UOL


São Paulo, quarta-feira, 11 de junho de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Armínio errou ao fixar metas, diz Mendonça

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga errou muito no governo FHC. Essa opinião rigorosa é do ex-ministro Luiz Carlos Mendonça de Barros, feita ontem no seminário promovido pela Câmara dos Deputados para discutir o projeto de autonomia do BC.
Segundo Mendonça de Barros, as metas de inflação excessivamente rígidas fixadas pelo governo durante a gestão de Armínio no BC frearam o crescimento da economia brasileira.
"O Armínio foi um dos pais dessa idéia tecnicista de inflação baixa e de metas rígidas. O estrago técnico pode ser muitas vezes maior que o estrago ético", disse.
De acordo com o ex-ministro, as metas de inflação excessivamente baixas obrigaram o BC a adotar taxas de juros excessivamente altas, freando o crescimento da economia. Para este ano, a meta é de 4%, com uma margem de tolerância de 2,5 pontos percentuais para cima ou para baixo.
"E se fixar a meta dos próximos anos em 4%, como dizem por aí, o governo Lula estará fadado ao fracasso em termos de crescimento econômico e distribuição de renda", disse.
O deputado Delfim Netto (PP-SP) também fez críticas às metas de inflação, em especial às chamadas "metas ajustadas" adotadas pelo BC.
"Meta ajustada" é o nome dado às mudanças na meta de inflação feitas pelo BC devido aos choques sofridos pela economia brasileira. Para este ano, a meta ajustada é de 8,5%. "É uma meta obviamente impossível de ser cumprida. É uma questão de aritmética, não é nem de economia", afirmou. O mercado estima que a inflação vá ficar em torno de 12%.
O ex-presidente do BC Carlos Langoni, por sua vez, disse que países com inflação superior a 5% ao ano não conseguem crescer de maneira sustentável.
Já o economista Ibrahim Eris, também ex-presidente do BC, defendeu que as metas de inflação fixadas pelo governo sejam revistas periodicamente, para evitar que o país seja obrigado a conviver com juros muitos elevados para que os preços fiquem sob controle.
Procurado pela Folha, Armínio Fraga não respondeu às críticas feitas por Luiz Carlos Mendonça de Barros.


Texto Anterior: Frases
Próximo Texto: Enéas derruba microfone e arranca risos
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.