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BANCOS
Sócio admite que problema na Ásia "foi um catalisador da decisão"; pagamento inclui parte fixa e outra variável
Crise asiática acelerou venda do Garantia
VANESSA ADACHI
da Reportagem Local
A crise asiática de outubro ajudou os sócios do banco de investimentos Garantia a tirar a instituição da encruzilhada em que se encontrava há algum tempo: se tornar um banco global, com ampla
capacidade de distribuição e custos diluídos, ou se restringir a ser
um banco de nicho. Basicamente,
o dilema atual de todas as instituições semelhantes a ele.
Depois dos prejuízos na crise
-US$ 110 milhões na matriz brasileira-, os sócios ficaram com a
primeira opção e cederam ao assédio de um dos maiores bancos de
investimentos do mundo, o Credit
Suisse First Boston.
"A crise foi um catalisador da
decisão. Não porque tenha criado
um problema financeiro. O banco
não quebrou. Mas foi a primeira
crise que não teve relação com os
fundamentos da economia do país
e nos fez pensar nos prós e contras
da venda", disse Carlos Eduardo
Castanho, um dos sócios que está
vendendo sua participação, durante o anúncio da transação.
Já o principal executivo do Credit Suisse, Lukas Muhlemann, disse que a aquisição do grupo Garantia "caiu como uma luva" nos
planos estratégicos do grupo suíço
na América Latina.
Falando em Zurique (Suíça), durante teleconferência internacional sobre a aquisição, Muhlemann
disse que o grupo fará de São Paulo "o eixo" de suas atividades na
América Latina, oferecendo aos
investidores estrangeiros cada vez
mais acesso ao mercado brasileiro.
"O Garantia é uma plataforma
sem rival para consolidar a liderança do grupo na América Latina
no próximo milênio", afirmou.
O negócio, talvez o mais esperado da história recente do mercado
bancário brasileiro, foi fechado na
terça-feira, depois de quase cinco
meses de namoro.
Para a venda do Garantia, incluindo a corretora e a distribuidora de valores e o banco nas Bahamas, foi desenhado um sofisticado plano de pagamento, com
uma parte fixa e outra variável.
Na fixa, serão pagos US$ 675 milhões, sendo US$ 200 milhões em
dinheiro e US$ 475 milhões em
ações do grupo Credit Suisse. As
ações serão liberadas em quatro
parcelas no prazo de três anos. Esse número é muito pouco superior
ao valor patrimonial do grupo, de
US$ 600 milhões.
A parte móvel do pagamento,
cujos detalhes são mantidos em
segredo, variará de acordo com o
desempenho alcançado pelo banco nos próximos três anos. Carlos
Castanho não fez estimativas do
rendimento adicional que isso poderá gerar aos sócios.
A Folha apurou que o valor final
investido pelo Credit Suisse pode
passar de US$ 1 bilhão até 2001.
Tomando o valor do Credit Suisse na Bolsa de Zurique, em torno
de US$ 50 bilhões, as ações que serão transferidas aos sócios darão a
eles quase 1% do grupo.
Além dos 19 sócios, um grupo de
94 funcionários do banco, do total
de 300, foi selecionado para fazer
parte de um programa de retenção. A idéia é reter as pessoas-chave. Também eles serão bonificados em função do desempenho e
receberão ações do grupo.
Lukas Muhlemann disse que o
grupo suíço espera obter uma taxa
de retorno de 15% a 20%, dentro
de três anos, do investimento para
a aquisição do grupo brasileiro e
que o custo da integração será de
US$ 30 milhões a US$ 35 milhões.
Conforme o esperado, deixam o
banco Jorge Paulo Lemann, Cláudio Haddad, Marcel Hermann
Telles e Carlos Alberto Sicupira.
Saem também Fred Packard e
Guilherme Arinos, pai do presidente do BC, Gustavo Franco.
Lemann terá um cargo no conselho do CSFB. Telles continuará
presidindo a Brahma, e Sicupira
permanecerá como principal executivo da GP Participações, empresa de participações dos sócios
mais antigos do banco.
Mesmo os outros 13 sócios que
ficam no banco, com Fernando
Prado à frente, também venderam
suas participações e passam a ser
executivos do CSFB.
Ainda não se sabe quem presidirá a instituição, mas Lukas Muhlemann informou que um membro
do conselho mundial de administração do CSG será indicado para
conduzir as atividades no Brasil.
Colaborou Antonio Carlos Seidl, da Reportagem
Local
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