São Paulo, segunda-feira, 11 de maio de 2009

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Países precisam de mais reservas, concluem BCs

Encontro dos BCs segue hoje em Basiléia, na Suíça

MARCELO NINIO
ENVIADO ESPECIAL A BASILÉIA

A crise financeira global mostrou que o nível de reservas internacionais necessário para proteger um país das turbulências é maior do que se pensava. Essa foi uma das principais conclusões do encontro de bancos centrais de países emergentes realizada ontem em Basiléia, na Suíça.
O consenso entre os banqueiros que participaram da reunião, entre eles Henrique Meirelles, presidente do BC brasileiro, é o de que a solidez macroeconômica de um país deve ser acompanhada de reservas em um nível "adequado". Um deles fez uma analogia com a situação de um banco: é importante que tenha solvência, mas também liquidez.
Na última sexta, a preocupação em reforçar o colchão de reservas para amortecer o impacto da crise levou o BC a retomar a compra de dólares no mercado à vista, o que não fazia desde setembro. O objetivo, segundo o BC, foi recompor as reservas internacionais, atualmente em US$ 201,4 bilhões, e não fixar um patamar mínimo para a cotação do dólar.

"Menos pior"
O debate entre os emergentes abriu a reunião bimestral do BIS (Banco de Compensações Internacionais), espécie de banco central dos BCs. Segundo uma autoridade presente, a avaliação é a de que a situação nos mercados emergentes e em geral hoje "é menos pior" do que há poucas semanas, mas que ainda é prematuro concluir que o pior já passou.
Para o banqueiro, que pediu para não ser identificado, ficou claro na crise que o nível de reservas considerado adequado é maior do que se esperava antes do agravamento da crise, ocorrido no segundo semestre do ano passado. A conclusão, acrescentou, é de que "quanto mais reservas, melhor".
Há exemplos, entretanto, de que o grande volume de reservas não funciona, como no caso de países com muitos vencimentos de curto prazo. Grandes déficits em conta corrente, como os registrados no Leste Europeu, também foram apontados como fatores de vulnerabilidade.
No diagnóstico sobre as medidas que deram certo no combate à crise foram citadas as intervenções pontuais no mercado de câmbio e empréstimos de reservas, para aumentar a liquidez do sistema financeiro.
Os banqueiros constataram que há grande variação na situação das economias emergentes, desde aqueles em condição frágil, como a Argentina, até os que estão em situação mais confortável, como o Brasil e a China.
Com US$ 2 trilhões em reservas, os chineses demonstraram interesse em fazer investimentos diretos no Brasil, revelou um dos presentes. A ideia é adquirir participação em empresas que produzem matérias-primas, como minerais, álcool e soja.
Hoje o BIS retoma as reuniões com os BCs dos países desenvolvidos para uma análise mais abrangente da situação global. À noite, os banqueiros se encontram num jantar para ouvir propostas de regulação do sistema financeiro que serão apresentadas pelo presidente do BC italiano, Mario Draghi, presidente do Fórum de Estabilidade Financeira.


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