São Paulo, sábado, 11 de maio de 2002

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Pobreza atinge metade da população

DE BUENOS AIRES

A pobreza cresceu de forma dramática na Argentina e atingiu a marca histórica de 18 milhões de pessoas, ou metade de toda a população. Apenas em abril, o número foi elevado em 2 milhões. Já o número de indigentes estaria hoje em 5,3 milhões, ou 17% da população total de 36,2 milhões de habitantes.
As estimativas são do diretor-geral do Indec (o IBGE local), Juan Carlos del Bello. Para Del Bello, o desemprego e o aumento dos preços dos produtos básicos explicam o ritmo de crescimento da pobreza.
Em outubro do ano passado, o desemprego atingia 18,3% da população economicamente ativa. Hoje, consultorias do país estimam que este índice já tenha crescido para 25%.
Já os preços sobem em ritmo galopante desde a desvalorização cambial, em janeiro, sem que haja qualquer aumento de salário. A inflação acumulada nos quatro primeiros meses deste ano foi de 21,1%.
No entanto, os produtos da cesta básica, que correspondem a 46% do consumo familiar das classes mais baixas, tiveram um reajuste de 35,2% no período. Em abril, quando a inflação ficou em 10,4%, a cesta subiu 17,7%.
"Creio que estamos nos aproximando ao nível histórico de 49% [da população abaixo da linha pobreza" registrado em 1989, no período da hiperinflação, mas com valores significativamente mais graves, pela elevada taxa de desemprego", disse o diretor-geral do Indec ao jornal "Clarín".

Pior no interior
Outro dado importante apresentado por Del Bello mostra que 55% dos 18 milhões de pobres têm até 18 anos.
Segundo o diretor-geral do Indec, "a situação é muito mais aguda no Norte da Argentina", a região mais pobre do país. Nas Províncias de Corrientes, Formosa, Misiones e Chaco a pobreza já atingiria 66,1% da população. Em Buenos Aires, 45,1% dos moradores seriam pobres, ou 5,5 milhões de pessoas.
O Indec considera pobre as famílias de quatro pessoas com renda mensal inferior a 598,75 pesos. Este valor inclui o preço de 27 produtos básicos, mas não conta possíveis gastos com bens duráveis ou serviços.
O instituto também informou que considera indigente toda a família de quatro pessoas com renda inferior a 252,64 pesos. Portanto, os planos de trabalho criados pelo presidente Eduardo Duhalde -que prevêem remuneração de 150 pesos mensais e já conta com mais de 1 milhão de inscritos- não seriam suficientes para tirar pessoas da indigência.



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