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Países precisam de mais reservas, concluem BCs
Encontro dos BCs segue hoje em Basiléia, na Suíça
MARCELO NINIO
ENVIADO ESPECIAL A BASILÉIA
A crise financeira global
mostrou que o nível de reservas
internacionais necessário para
proteger um país das turbulências é maior do que se pensava.
Essa foi uma das principais
conclusões do encontro de
bancos centrais de países
emergentes realizada ontem
em Basiléia, na Suíça.
O consenso entre os banqueiros que participaram da
reunião, entre eles Henrique
Meirelles, presidente do BC
brasileiro, é o de que a solidez
macroeconômica de um país
deve ser acompanhada de reservas em um nível "adequado". Um deles fez uma analogia
com a situação de um banco: é
importante que tenha solvência, mas também liquidez.
Na última sexta, a preocupação em reforçar o colchão de reservas para amortecer o impacto da crise levou o BC a retomar
a compra de dólares no mercado à vista, o que não fazia desde
setembro. O objetivo, segundo
o BC, foi recompor as reservas
internacionais, atualmente em
US$ 201,4 bilhões, e não fixar
um patamar mínimo para a cotação do dólar.
"Menos pior"
O debate entre os emergentes abriu a reunião bimestral do
BIS (Banco de Compensações
Internacionais), espécie de
banco central dos BCs. Segundo uma autoridade presente, a
avaliação é a de que a situação
nos mercados emergentes e em
geral hoje "é menos pior" do
que há poucas semanas, mas
que ainda é prematuro concluir
que o pior já passou.
Para o banqueiro, que pediu
para não ser identificado, ficou
claro na crise que o nível de reservas considerado adequado é
maior do que se esperava antes
do agravamento da crise, ocorrido no segundo semestre do
ano passado. A conclusão,
acrescentou, é de que "quanto
mais reservas, melhor".
Há exemplos, entretanto, de
que o grande volume de reservas não funciona, como no caso
de países com muitos vencimentos de curto prazo. Grandes déficits em conta corrente,
como os registrados no Leste
Europeu, também foram apontados como fatores de vulnerabilidade.
No diagnóstico sobre as medidas que deram certo no combate à crise foram citadas as intervenções pontuais no mercado de câmbio e empréstimos de
reservas, para aumentar a liquidez do sistema financeiro.
Os banqueiros constataram
que há grande variação na situação das economias emergentes, desde aqueles em condição frágil, como a Argentina,
até os que estão em situação
mais confortável, como o Brasil
e a China.
Com US$ 2 trilhões em reservas, os chineses demonstraram interesse em fazer investimentos diretos no Brasil, revelou um dos presentes. A ideia é
adquirir participação em empresas que produzem matérias-primas, como minerais, álcool e soja.
Hoje o BIS retoma as reuniões com os BCs dos países desenvolvidos para uma análise
mais abrangente da situação
global. À noite, os banqueiros
se encontram num jantar para
ouvir propostas de regulação
do sistema financeiro que serão
apresentadas pelo presidente
do BC italiano, Mario Draghi,
presidente do Fórum de Estabilidade Financeira.
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