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Armínio errou ao fixar
metas, diz Mendonça
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga errou muito
no governo FHC. Essa opinião rigorosa é do ex-ministro Luiz Carlos Mendonça de Barros, feita ontem no seminário promovido pela Câmara dos Deputados para
discutir o projeto de autonomia
do BC.
Segundo Mendonça de Barros,
as metas de inflação excessivamente rígidas fixadas pelo governo durante a gestão de Armínio
no BC frearam o crescimento da
economia brasileira.
"O Armínio foi um dos pais dessa idéia tecnicista de inflação baixa e de metas rígidas. O estrago
técnico pode ser muitas vezes
maior que o estrago ético", disse.
De acordo com o ex-ministro,
as metas de inflação excessivamente baixas obrigaram o BC a
adotar taxas de juros excessivamente altas, freando o crescimento da economia. Para este ano, a
meta é de 4%, com uma margem
de tolerância de 2,5 pontos percentuais para cima ou para baixo.
"E se fixar a meta dos próximos
anos em 4%, como dizem por aí, o
governo Lula estará fadado ao fracasso em termos de crescimento
econômico e distribuição de renda", disse.
O deputado Delfim Netto (PP-SP) também fez críticas às metas
de inflação, em especial às chamadas "metas ajustadas" adotadas
pelo BC.
"Meta ajustada" é o nome dado
às mudanças na meta de inflação
feitas pelo BC devido aos choques
sofridos pela economia brasileira.
Para este ano, a meta ajustada é de
8,5%. "É uma meta obviamente
impossível de ser cumprida. É
uma questão de aritmética, não é
nem de economia", afirmou. O
mercado estima que a inflação vá
ficar em torno de 12%.
O ex-presidente do BC Carlos
Langoni, por sua vez, disse que
países com inflação superior a 5%
ao ano não conseguem crescer de
maneira sustentável.
Já o economista Ibrahim Eris,
também ex-presidente do BC, defendeu que as metas de inflação fixadas pelo governo sejam revistas
periodicamente, para evitar que o
país seja obrigado a conviver com
juros muitos elevados para que os
preços fiquem sob controle.
Procurado pela Folha, Armínio
Fraga não respondeu às críticas
feitas por Luiz Carlos Mendonça
de Barros.
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