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São Paulo, quarta-feira, 11 de junho de 2003

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TÍTULOS

Demanda pela 2ª emissão no governo Lula chega a US$ 4,5 bi; vencimento é em dez anos, com rendimento de 10,58% anuais

BC capta US$ 1,25 bi no mercado externo

LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Banco Central lançou ontem, pela segunda vez neste ano, títulos no mercado internacional para obter empréstimo de US$ 1,25 bilhão. Segundo a Folha apurou, a demanda pelos papéis foi 3,6 vezes o valor inicial, chegando a algo em torno de US$ 4,5 bilhões.
Mas o BC preferiu fechar a operação em US$ 1,25 bilhão mesmo. Devido à forte procura pelos títulos brasileiros, a taxa final de juros paga ao investidor saiu menor do que a expectativa inicial do governo. Os títulos, com prazo de vencimento de dez anos, renderão 10,58% ao ano aos compradores.
A sobretaxa em relação ao rendimento dos títulos do Tesouro dos EUA de mesmo prazo (uma das medidas do risco-país) foi de 7,38 pontos percentuais. O BC calculava pagar cerca de 0,10 ponto percentual acima disso.
Logo depois de fechada a emissão, começou a demanda pelos papéis no mercado secundário. Segundo a Folha apurou, os papéis estavam sendo negociados no fim do dia com ágio de 0,5% sobre o preço de venda pelo Tesouro Nacional, que foi de 97,993% do seu valor de face.
O dinheiro ingressa no dia 17 deste mês e vai direto para as reservas internacionais do país, que somam US$ 43,3 bilhões brutos, incluindo os empréstimos do FMI (Fundo Monetário Internacional). Os recursos poderão ser usados, por exemplo, para o pagamento de juros e amortizações da dívida externa.
O anúncio do empréstimo, no entanto, não foi suficiente para derrubar a cotação do dólar, que fechou ontem em R$ 2,87, com alta de 0,17% sobre o dia anterior.
A primeira captação de recursos no exterior feita no governo Lula foi em abril, no valor de US$ 1 bilhão, depois de um jejum de um ano sem obter recursos com a banca estrangeira. O prazo foi de três anos e sete meses e, ainda assim, a taxa ao investidor foi maior do que a da atual captação, de 10,70% ao ano.
No começo de 2002, o BC antecipou todas as captações programadas para o ano, já prevendo período de dificuldade nos meses seguintes, devido à sucessão presidencial. Assim, o BC tomou nos quatro primeiros meses do ano passado empréstimos de US$ 3,94 bilhões.
Segundo o secretário do Tesouro Nacional, Joaquim Levy, o governo ainda deve captar neste ano cerca de US$ 1 bilhão no mercado internacional. O plano do BC é tomar empréstimos externos no valor de US$ 3 bilhões em 2003.
Desde a semana passada, quando o risco-país aproximou-se de 700 pontos (equivalente a sete pontos percentuais acima da taxa dos títulos do Tesouro americano), que o mercado esperava novo empréstimo externo do BC. Ontem, o risco-país, medido pelo índice Embi do banco JP Morgan, fechou em queda.

"Cláusulas de calote"
Assim como na emissão passada, os novos títulos contarão com as chamadas "cláusulas de calote" -ou CACs (Cláusulas de Ação Coletiva). Esse instrumento permite que países renegociem suas dívidas externas contando com a aprovação de uma parcela dos credores -85% no caso brasileiro, segundo o BC.
Em abril, o diretor de Assuntos Internacionais do BC, Beny Parnes, havia informado que todas as captações a partir daquela data contariam com as CACs.


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