São Paulo, segunda, 11 de maio de 1998

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TELEFONIA
Sistema deve começar a operar com apenas 10% dos 150 mil primeiros assinantes; selo colorido definirá data
SP terá celular digital até final do mês

ARTHUR PEREIRA FILHO
da Reportagem Local

A cidade de São Paulo entra finalmente na era do celular digital. Até o final desta semana, a BCP Telecomunicações -empresa que ganhou a concorrência para operar a banda B na região metropolitana de São Paulo- deve ativar o sistema.
Mas para a maior parte dos 150 mil consumidores já convocados para comprar o celular digitar e o direito de usar o serviço, os telefones vão continuar mudos.
É que a BCP decidiu colocar essas linhas em funcionamento por etapas. No dia da inauguração -ainda não definido pela empresa- apenas um lote de aparelhos, que será escolhido por sorteio, poderá fazer e receber ligações.
Bel Carvalho, porta-voz da empresa, conta que isso é necessário para que "alguns ajustes" possam ser feitos na rede.
Os celulares habilitados até agora foram divididos em dez lotes -o que dá cerca de 15 mil linhas por lote-, identificados por selos de diferentes cores, fixados no contrato assinado pelo consumidor com a BCP. A intenção da empresa é ativar todas as 150 mil linhas em no máximo 30 dias após a entrada em operação.
A BCP tem como sócios principais o grupo Safra e a telefônica BellSouth, dos EUA. Venceu a concorrência em 97 ao oferecer US$ 2,64 bilhões para operar a banda B na região metropolitana de São Paulo.
Fase de testes
O sistema opera em fase experimental desde o início de abril. Três mil funcionários da BCP e especialistas em telecomunicações estão utilizando os celulares digitais e transmitindo informações sobre o funcionamento. O objetivo principal, conta Carvalho, é detectar eventuais "áreas de sombra" (locais onde o celular não recebe ou não consegue fazer chamadas).
Mesmo com todos os testes, a porta-voz da BCP faz um alerta. Ao ser inaugurado, o sistema de celular digital "não estará 100%, ainda não será a rede dos sonhos. É por isso que vamos ativar os aparelhos aos pouquinhos".
A BCP está investindo US$ 600 milhões na rede de celular digital da Grande São Paulo. Em fevereiro, abriu inscrições para os interessados. Em duas semanas, recebeu 1,6 milhão de formulários de inscrição. Os primeiros 150 mil usuários foram escolhidos em sorteio realizado dia 6 de março.
Até agosto, a empresa pretende ativar mais 350 mil linhas. Os primeiros 50 mil da segunda etapa estão sendo convocados.
O celular digital já existe em algumas capitais brasileiras -Brasília, Salvador, Aracaju, Goiânia e Porto Alegre. Até agora, os paulistanos têm acesso apenas ao celular analógico, serviço oferecido pela Telesp desde agosto de 93. Existem cerca de 750 mil linhas em funcionamento na Grande São Paulo. A fila da Telesp Celular conta com 2,8 milhões de inscritos.
Empresas do setor estimam que a fila de espera dure ainda cerca de dois anos, mesmo com a implantação do celular digital.
Sem interferência
A nova tecnologia chega com a promessa de eliminar alguns dos problemas que mais incomodam os usuários do sistema analógico: ligações que caem a toda hora ou que simplesmente não podem ser feitas ou recebidas em determinados pontos da cidade.
O sistema digital é menos sensível a interferências e tem capacidade para um grande número de ligações em um único canal de voz. Permite o recebimento de mensagens de pager e a identificação de chamadas. Uma desvantagem: o preço do aparelho digital ainda é mais alto que o analógico.
O celular digital, garante a BCP, é compatível com os analógicos. Dentro da área de cobertura -no caso da região metropolitana de São Paulo, o DDD 011-, pode receber e fazer ligações para qualquer celular e para telefones fixos.
Mas para que o celular digital de São Paulo possa ser utilizado nas outras cidades -uma operação conhecida como roaming- a BCP precisa fazer um contrato com a Telebrás e com as operadoras de cada área.



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