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Alta de preço leva país a exportar menos carne
Brasil vendeu 20% menos entre janeiro e maio
MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO
A crise mundial dos alimentos chegou também às carnes.
A forte aceleração dos preços
nos últimos meses está fazendo
com que muitos países pisem
no freio das importações.
É o que apontam os dados
mais recentes da Abiec (Associação Brasileira das Indústrias
Exportadoras de Carnes), divulgados ontem pelo novo presidente da entidade, Roberto
Giannetti da Fonseca.
O embargo europeu à carne
"in natura", desde o início do
ano, também ajudou na queda
das exportações brasileiras.
Além disso, o país vive um momento de menor oferta de gado
e de preços em alta. A arroba
atingiu R$ 90 em São Paulo, ontem, segundo o Instituto FNP.
As exportações totais de carne bovina recuaram 26% no
mês passado, em volume, em
relação ao mesmo mês de 2007.
Já o acumulado dos primeiros
cinco meses mostram que as
empresas brasileiras colocaram 921 mil toneladas de carne
bovina no mercado externo,
volume 20% inferior ao de
igual período do ano passado.
Se forem consideradas apenas as vendas de carnes "in natura", de maior valor e que sofrem o embargo europeu, as quedas são ainda maiores: 29%
em maio sobre igual mês anterior e 26% nos cinco primeiros
meses do ano.
Com o novo cenário externo,
o Brasil deverá registrar queda
no volume de carne exportada
pela primeira vez nos últimos
cinco anos, segundo Giannetti.
Na sua avaliação, as exportações totais ficarão próximas de
2 milhões de toneladas -em
2007, foram 2,5 milhões.
Mas se o volume cai, o mesmo não ocorre com as receitas,
apesar da valorização do real.
Em maio, as exportações do setor renderam US$ 478 milhões
ao país, 7,7% mais do que em
igual mês de 2007. Já o acumulado em cinco meses indica receitas de US$ 2,1 bilhões, 10%
mais do que as de janeiro a
maio do ano passado.
Entre os países que mais cortaram as importações de carnes
"in natura" em maio, estão Itália (81%), Reino Unido (68%),
Egito (62%) e Filipinas (55%).
Líder mundial
O Brasil é o líder mundial nas
exportações de carne bovina.
De cada três quilos negociados
no mercado externo, um sai do
país. Apesar de o mercado estar
cada vez mais competitivo, a indústria frigorífica quer manter
a liderança, mas tem algumas
pendências para resolver.
Uma delas é a questão da rastreabilidade. A pouca adesão
dos pecuaristas a esse sistema
preocupa a Abiec, segundo o diretor-executivo Luiz Carlos
Oliveira. A rastreabilidade é estratégica para o país. Além de
possibilitar aumento de exportações para a Europa, serve de
marketing para o produto brasileiro, segundo Oliveira.
Giannetti diz que a Abiec vai
caminhar com a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) nessa questão,
dando apoio aos pecuaristas
para que adotem a prática da
rastreabilidade, "agora com
mais seriedade e efetividade".
Entre as prioridades da nova
administração da Abiec, está a
abertura do mercado dos EUA,
país que paga mais pela carne
bovina mas que também exige
um produto de qualidade superior. Na avaliação de Giannetti,
hoje o país tem condições de
voltar a essas negociações.
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