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VISÃO DE FUTURO
Para presidente da Abag, preparar o setor para ser competitivo no mercado externo melhora o interno
Congresso define aperfeiçoamento do agronegócio
DA REPORTAGEM LOCAL
Um dos principais articuladores do 1º Contag, o congresso de
economia rural que traçou as linhas do desenvolvimento do
agronegócio do país 18 anos atrás,
Roberto Rodrigues volta à carga
com o 1º Congresso Brasileiro de
Agribusiness. Para Rodrigues,
atual presidente da Abag (Associação Brasileira do Agronegócio), o momento é bastante oportuno para esse tipo de discussão.
Segundo ele, a meta do congresso é definir a estratégia que será
aplicada ao agronegócio nos próximos dez anos. Em vez de discutir a profissionalização do setor,
como foi feito durante o Contag,
pois ela já é uma realidade, a idéia
é discutir como o Brasil pode ser
ainda mais competitivo interna e
externamente.
Ao final do congresso, diz Rodrigues, será divulgada carta de
metas com três pontos principais:
novas políticas para o agronegócio, novas legislações para o setor
e definir qual o papel do setor privado nessa área no país. "Assim,
será possível discutir as melhores
formas de aumentar nossa competitividade no exterior."
Para Rodrigues, que também já
foi presidente da Aliança Internacional de Cooperativas, preparar
o setor para competir no exterior
trará, inevitavelmente, benefícios
para o mercado interno.
Oportunismo
O momento para esse congresso
não podia ser mais oportuno. Por
um lado, as eleições de outubro
oferecem aos produtores um canal direto com os políticos que estarão no poder nos próximos
anos. Segundo Rodrigues, a idéia
é apresentar a carta de metas aos
candidatos e avaliar qual o apoio
deles às estratégias ali definidas.
"Isso vai determinar, entre outras
coisas, quem vai receber nosso
apoio ou, até, a quem vetaremos
qualquer tipo de apoio."
Assim, antes mesmo de eleitos,
os candidatos já estarão comprometidos, ao menos em alguns
pontos estratégicos, com os produtores rurais do país.
Outro ponto favorável à realização do congresso neste momento,
diz o presidente da Abag, é o agravamento da desigualdade social
no mundo. Segundo ele, o agronegócio é a atividade ideal para
combater esse problema, dado o
volume de empregos que gera e o
alívio que promove nos grandes
centros urbanos com a migração
para o interior.
Para Rodrigues, o ideal não apenas para o agronegócio brasileiro,
mas mundial, seria a total e irrestrita abertura dos mercados externos. Isso, porém, é uma utopia,
diz. Dessa forma, enquanto uma
abertura maior não vem, é preciso
que o Brasil coloque claramente
suas armas na mesa.
"Precisamos valorizar nosso
mercado interno, que é um dos
maiores do mundo. Temos que
nos estruturar para enfrentar tudo, dentro e fora do país."
OMC
Segundo ele, o Brasil precisa ser
pragmático, principalmente nas
disputas na OMC (Organização
Mundial do Comércio). "Eles não
vão baixar suas tarifas só porque a
gente quer", diz. A OMC, diz, tem
que ser utilizada como um mecanismo para se proteger de abusos.
"Se os países ricos querem proteger seus mercados, tudo bem,
desde que isso não altere preços
internacionais, prejudicando outras nações, como o Brasil."
Rodrigues faz uma crítica quanto à atuação do Brasil na OMC.
Segundo ele, os diplomatas brasileiros evoluíram muito nos últimos anos mas, ainda assim, estão muito "diplomáticos" nas questões agrícolas.
"As conversas na OMC têm que ter menos diplomacia e mais negociação. Temos que jogar duro naqueles pontos em que temos argumentos." (JOSÉ SERGIO OSSE)
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