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Chapas vão definir eleição na Fiesp
CÉLIA DE GOUVÊA FRANCO
e CRISTIANE PERINI LUCCHESI
da Reportagem Local
A campanha pela sucessão na
Fiesp entra em nova e decisiva fase: a da escolha de mais de cem nomes para a formação das chapas
que vão concorrer nas eleições do
dia 26 de agosto.
A partir de agora os líderes empresariais de São Paulo vão sacramentar sua opção por Horácio Lafer Piva, da empresa de papel e celulose Klabin, ou Joseph Couri, do
Simpi, o sindicato das micro e pequenas indústrias.
Os dois concorrem à presidência
da maior federação das indústrias
do país, a Fiesp, e do centro das
indústrias, o Ciesp.
Segundo se comenta na Fiesp,
Couri está com sérias dificuldades
para conseguir apoios de peso entre os líderes empresariais paulistas para montar a sua chapa.
Após mais de um ano de campanha, não conseguiu vencer as resistências ao seu nome entre os industriais que se reúnem na avenida Paulista.
Junto às 8.000 empresas que votam diretamente nas eleições no
Ciesp, Couri tem chance. Mas sabe
que já perdeu as eleições entre os
126 sindicatos que elegem o presidente da Fiesp.
Couri não quis falar com a Folha, mas a possibilidade de que
aceite participar de uma chapa
única encabeçada por Piva é cada
vez maior.
"Agora vamos poder mostrar a
força do apoio expressivo que essa
candidatura tem", diz Piva.
De Mario Amato a Ricardo Semler, de Carlos Eduardo Moreira
Ferreira, presidente da Fiesp, ao
seu concorrente nas penúltimas
eleições na entidade, Emerson Kapaz, de Antônio Ermírio de Moraes e Eugênio Staub aos tidos como radicais Mario Bernardini e
Roberto Nicolau Jeha, Piva tem
uma ampla gama de apoiadores.
Tão ampla que ele também terá
dificuldades para montar sua chapa. A disputa de poder para os cargos de 1º vice, 2º vice, tesoureiro e
secretário será grande. Piva vai
suar para conseguir contentar gregos e troianos.
A globalização também tem seus
reflexos na formação da chapa na
Fiesp. Muitos dos empresários que
ocupam posições de destaque na
atual diretoria venderam suas indústrias e passaram a integrar a
classe dos "sem-empresa". É o caso do 1º vice, Max Schrappe, ou de
José Mindlin, que era da Metal Leve, só para citar dois exemplos.
"Ainda não pensei, mas vou ter
de pensar na chapa a partir de agora", diz Piva, que prefere não falar
sobre o concorrente.
"Será uma campanha altamente
colaborativa. A chapa inteira vai
participar. Por isso, não vamos
gastar muito", afirma ele.
Piva criou uma associação civil
aberta para contabilizar as doações à sua campanha, receitas e
despesas. "O objetivo é a transparência", diz Piva. Ele garante que,
se sobrarem recursos, serão doados a entidades filantrópicas.
Piva calcula que os gastos totais
na sua campanha, inclusive os
bancados por empresários simpatizantes, não vão superar R$ 600
mil. Seus próprios apoiadores e
especialistas em marketing ouvidos pela Folha acreditam que cada
um dos candidatos devem gastar
R$ 1 milhão, não mais do que R$
1,5 milhão. Isso, é claro, se os dois
continuarem na disputa.
Por enquanto, a contar pelo número de assessores, pesquisas eleitorais e pelo fato de sua campanha
ter começado antes, Joseph Couri
foi o que mais gastou.
Os gastos dos candidatos à
Fiesp/Ciesp, de qualquer forma,
serão menores do que R$ 2 milhões, o total considerado necessário para a eleição de um deputado federal em São Paulo.
"A eleição na Fiesp/Ciesp é mais
como uma eleição em um clube do
que uma eleição para a Câmara. É
o apoio dos empresários que participam que conta", diz Piva.
Os especialistas em marketing
concordam. Como o universo da
eleição é muito restrito, desaconselham anúncios em veículos de
comunicação de massa, como TV.
Na última disputa na Fiesp, entre Moreira Ferreira e Emerson
Kapaz, a campanha acabou na TV
nos momentos finais. Piva descarta essa possibilidade. "Seria um
desperdício", diz.
Os dois candidatos têm preferido apresentar suas propostas por
intermédio de jornais, cartazes e
panfletos recebidos pelos eleitores
via mala direta.
Os presidentes de sindicatos industriais que compõe o colégio
eleitoral da Fiesp são basicamente
conservadores, dizem os especialistas em marketing, muito mais
do que a média do eleitorado geral
do país. Não se espere encontrar,
entre esses eleitores, a fatia de 20%
a 25% de fiéis do PT como ocorreu
nas últimas eleições nacionais.
No Ciesp, o universo é mais amplo, de cerca de 8.000 empresas,
mas o eleitorado tem também perfil mais austero. Por isso, o conteúdo da campanha na
Fiesp/Ciesp tem de ser sóbrio.
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