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Serviço pessoal aumenta mais que o IPCA
Em 12 meses, alta no preço cobrado por profissionais como cabeleireiros, costureiras e manicures é de 7,39%, contra 5% da taxa geral
Previsão é que persistam
as pressões na inflação dos serviços; para economista do IBGE, existe influência
dos reajustes do mínimo
FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL
Os preços dos serviços pessoais, como cabeleireiro, costureira e manicure, subiram acima da inflação nos últimos 12
meses terminados em abril. A
previsão é que essa tendência
se mantenha até o final do ano.
Em 12 meses, os preços dos
serviços pessoais subiram
7,39%, em média, enquanto a
inflação total no período foi de
5,04%, segundo levantamento
do IBGE em 11 regiões metropolitanas do país.
Os serviços de costureira subiram 5,58% nos últimos 12
meses; de cabeleireiro, 5,78%;
de manicure e pedicure, 7%; de
empregada doméstica, 9,6%; e,
de depilação, 11,4%.
Eulina Nunes, coordenadora
de Índices de Preços do IBGE,
diz que o setor de serviços sofre
grande influência do salário
mínimo e, como ele tem crescido (hoje é de R$ 415), é esperado que cortar o cabelo ou contratar alguém para fazer uma
roupa custe mais.
"Cabeleireiros e manicures
normalmente têm registro em
carteira para receber um salário mínimo e, em cima disso,
ganham comissões. Quem trabalha por conta própria acaba
cobrando mais pelo serviço
porque também está pagando
mais pelos alimentos e pelos
produtos que utiliza no seu trabalho. Se o salário mínimo continuar subindo, assim como os
preços dos alimentos, os serviços também vão encarecer."
Os serviços também estão
mais caros porque a demanda
subiu em decorrência da elevação da renda e do emprego, na
avaliação de Márcio Nakane,
coordenador do IPC da Fipe.
Insumos em alta
"Fora isso, o que determina
diretamente os preços dos serviços são os custos dos insumos
que os profissionais utilizam,
como xampu e creme. E os preços estão subindo", diz o coordenador do IPC.
O setor de serviços, segundo
Nakane, não consegue aumentar a oferta tão rapidamente
para acompanhar a demanda.
"Como a resposta do lado da
oferta é mais devagar, é esperada alta de preços com mais demanda. E tudo indica que os
preços dos serviços vão continuar subindo, já que o desempenho da renda e do emprego
deve se manter positivo até o final deste ano", afirma.
Desde 2005 os preços dos
serviços pessoais sobem acima
da inflação, segundo o IBGE.
"Nas economias mais maduras,
como a norte-americana e a européia, os preços dos serviços
sempre andam acima da inflação. No Brasil, isso está acontecendo porque o país tem mais
produtividade e elevou os investimentos. Não há escassez
de oferta de serviços, o que
existe é demanda e alta de custos", afirma Raphael Castro,
economia da LCA Consultores.
Na avaliação de Castro, os
preços dos serviços tendem a
diminuir a partir do segundo
semestre deste ano por conta
da alta dos alimentos. "As classes de menor poder aquisitivo
vão ter de desembolsar mais
para comprar alimentos e vão
ter menos dinheiro para pagar
pelos serviços. Isso deve resultar numa desaceleração de demanda. A produção industrial
já se desacelerou", diz.
A produção física da indústria brasileira subiu 1,3% em
março deste ano ante igual mês
de 2007, o que mostra, segundo
alguns economistas, que a economia não está superaquecida.
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