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Pobreza atinge metade da população
DE BUENOS AIRES
A pobreza cresceu de forma
dramática na Argentina e atingiu
a marca histórica de 18 milhões de
pessoas, ou metade de toda a população. Apenas em abril, o número foi elevado em 2 milhões. Já
o número de indigentes estaria
hoje em 5,3 milhões, ou 17% da
população total de 36,2 milhões
de habitantes.
As estimativas são do diretor-geral do Indec (o IBGE local),
Juan Carlos del Bello. Para Del Bello, o desemprego e o aumento
dos preços dos produtos básicos
explicam o ritmo de crescimento
da pobreza.
Em outubro do ano passado, o
desemprego atingia 18,3% da população economicamente ativa.
Hoje, consultorias do país estimam que este índice já tenha crescido para 25%.
Já os preços sobem em ritmo galopante desde a desvalorização
cambial, em janeiro, sem que haja
qualquer aumento de salário. A
inflação acumulada nos quatro
primeiros meses deste ano foi de
21,1%.
No entanto, os produtos da cesta básica, que correspondem a
46% do consumo familiar das
classes mais baixas, tiveram um
reajuste de 35,2% no período. Em
abril, quando a inflação ficou em
10,4%, a cesta subiu 17,7%.
"Creio que estamos nos aproximando ao nível histórico de 49%
[da população abaixo da linha pobreza" registrado em 1989, no período da hiperinflação, mas com
valores significativamente mais
graves, pela elevada taxa de desemprego", disse o diretor-geral
do Indec ao jornal "Clarín".
Pior no interior
Outro dado importante apresentado por Del Bello mostra que
55% dos 18 milhões de pobres têm
até 18 anos.
Segundo o diretor-geral do Indec, "a situação é muito mais aguda no Norte da Argentina", a região mais pobre do país. Nas Províncias de Corrientes, Formosa,
Misiones e Chaco a pobreza já
atingiria 66,1% da população. Em
Buenos Aires, 45,1% dos moradores seriam pobres, ou 5,5 milhões
de pessoas.
O Indec considera pobre as famílias de quatro pessoas com renda mensal inferior a 598,75 pesos.
Este valor inclui o preço de 27
produtos básicos, mas não conta
possíveis gastos com bens duráveis ou serviços.
O instituto também informou
que considera indigente toda a família de quatro pessoas com renda inferior a 252,64 pesos. Portanto, os planos de trabalho criados
pelo presidente Eduardo Duhalde
-que prevêem remuneração de
150 pesos mensais e já conta com
mais de 1 milhão de inscritos-
não seriam suficientes para tirar
pessoas da indigência.
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