UOL


São Paulo, quarta-feira, 11 de junho de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ANO DO DRAGÃO

Especialistas esperavam recuo maior do IPCA em maio; núcleo da taxa medido pelo BC fica quase estável

Inflação cai ao patamar de agosto de 2002

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

A inflação de maio caiu, mas menos do que esperavam os especialistas. O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor - Amplo) ficou em 0,61%, informou ontem o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Em abril, havia sido de 0,97%.
A taxa de maio é a menor desde agosto de 2002, quando ficou em 0,65%. O índice, oficial do governo e que serve de referência para a meta de inflação, voltou aos níveis de antes da desvalorização cambial do período pré-eleitoral.
Nos cinco primeiros meses de 2003, o IPCA acumula alta de 6,80% -apenas 1,7 ponto percentual menor do que a meta de 8,5% para todo o ano.
Apesar de o resultado ter ficado acima do que previam analistas de mercado -de 0,50% a 0,60%-, os preços caíram de modo generalizado, o núcleo da inflação também cedeu, o dólar está mais baixo e não existe previsão de novas pressões inflacionárias no curto prazo.
O núcleo de "médias aparadas suavizadas", que é divulgado pelo Banco Central na ata do Copom, foi o único que manteve-se em um patamar elevado. Registrou uma modesta queda, de 1,10% em abril para 1% em maio.
Segundo a economista do IBGE Eulina Nunes dos Santos, dois fatores puxaram a inflação para baixo: a queda do dólar, que praticamente anulou a pressão de custos repassados ao consumidor, e o efeito positivo da safra agrícola sobre os alimentos.
Além disso, afirmou ela, muitos produtos que enfrentavam problemas climáticos, como frutas e hortaliças, recuaram com força. Os alimentos subiram 0,63%, contra 1,01% em abril. O destaque de alta foi o arroz (14,46%), devido à quebra de safra.
Com um aumento de 6,45%, a energia elétrica foi a vilã da inflação em maio. A alta refletiu o início da cobrança da taxa de iluminação pública nas seis regiões metropolitanas pesquisadas. O item teve impacto de 0,27 ponto percentual no IPCA. O resultado mais do que anulou o efeito das quedas da gasolina (3,38%) e do álcool (3,88%), cuja contribuição negativa foi de 0,21 ponto.
Apesar da elevação da energia, os preços administrados e as tarifas públicas subiram menos em maio: 0,81%, contra 1,24% em abril, de acordo com cálculo da Tendências Consultoria.
Marcela Prada, da Tendências, afirmou que alguns itens resistem a cair, mostrando ainda o efeito da inércia inflacionária. É o caso dos serviços, cuja alta apurada por ela a partir dos dados do IBGE foi de 1,15%. Disse, no entanto, que a tendência não se sustenta porque o consumo não irá se recuperar tão cedo.


Texto Anterior: Painel S.A.
Próximo Texto: Mantega diz que cenário favorece queda dos juros
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.