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ANO DO DRAGÃO
Especialistas esperavam recuo maior do IPCA em maio; núcleo da taxa medido pelo BC fica quase estável
Inflação cai ao patamar de agosto de 2002
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
A inflação de maio caiu, mas
menos do que esperavam os especialistas. O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor - Amplo) ficou em 0,61%, informou ontem o
IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Em abril, havia sido de 0,97%.
A taxa de maio é a menor desde
agosto de 2002, quando ficou em
0,65%. O índice, oficial do governo e que serve de referência para a
meta de inflação, voltou aos níveis
de antes da desvalorização cambial do período pré-eleitoral.
Nos cinco primeiros meses de
2003, o IPCA acumula alta de
6,80% -apenas 1,7 ponto percentual menor do que a meta de
8,5% para todo o ano.
Apesar de o resultado ter ficado
acima do que previam analistas
de mercado -de 0,50% a
0,60%-, os preços caíram de
modo generalizado, o núcleo da
inflação também cedeu, o dólar
está mais baixo e não existe previsão de novas pressões inflacionárias no curto prazo.
O núcleo de "médias aparadas
suavizadas", que é divulgado pelo
Banco Central na ata do Copom,
foi o único que manteve-se em
um patamar elevado. Registrou
uma modesta queda, de 1,10% em
abril para 1% em maio.
Segundo a economista do IBGE
Eulina Nunes dos Santos, dois fatores puxaram a inflação para baixo: a queda do dólar, que praticamente anulou a pressão de custos
repassados ao consumidor, e o
efeito positivo da safra agrícola
sobre os alimentos.
Além disso, afirmou ela, muitos
produtos que enfrentavam problemas climáticos, como frutas e
hortaliças, recuaram com força.
Os alimentos subiram 0,63%,
contra 1,01% em abril. O destaque
de alta foi o arroz (14,46%), devido à quebra de safra.
Com um aumento de 6,45%, a
energia elétrica foi a vilã da inflação em maio. A alta refletiu o início da cobrança da taxa de iluminação pública nas seis regiões metropolitanas pesquisadas. O item
teve impacto de 0,27 ponto percentual no IPCA. O resultado
mais do que anulou o efeito das
quedas da gasolina (3,38%) e do
álcool (3,88%), cuja contribuição
negativa foi de 0,21 ponto.
Apesar da elevação da energia,
os preços administrados e as tarifas públicas subiram menos em
maio: 0,81%, contra 1,24% em
abril, de acordo com cálculo da
Tendências Consultoria.
Marcela Prada, da Tendências,
afirmou que alguns itens resistem
a cair, mostrando ainda o efeito
da inércia inflacionária. É o caso
dos serviços, cuja alta apurada
por ela a partir dos dados do IBGE
foi de 1,15%. Disse, no entanto,
que a tendência não se sustenta
porque o consumo não irá se recuperar tão cedo.
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