São Paulo, sábado, 11 de maio de 2002

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COLAPSO DA ARGENTINA

Presidente diz que "medidas difíceis" e problemas no Congresso causam isolamento e volta a criticar FMI

Duhalde diz que está "ficando mais só"

JOÃO SANDRINI
DE BUENOS AIRES

Abatido pelo enfraquecimento da base governista no Congresso, o presidente argentino, Eduardo Duhalde, admitiu ontem que está ficando isolado. "Ante as medidas difíceis, vou ficando um pouco mais só", disse Duhalde.
Após uma semana complicada e de poucos avanços, o presidente também desabafou e criticou o FMI e até mesmo o Brasil.
Por ironia, os únicos que escaparam das críticas foram os senadores peronistas que aprovaram a eliminação completa da lei de Subversão Econômica (que, por exemplo, facilitar processos contra executivos de bancos) e detonaram um novo racha na base governista na quinta-feira. Segundo o presidente, o país não teria possibilidade de fechar um novo acordo com o Fundo sem esta decisão do Senado.
A votação, no entanto, foi bastante questionada por alguns setores do peronismo e pelo outro grande partido da base governista -a UCR (União Cívica Radical)- que queriam apenas modificar a lei vigente. Estes dois blocos decidiram emperrar a análise da lei de Subversão Econômica na Câmara. A votação, que poderia acontecer ontem, foi adiada para a próxima semana. Até o fechamento desta edição, também não havia consenso para votar ontem no Senado a lei de Falências -já aprovada na Câmara.
Sobre o FMI, Duhalde disse que a atual administração do Fundo é "muito dura" com a Argentina e que a vice-diretora-gerente da instituição, Anne Krueger, faz declarações "injustificáveis". "Há declarações (de Krueger) que muitas vezes incomodam, são inoportunas, em ambiente bancário e financeiro tão sensível."
O presidente argentino falou ontem pela manhã a uma rádio argentina, quando afirmou também acreditar que é "razoável" o prazo de 30 a 45 dias para o fechamento de um acordo com o FMI, uma estimativa do ministério da Economia, Roberto Lavagna.
Seu chefe de Gabinete, o ministro Alfredo Atanasof, parece não concordar: "É preciso dar tempo ao tempo e não se pode falar de um acordo com data certa, embora existam certas ansiedades".
Duhalde também disse que as pressões não vêm só do FMI. "É o mundo, os países europeus, escandinavos, Brasil, México e Canadá que estão nos incitando a chegar a um acordos com os organismo internacionais".
O presidente não se referiu explicitamente à recusa do Brasil em emprestar US$ 800 milhões para a Argentina honrar um empréstimo do Banco Mundial que vence na próxima quarta-feira.



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