São Paulo, sábado, 11 de abril de 1998

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Chapas vão definir eleição na Fiesp

CÉLIA DE GOUVÊA FRANCO
e CRISTIANE PERINI LUCCHESI
da Reportagem Local

A campanha pela sucessão na Fiesp entra em nova e decisiva fase: a da escolha de mais de cem nomes para a formação das chapas que vão concorrer nas eleições do dia 26 de agosto.
A partir de agora os líderes empresariais de São Paulo vão sacramentar sua opção por Horácio Lafer Piva, da empresa de papel e celulose Klabin, ou Joseph Couri, do Simpi, o sindicato das micro e pequenas indústrias.
Os dois concorrem à presidência da maior federação das indústrias do país, a Fiesp, e do centro das indústrias, o Ciesp.
Segundo se comenta na Fiesp, Couri está com sérias dificuldades para conseguir apoios de peso entre os líderes empresariais paulistas para montar a sua chapa.
Após mais de um ano de campanha, não conseguiu vencer as resistências ao seu nome entre os industriais que se reúnem na avenida Paulista.
Junto às 8.000 empresas que votam diretamente nas eleições no Ciesp, Couri tem chance. Mas sabe que já perdeu as eleições entre os 126 sindicatos que elegem o presidente da Fiesp.
Couri não quis falar com a Folha, mas a possibilidade de que aceite participar de uma chapa única encabeçada por Piva é cada vez maior.
"Agora vamos poder mostrar a força do apoio expressivo que essa candidatura tem", diz Piva.
De Mario Amato a Ricardo Semler, de Carlos Eduardo Moreira Ferreira, presidente da Fiesp, ao seu concorrente nas penúltimas eleições na entidade, Emerson Kapaz, de Antônio Ermírio de Moraes e Eugênio Staub aos tidos como radicais Mario Bernardini e Roberto Nicolau Jeha, Piva tem uma ampla gama de apoiadores.
Tão ampla que ele também terá dificuldades para montar sua chapa. A disputa de poder para os cargos de 1º vice, 2º vice, tesoureiro e secretário será grande. Piva vai suar para conseguir contentar gregos e troianos.
A globalização também tem seus reflexos na formação da chapa na Fiesp. Muitos dos empresários que ocupam posições de destaque na atual diretoria venderam suas indústrias e passaram a integrar a classe dos "sem-empresa". É o caso do 1º vice, Max Schrappe, ou de José Mindlin, que era da Metal Leve, só para citar dois exemplos.
"Ainda não pensei, mas vou ter de pensar na chapa a partir de agora", diz Piva, que prefere não falar sobre o concorrente.
"Será uma campanha altamente colaborativa. A chapa inteira vai participar. Por isso, não vamos gastar muito", afirma ele.
Piva criou uma associação civil aberta para contabilizar as doações à sua campanha, receitas e despesas. "O objetivo é a transparência", diz Piva. Ele garante que, se sobrarem recursos, serão doados a entidades filantrópicas.
Piva calcula que os gastos totais na sua campanha, inclusive os bancados por empresários simpatizantes, não vão superar R$ 600 mil. Seus próprios apoiadores e especialistas em marketing ouvidos pela Folha acreditam que cada um dos candidatos devem gastar R$ 1 milhão, não mais do que R$ 1,5 milhão. Isso, é claro, se os dois continuarem na disputa.
Por enquanto, a contar pelo número de assessores, pesquisas eleitorais e pelo fato de sua campanha ter começado antes, Joseph Couri foi o que mais gastou.
Os gastos dos candidatos à Fiesp/Ciesp, de qualquer forma, serão menores do que R$ 2 milhões, o total considerado necessário para a eleição de um deputado federal em São Paulo.
"A eleição na Fiesp/Ciesp é mais como uma eleição em um clube do que uma eleição para a Câmara. É o apoio dos empresários que participam que conta", diz Piva.
Os especialistas em marketing concordam. Como o universo da eleição é muito restrito, desaconselham anúncios em veículos de comunicação de massa, como TV.
Na última disputa na Fiesp, entre Moreira Ferreira e Emerson Kapaz, a campanha acabou na TV nos momentos finais. Piva descarta essa possibilidade. "Seria um desperdício", diz.
Os dois candidatos têm preferido apresentar suas propostas por intermédio de jornais, cartazes e panfletos recebidos pelos eleitores via mala direta.
Os presidentes de sindicatos industriais que compõe o colégio eleitoral da Fiesp são basicamente conservadores, dizem os especialistas em marketing, muito mais do que a média do eleitorado geral do país. Não se espere encontrar, entre esses eleitores, a fatia de 20% a 25% de fiéis do PT como ocorreu nas últimas eleições nacionais.
No Ciesp, o universo é mais amplo, de cerca de 8.000 empresas, mas o eleitorado tem também perfil mais austero. Por isso, o conteúdo da campanha na Fiesp/Ciesp tem de ser sóbrio.



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