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COLAPSO DA ARGENTINA
Presidente diz que "medidas difíceis" e problemas no Congresso causam isolamento e volta a criticar FMI
Duhalde diz que está "ficando mais só"
JOÃO SANDRINI
DE BUENOS AIRES
Abatido pelo enfraquecimento
da base governista no Congresso,
o presidente argentino, Eduardo
Duhalde, admitiu ontem que está
ficando isolado. "Ante as medidas
difíceis, vou ficando um pouco
mais só", disse Duhalde.
Após uma semana complicada
e de poucos avanços, o presidente
também desabafou e criticou o
FMI e até mesmo o Brasil.
Por ironia, os únicos que escaparam das críticas foram os senadores peronistas que aprovaram a
eliminação completa da lei de
Subversão Econômica (que, por
exemplo, facilitar processos contra executivos de bancos) e detonaram um novo racha na base governista na quinta-feira. Segundo
o presidente, o país não teria possibilidade de fechar um novo
acordo com o Fundo sem esta decisão do Senado.
A votação, no entanto, foi bastante questionada por alguns setores do peronismo e pelo outro
grande partido da base governista
-a UCR (União Cívica Radical)- que queriam apenas modificar a lei vigente. Estes dois blocos decidiram emperrar a análise
da lei de Subversão Econômica na
Câmara. A votação, que poderia
acontecer ontem, foi adiada para
a próxima semana. Até o fechamento desta edição, também não
havia consenso para votar ontem
no Senado a lei de Falências -já
aprovada na Câmara.
Sobre o FMI, Duhalde disse que
a atual administração do Fundo é
"muito dura" com a Argentina e
que a vice-diretora-gerente da
instituição, Anne Krueger, faz declarações "injustificáveis". "Há
declarações (de Krueger) que
muitas vezes incomodam, são
inoportunas, em ambiente bancário e financeiro tão sensível."
O presidente argentino falou
ontem pela manhã a uma rádio
argentina, quando afirmou também acreditar que é "razoável" o
prazo de 30 a 45 dias para o fechamento de um acordo com o FMI,
uma estimativa do ministério da
Economia, Roberto Lavagna.
Seu chefe de Gabinete, o ministro Alfredo Atanasof, parece não
concordar: "É preciso dar tempo
ao tempo e não se pode falar de
um acordo com data certa, embora existam certas ansiedades".
Duhalde também disse que as
pressões não vêm só do FMI. "É o
mundo, os países europeus, escandinavos, Brasil, México e Canadá que estão nos incitando a
chegar a um acordos com os organismo internacionais".
O presidente não se referiu explicitamente à recusa do Brasil em
emprestar US$ 800 milhões para a
Argentina honrar um empréstimo do Banco Mundial que vence
na próxima quarta-feira.
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