São Paulo, segunda-feira, 11 de maio de 2009

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Bolsa deve crescer com menos ímpeto

Recente alta das ações da Bovespa, que subiu 37% no ano, limita espaço para manter ritmo de valorização, dizem analistas

Especialistas alertam para a iminência de um processo de venda de ações em busca de ganhos, o que deve levar a nova queda das cotações


DA REPORTAGEM LOCAL

A rápida e expressiva valorização vivenciada pela Bolsa de Valores de São Paulo nas últimas semanas, que a levou acima dos 50 mil pontos, tem feito com que analistas e investidores questionem o quanto de espaço restou para o mercado de ações ainda subir neste ano.
Dado o cenário internacional recheado de incertezas, os analistas financeiros têm sido cautelosos e pouco eufóricos na hora de fazer seus prognósticos para a Bolsa de Valores.
Se ninguém espera que o mercado acionário vá derreter nos próximos meses, apenas os mais otimistas contam com a possibilidade de a Bolsa alcançar os 60 mil pontos no fim de 2009 e ainda voltar a superar os 70 mil pontos -como ocorreu há um ano- no próximo ano. Tudo isso se a economia mundial entrar em processo mais sólido de recuperação.
A Bolsa acumula valorização expressiva de 36,9% neste ano, o que quase representa a recuperação das perdas sofridas no ano passado, quando amargou queda de 41,2% -seu pior resultado anual desde 1972.
"Para a Bolsa retomar os 70 mil pontos está longe. Esse patamar foi atingido em outro contexto, após 4 anos, 5 anos de crescimento econômico. Quem sabe em 2010?", diz Álvaro Bandeira, diretor da corretora Ágora. "Mas, mesmo para retomar o patamar dos 60 mil pontos, a economia mundial tem de começar a mostrar um pouco mais de consistência", avalia Bandeira, que considera um bom nível para a Bolsa brasileira estar entre 55 mil e 56 mil pontos no fim do ano.
O índice Ibovespa, que reúne as 65 ações brasileiras mais negociadas, terminou as operações de sexta-feira aos 51.395 pontos, no maior nível desde setembro passado. O pico histórico do índice são os 73.516 pontos registrados em 20 de maio. A mínima desse período de crise foi de 29.435 pontos, em 27 de outubro.
A pontuação das Bolsas oscila com o sobe-e-desce do valor das ações. Se as companhias se valorizam, a pontuação aumenta. E vice-versa.
"Houve uma melhora grande nas perspectivas econômicas, mas ainda há muitas questões em aberto. A continuidade da alta da Bolsa depende da evolução da economia mundial. Trabalho com a possibilidade de a Bolsa estar próxima ao atual patamar ou mesmo um pouco abaixo no final deste ano. Mas qualquer previsão neste momento é precipitada", avalia André Simões, gestor de fundos do Modal Asset.
O mercado de ações brasileiro está no foco de investidores e analistas internacionais. Com alta de 54,2% em dólares, a Bovespa é um dos grandes destaques do ano. Nos EUA, quem tem o melhor desempenho é a Bolsa eletrônica Nasdaq, com alta anual de 10,27%. Em Londres, a alta do principal índice acionário está em 0,63%.
Na sexta-feira, o estrategista Geoffrey Dennis, do Citigroup, elevou sua recomendação para as ações brasileiras de "neutra" para "acima do mercado" -ou seja, recomendou a seus clientes que aumentem suas compras dos papéis de companhias locais. Além disso, cravou em 60 mil pontos sua previsão para o Ibovespa no fim do ano.

Manter o ritmo
Para alcançar os 60 mil pontos, a Bolsa tem de subir 16,8%. Pode não parecer muito, mas, com a forte alta já acumulada, o espaço para manter o atual ritmo está cada vez mais estreito.
Nos últimos dias, os analistas falam da iminência de um processo de realização de lucros. Ou seja, são grandes as chances de os investidores, tanto os locais como os estrangeiros, começarem a vender ações de forma mais significativa para embolsarem os ganhos acumulados rapidamente.
"Temos de considerar que sinais piores lá fora podem trazer a Bolsa para baixo de novo. De qualquer forma, acho difícil voltarmos a ver o mercado a 35 mil pontos. É mais provável que fique oscilando em uma faixa entre 46 mil e 54 mil pontos", afirma Maurício Gallego, chefe da mesa de pessoa física da Link Investimentos.
(FABRICIO VIEIRA)


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