|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
AUTOMÓVEIS
"Abrir" balanços é condição para novo acordo
Montadora só aceita auditoria parcial
FERNANDO GODINHO
da Sucursal de Brasília
Na reunião que terá hoje com o
governo para discutir um novo
acordo emergencial para o setor
automotivo, a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de
Veículos Automotores) defenderá
uma "auditoria parcial" no balanço das empresas do setor.
O novo acordo terá como base
uma auditoria nos balanços das
montadoras, conforme disse na semana passada o secretário de Política Industrial do Ministério do
Desenvolvimento, Hélio Mattar.
Com a auditoria, o governo quer
verificar se a desvalorização do
real justifica os aumentos de até
9,98% anunciados na semana passada pelas montadoras.
A Folha apurou que a Anfavea só
admite liberar informações sobre
os custos com fornecedores
-mais precisamente, as compras
de componentes importados destinados aos carros produzidos no
país- e sobre o efeito dessas despesas nas suas tabelas de preço.
A desvalorização do real foi a
principal justificativa das montadoras para aumentar seus preços,
o que inviabilizou a prorrogação
do acordo (que previa a redução
das alíquotas do IPI e descontos
por parte da indústria).
O governo quer saber qual será a
rentabilidade das empresas com os
novos preços. Caso a auditoria
mostre que a rentabilidade proporcionada pelos aumentos será
maior que o padrão internacional
(entre 14% e 17% do patrimônio líquido, segundo Mattar), o governo
suspenderá as negociações.
Com uma rentabilidade abaixo
ou igual a esse padrão internacional, o governo admite manter a redução no IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), apesar
dos novos preços.
Seria negociado um pequeno aumento da alíquota em relação ao
percentual vigente durante o acordo (5% para carros populares e
17% para carros médios).
A recusa da Anfavea em abrir indiscriminadamente os balanços
das montadoras se deve a dois motivos, conforme apurou a Folha.
A entidade sabe que as montadoras não admitem revelar dados estratégicos contidos nos seus balanços para outras empresas do setor.
Além disso, uma auditoria generalizada nos balanços passaria a
impressão de que a idoneidade do
setor está sendo questionada.
O IPI com alíquotas reduzidas
tem validade até o próximo dia 17.
Na sexta-feira passada, o governo
publicou um decreto prorrogando
para o próximo dia 26 a vigência
do IPI reduzido.
O decreto atropelou as negociações que estão sendo feitas por Hélio Mattar. A revogação do decreto
foi publicada na edição de ontem
do "Diário Oficial" da União.
Os sindicalistas que participam
da reunião de hoje vão tentar garantir a prorrogação do acordo por
um período maior. Eles querem
uma validade de 120 dias, o que garantiria o emprego nas fábricas
praticamente até o final do ano.
Colaborou
Mauricio Esposito, da Reportagem
Local
Texto Anterior: "Crise financeira está enfraquecida" Próximo Texto: Luís Nassif: Construir o passado e o futuro Índice
|