro que
reconheço a "responsabilidade"
da Cataguases pelo passivo ambiental, mas a atuação das autoridades foi omissa, para falar
o mínimo, e quase nada é dito
sobre isso.
O pH da água colhida a poucos quilômetros da lagoa, logo
após o acidente, era 9 (nove),
básico, por conta da soda cáustica, e comprovado por laudos
técnicos. Entretanto medições
feitas nas águas dos rios em
Campos constatou pH de até 13.
Como pode uma solução química cair na água de um rio, tendo
ocorrido chuvas em seguida e
mesmo assim a concentração de
pH aumentar? (...)
Temos informações de testemunhas em Minas Gerais que
nos dias seguintes ao vazamento da lixívia o gado das terras
que divisam os rios afetados
continuavam bebendo da água,
sem nenhum prejuízo. Causa-me estranheza o fato de a imprensa ter mostrado gado morto em Campos, supostamente
após ter ingerido água do rio
afetado, vários dias após o vazamento. Como pode?
Na análise da água do rio em
Campos (RJ), segundo informações, constatou-se a presença de
enxofre, substância química
não produzida na fabricação de
papel, mas subproduto do clareamento do açúcar, por exemplo (...).
Fazendo uma analogia que
cabe neste caso, foi expedido
mandado de prisão preventiva
para cada acionista da Petrobras após os vazamentos na
baía de Guanabara? Ora, eles
eram sócios da empresa, porém
sem poderes de gerência, exatamente como meu pai (...)
* O meu pai não estava em
Cataguases por coincidência infeliz. Ele teve um problema de
hipertensão arterial e precisou
ser internado no final de Março,
após alta médica resolveu fazer
consulta em um centro com
mais recursos, até a imprensa
dá-lo como foragido e procurado mesmo antes de o mandado
de prisão ser expedido;
O motivo que me levou a escrever-lhe foi a sua atuação no
episódio infeliz do casal dono
da escolinha infantil em São
Paulo (...) Não gostaria que
houvesse o mesmo com meu
pai".
E-mail - LNassif@uol.com.br
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