São Paulo, terça-feira, 11 de junho de 2002

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VISÃO DE FUTURO

Para presidente da Abag, preparar o setor para ser competitivo no mercado externo melhora o interno

Congresso define aperfeiçoamento do agronegócio

DA REPORTAGEM LOCAL

Um dos principais articuladores do 1º Contag, o congresso de economia rural que traçou as linhas do desenvolvimento do agronegócio do país 18 anos atrás, Roberto Rodrigues volta à carga com o 1º Congresso Brasileiro de Agribusiness. Para Rodrigues, atual presidente da Abag (Associação Brasileira do Agronegócio), o momento é bastante oportuno para esse tipo de discussão.
Segundo ele, a meta do congresso é definir a estratégia que será aplicada ao agronegócio nos próximos dez anos. Em vez de discutir a profissionalização do setor, como foi feito durante o Contag, pois ela já é uma realidade, a idéia é discutir como o Brasil pode ser ainda mais competitivo interna e externamente.
Ao final do congresso, diz Rodrigues, será divulgada carta de metas com três pontos principais: novas políticas para o agronegócio, novas legislações para o setor e definir qual o papel do setor privado nessa área no país. "Assim, será possível discutir as melhores formas de aumentar nossa competitividade no exterior."
Para Rodrigues, que também já foi presidente da Aliança Internacional de Cooperativas, preparar o setor para competir no exterior trará, inevitavelmente, benefícios para o mercado interno.

Oportunismo
O momento para esse congresso não podia ser mais oportuno. Por um lado, as eleições de outubro oferecem aos produtores um canal direto com os políticos que estarão no poder nos próximos anos. Segundo Rodrigues, a idéia é apresentar a carta de metas aos candidatos e avaliar qual o apoio deles às estratégias ali definidas. "Isso vai determinar, entre outras coisas, quem vai receber nosso apoio ou, até, a quem vetaremos qualquer tipo de apoio."
Assim, antes mesmo de eleitos, os candidatos já estarão comprometidos, ao menos em alguns pontos estratégicos, com os produtores rurais do país.
Outro ponto favorável à realização do congresso neste momento, diz o presidente da Abag, é o agravamento da desigualdade social no mundo. Segundo ele, o agronegócio é a atividade ideal para combater esse problema, dado o volume de empregos que gera e o alívio que promove nos grandes centros urbanos com a migração para o interior.
Para Rodrigues, o ideal não apenas para o agronegócio brasileiro, mas mundial, seria a total e irrestrita abertura dos mercados externos. Isso, porém, é uma utopia, diz. Dessa forma, enquanto uma abertura maior não vem, é preciso que o Brasil coloque claramente suas armas na mesa.
"Precisamos valorizar nosso mercado interno, que é um dos maiores do mundo. Temos que nos estruturar para enfrentar tudo, dentro e fora do país."

OMC
Segundo ele, o Brasil precisa ser pragmático, principalmente nas disputas na OMC (Organização Mundial do Comércio). "Eles não vão baixar suas tarifas só porque a gente quer", diz. A OMC, diz, tem que ser utilizada como um mecanismo para se proteger de abusos. "Se os países ricos querem proteger seus mercados, tudo bem, desde que isso não altere preços internacionais, prejudicando outras nações, como o Brasil."
Rodrigues faz uma crítica quanto à atuação do Brasil na OMC. Segundo ele, os diplomatas brasileiros evoluíram muito nos últimos anos mas, ainda assim, estão muito "diplomáticos" nas questões agrícolas.
"As conversas na OMC têm que ter menos diplomacia e mais negociação. Temos que jogar duro naqueles pontos em que temos argumentos."
(JOSÉ SERGIO OSSE)

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