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São Paulo, sexta-feira, 11 de abril de 2003

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ATERRISSAGEM FORÇADA

British Airways e Air France decidem aposentar o primeiro e único supersônico da aviação civil

Fracasso comercial, Concorde deixa de voar

Alain Jocard/France Presse
Concorde da Air France, no aeroporto de Paris; aeronave sairá de circulação depois de 27 anos


DA REDAÇÃO

A British Airways e a Air France anunciaram ontem o encerramento de suas operações com o Concorde, sinalizando o fim dos 27 anos do primeiro e único avião supersônico do mundo para fins comerciais.
A British Airways disse que a decisão foi tomada por razões comerciais, com as receitas caindo e os custos de manutenção subindo para a indústria aérea.
A Air France vai parar de realizar vôos com o supersônico no mês que vem, e a British aposentará os seus jatos em outubro.
A British Airways e a Air France são as únicas que operam com o Concorde, com sete e cinco jatos, respectivamente. Provavelmente, o destino deles será os museus.
A aposentadoria das aeronaves da British Airways vai custar US$ 131,3 milhões à companhia. Isso pode atrapalhar os planos da empresa de voltar a dar lucro, depois de sofrer perdas de mais de US$ 300 milhões no ano passado.
O anúncio do fim do Concorde, que já foi símbolo dos ricos e famosos, chega um pouco mais de 17 meses depois de a British e a Air France terem celebrado o retorno das operações com a aeronave. Isso porque elas ficaram suspensos por mais de um ano depois da queda de um Concorde da Air France em Paris, em julho de 2000. No total, 113 pessoas morreram, entre passageiros e tripulação.
O Concorde fez seu primeiro vôo em março de 1969 e voa a 1.350 milhas por hora, mais do que o dobro da velocidade do som. Financeiramente, porém, não se mostrou viável. Atraiu apenas dois compradores, na época ambos estatais, e ainda dos dois países -Inglaterra e França- que desenvolveram a aeronave.
A British Airways, para tentar conter a crise por que passa, decidiu não manter mais operações deficitárias. Enquanto procura cortar US$ 1,7 bilhão em custos por ano até 2005, a opção de manter os serviços do Concorde ficou cada vez mais insustentável.
Como os vôos com o supersônico ficaram suspensos desde o acidente até novembro de 2001, as duas companhias aéreas tiveram dificuldades para pagar o custo da manutenção das aeronaves.

Brasil
O primeiro vôo comercial do Concorde da Air France foi para o Brasil. A aeronave cumpriu a rota Rio-Paris, com escala em Dacar, no Senegal, por seis anos, de 1976 a 1982, com dois vôos semanais, que duravam seis horas.
No entanto, o alto custo de manutenção do modelo levou o então primeiro-ministro francês Pierre Mauroy a ordenar o fim das rotas do supersônico ao Brasil. Um vôo de Concorde só compensava financeiramente se a aeronave tivesse 90% de ocupação, e o percentual não chegou a 50% na média do último ano da rota Rio-Dacar-Paris.

Com agências internacionais


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