|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Hollywood quer vetar apostas em filmes
Grandes estúdios pretendem impedir criação de instrumentos financeiros em que investidor aplicaria no sucesso da bilheteria
Um dos grupos favoráveis
a investimento afirma que os mercados ajudariam
a promover maior
transparência no setor
DO "NEW YORK TIMES"
Em uma demonstração de
solidariedade, muitos dos grandes grupos do setor de cinema e
alguns legisladores simpáticos
à causa se alinharam em um esforço de último minuto para
bloquear a adoção de novos instrumentos financeiros que permitiriam a negociação em Bolsa de contratos de "swap" relacionados aos resultados de bilheteria de filmes.
Uma coalizão liderada pela
MPAA, a associação setorial
dos grandes estúdios de cinema, solicitou à Comissão de
Operações de Commodities e
Futuros (CFTC, na sigla em inglês) norte-americana que rejeite o pedido de criação de um
mercado futuro para contratos
de filmes, apresentada pela Veriana Networks. Alguns dos
maiores sindicatos e organizações profissionais de Hollywood apoiaram o esforço.
A MPAA representa estúdios
como 20th Century Fox, Paramount Pictures, Sony Pictures
Entertainment, Universal Studios, Walt Disney Studios e
Warner Brothers.
Duas empresas, a Cantor
Fitzgerald e a Veriana Networks, haviam solicitado autorização para lançar mercados
em que produtores, distribuidores e estúdios poderiam
apostar no desempenho de bilheteria de determinados filmes. Com isso, afirmam que
eles poderiam fazer um hedge
(proteção) dos seus investimentos nos filmes.
Ao longo das duas últimas semanas, duas senadoras, Barbara Boxer e Dianne Feinstein
(ambas da Califórnia, onde fica
Hollywood), enviaram à comissão uma carta conjunta na qual
recomendam cautela na aprovação à negociação de contratos. Deputados federais enviaram cartas de teor semelhante.
Em meio a pressões, a CFTC,
no fim da tarde de anteontem,
anunciou que adiou a decisão
sobre o tema para o dia 16.
Para os estúdios, a iniciativa
traz uma série considerável de
problemas, entre os quais o risco de manipulação de mercado
em um setor tão influenciado
por boatos quanto o do cinema.
Eles apontam risco de conflitos de interesses entre funcionários do estúdio e prestadores
terceirizados de serviços, que
poderiam apostar a favor ou
contra os filmes em que estão
envolvidos; possibilidade de
que o desempenho de bilheteria dos filmes seja influenciado
por apostas adversas no mercado futuro; dificuldade em obter
ou reter salas de exibição para
filmes vistos como fracos pelas
atividades nos mercados futuros; necessidade de adotar rigorosos controles internos para
prevenir a possibilidade de
transações com uso de informações privilegiadas.
Entre os potenciais abusos,
alegam os estúdios, está a possibilidade de que um especulador divulgue uma primeira versão de um filme na internet e
lucre posteriormente quando
ele sofrer nas bilheterias.
As duas empresas disseram
ter a esperança de que seus pedidos fossem aprovados. "Se
eles desejam um diálogo aberto, para nós, isso é ótimo, e não
vemos problema em reiniciar o
processo de aprovação do produto", disse Rob Swagger, presidente-executivo da Veriana.
Richard Jaycobs, presidente
da Cantor Fitzgerald Exchange, disse que vem realizando
reuniões com investidores em
cinema desde que a MPAA divulgou, em março, uma circular
na qual desaprovava os novos
mercados. Para ele, os mercados ajudariam a promover
maior transparência no setor.
Em carta na qual responde a
objeções prévias da MPAA,
Jaycobs revela que a empresa
procurou a associação em março de 2009 para discutir o mercado. Mas a MPAA se limitou a
reconhecer o contato e não
"apresentou resposta ou objeção substantiva" até a carta do
mês passado, escreveu Jaycobs.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
Texto Anterior: Portfólio de grupo tem desde relógio até bebida Próximo Texto: Empresa vê chance de reduzir riscos Índice
|