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TCU condena repasse às centrais
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O TCU (Tribunal de Contas da
União) determinou a suspensão
do repasse às centrais sindicais, à
Fiesp e a um instituto destinado à
qualificação profissional de trabalhadores. A decisão decorre de irregularidades nas prestações de
contas e fraudes verificadas em
sucessivas auditorias nos últimos
quatro anos no Planfor (Plano
Nacional de Qualificação do Trabalhador).
Além das três centrais sindicais
-CUT (Central Única dos Trabalhadores), Força Sindical e SDS
(Social Democracia Sindical)-, a
decisão alcança a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de
São Paulo) e o ICT (Instituto Cultural do Trabalho), que também
recebiam recursos públicos do
FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) para o treinamento dos
trabalhadores.
"A suspensão dos repasses justifica-se para inibir maiores perdas
de recursos públicos, as quais já
vêm ocorrendo, como fica evidente nas irregularidades no uso
dos recursos em treinamento,
quando foram identificados vários casos de trabalhadores e instrutores realizando mais de um
curso no mesmo horário e em locais diferentes", diz o relatório votado anteontem pelo TCU.
"Precisamos acatar as decisões
do tribunal", disse ontem à noite
o secretário de Políticas Públicas e
Emprego do Ministério do Trabalho, Remígio Todeschini. Pouco
antes, o ministério anunciara a reformulação do Planfor.
Segundo Todeschini, nos seis
primeiros meses de governo do
presidente Luiz Inácio Lula da Silva não foram liberadas verbas para a qualificação profissional.
"Devido a problemas que contaminaram o Planfor, houve uma
decisão política de criar um novo
plano", comentou o secretário.
Ele disse que as novas regras têm
base em auditorias e recomendações feitas pelo TCU desde 1999,
quando foram detectados indícios iniciais de fraude.
A nova auditoria do TCU analisa as prestações de contas do dinheiro transferido às centrais sindicais em 2000, 2001 e 2002. Nesse
período, o Ministério do Trabalho
não teria tomado providências
para garantir maior rigor na
transferência do dinheiro. Só em
2001, foram repassados às centrais R$ 107,9 milhões.
Por determinação do TCU, o
Ministério do Trabalho terá de
reexaminar as prestações de contas dos últimos anos.
O relatório do ministro do TCU
Lincoln Magalhães da Rocha lista
fatos considerados "graves" na
administração dos recursos pelas
centrais sindicais. Exemplos:
1 - CUT: o trabalhador Adão de
Jesus Evling Naysinger, que residiria em Gravataí, teria realizado
25 cursos em mais de seis municípios diferentes.
2 - SDS: ao chegar à Federação
dos Empregados em Turismo e
Hospitalidade do Estado de São
Paulo, local de cursos da principal
contratada da central, os fiscais
verificaram que os cursos inexistiam. A Qualivida (contratada pela central para dar o treinamento)
recebeu R$ 6,3 milhões em 2001.
3 - Força Sindical: 5.269 trabalhadores participaram de cursos
em períodos simultâneos. Procurados por telefone, 1.700 não confirmaram a conclusão dos cursos.
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