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CRISE NO CAMPO
Além da ajuda de até R$ 16,8 bi anunciada na semana passada, está em estudo a redução de tributos do setor
Governo prepara um novo pacote agrícola
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo deve anunciar dentro de duas a três semanas medidas para complementar o pacote
de ajuda financeira ao setor agrícola. "Além desse pacote que fizemos [na semana passada], estamos discutindo outras medidas
para que possamos ter um 2006 e
um 2007 tranqüilos na agricultura
brasileira", afirmou o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva no seu
programa semanal de rádio.
Entre as medidas em estudo, está a redução da carga tributária e
da alíquota de importação de insumos agrícolas. Ao anunciar o
pacote com R$ 16,8 bilhões de ajuda ao setor agrícola na semana
passada, o ministro Roberto Rodrigues disse que as medidas
eram apenas emergenciais e que
outras ainda estavam em estudo.
"O pacote [que está em estudo]
será uma complementação daquele emergencial", disse ontem
Rodrigues, que citou o prazo de
duas a três semanas para as novas
medidas. O pacote já divulgado
incluiu a liberação de novos recursos e renegociação de dívidas.
Lula também criticou, no programa de rádio, os calotes de setores do agronegócio e afirmou que
o pacote de auxílio ao setor da
agricultura anunciado na semana
passada é uma medida "emergencial" e "atenciosa" do governo aos
fazendeiros "sérios".
"O que nós achamos é que as
pessoas que são sérias, as pessoas
que trabalham, as pessoas que vinham pagando normalmente vão
ter um tratamento muito respeitoso e atencioso do governo. Mas
algumas pessoas neste país, historicamente, tomam dinheiro emprestado e não pagam, fazem um
plano e não pagam, fazem outro e
não pagam, isso tem que acabar."
No programa "Café com o Presidente", Lula admitiu que o valor
liberado é "razoável" para os próximos meses. "Possivelmente,
não seja tudo o que é preciso, mas
é um montante razoável que vai
dar para a gente segurar, pelo menos para os próximos meses, uma
garantia de preço." E completou:
"Essas são medidas emergenciais,
medidas necessárias, e nós tomamos a decisão porque entendemos que a agricultura não pode
esperar. Ou seja, tem tempo de
plantar e tem tempo de colher".
"É um setor muito sensível, que
não depende apenas da vontade
do agricultor [...] Depende de fatores que nós, seres humanos, não
conseguimos controlar: depende
da chuva, depende da seca, depende de pragas [...] Tomamos a
iniciativa de aliviar momentaneamente a vida dos agricultores e estamos, concomitantemente, preparando um pacote que possa
ajudar ainda mais o setor."
Num tom parecido, Rodrigues
afirmou: "Não mando no câmbio, nos juros ou na logística, mas
a crise cai no meu colo".
Impacto
O Ministério da Fazenda estima
em R$ 1,28 bilhão o impacto fiscal
das medidas já anunciadas. Caso
sejam atendidos todos os pedidos
de Rodrigues, a renúncia fiscal
iria a R$ 6 bilhões, valor considerado alto pela equipe econômica.
O governo estuda desonerar o
setor reduzindo tributos como
PIS, Cofins e Imposto de Renda
que incidem nos insumos agrícolas, principalmente defensivos e
composição de adubo. Os custos
dos produtores com insumos
também poderiam ser reduzidos
se houvesse uma alteração na alíquota de importação.
Rodrigues disse ainda que os
agricultores com problemas de
comercialização ou quebra de safra devem prorrogar cerca de R$ 6
bilhões das dívidas de custeio.
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