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Bolsa deve crescer com menos ímpeto
Recente alta das ações da Bovespa, que subiu 37% no ano, limita espaço para manter ritmo de valorização, dizem analistas
Especialistas alertam para
a iminência de um processo de venda de ações em busca de ganhos, o que deve levar a nova queda das cotações
DA REPORTAGEM LOCAL
A rápida e expressiva valorização vivenciada pela Bolsa de
Valores de São Paulo nas últimas semanas, que a levou acima dos 50 mil pontos, tem feito
com que analistas e investidores questionem o quanto de espaço restou para o mercado de
ações ainda subir neste ano.
Dado o cenário internacional
recheado de incertezas, os analistas financeiros têm sido cautelosos e pouco eufóricos na
hora de fazer seus prognósticos
para a Bolsa de Valores.
Se ninguém espera que o
mercado acionário vá derreter
nos próximos meses, apenas os
mais otimistas contam com a
possibilidade de a Bolsa alcançar os 60 mil pontos no fim de
2009 e ainda voltar a superar os
70 mil pontos -como ocorreu
há um ano- no próximo ano.
Tudo isso se a economia mundial entrar em processo mais
sólido de recuperação.
A Bolsa acumula valorização
expressiva de 36,9% neste ano,
o que quase representa a recuperação das perdas sofridas no
ano passado, quando amargou
queda de 41,2% -seu pior resultado anual desde 1972.
"Para a Bolsa retomar os 70
mil pontos está longe. Esse patamar foi atingido em outro
contexto, após 4 anos, 5 anos de
crescimento econômico. Quem
sabe em 2010?", diz Álvaro
Bandeira, diretor da corretora
Ágora. "Mas, mesmo para retomar o patamar dos 60 mil pontos, a economia mundial tem de
começar a mostrar um pouco
mais de consistência", avalia
Bandeira, que considera um
bom nível para a Bolsa brasileira estar entre 55 mil e 56 mil
pontos no fim do ano.
O índice Ibovespa, que reúne
as 65 ações brasileiras mais negociadas, terminou as operações de sexta-feira aos 51.395
pontos, no maior nível desde
setembro passado. O pico histórico do índice são os 73.516
pontos registrados em 20 de
maio. A mínima desse período
de crise foi de 29.435 pontos,
em 27 de outubro.
A pontuação das Bolsas oscila com o sobe-e-desce do valor
das ações. Se as companhias se
valorizam, a pontuação aumenta. E vice-versa.
"Houve uma melhora grande
nas perspectivas econômicas,
mas ainda há muitas questões
em aberto. A continuidade da
alta da Bolsa depende da evolução da economia mundial. Trabalho com a possibilidade de a
Bolsa estar próxima ao atual
patamar ou mesmo um pouco
abaixo no final deste ano. Mas
qualquer previsão neste momento é precipitada", avalia
André Simões, gestor de fundos
do Modal Asset.
O mercado de ações brasileiro está no foco de investidores e
analistas internacionais. Com
alta de 54,2% em dólares, a Bovespa é um dos grandes destaques do ano. Nos EUA, quem
tem o melhor desempenho é a
Bolsa eletrônica Nasdaq, com
alta anual de 10,27%. Em Londres, a alta do principal índice
acionário está em 0,63%.
Na sexta-feira, o estrategista
Geoffrey Dennis, do Citigroup,
elevou sua recomendação para
as ações brasileiras de "neutra"
para "acima do mercado" -ou
seja, recomendou a seus clientes que aumentem suas compras dos papéis de companhias
locais. Além disso, cravou em
60 mil pontos sua previsão para
o Ibovespa no fim do ano.
Manter o ritmo
Para alcançar os 60 mil pontos, a Bolsa tem de subir 16,8%.
Pode não parecer muito, mas,
com a forte alta já acumulada, o
espaço para manter o atual ritmo está cada vez mais estreito.
Nos últimos dias, os analistas
falam da iminência de um processo de realização de lucros.
Ou seja, são grandes as chances
de os investidores, tanto os locais como os estrangeiros, começarem a vender ações de forma mais significativa para embolsarem os ganhos acumulados rapidamente.
"Temos de considerar que sinais piores lá fora podem trazer
a Bolsa para baixo de novo. De
qualquer forma, acho difícil
voltarmos a ver o mercado a 35
mil pontos. É mais provável
que fique oscilando em uma
faixa entre 46 mil e 54 mil pontos", afirma Maurício Gallego,
chefe da mesa de pessoa física
da Link Investimentos.
(FABRICIO VIEIRA)
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