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TRANSPORTES
Medida, a ser anunciada nos próximos dias, visa compensar a falta de recursos da Infraero
Governo vai liberar aeroportos privados
LÁSZLÓ VARGA
DA REPORTAGEM LOCAL
O Ministério da Defesa vai liberar à iniciativa privada a administração e a construção de aeroportos comerciais. O objetivo é garantir a expansão da infra-estrutura do país, pois a Infraero, estatal especializada no setor, não
pretende investir em novos aeroportos até 2007.
A Folha apurou que a abertura
para o capital privado será regulamentada no novo marco regulatório da aviação, que deve ser
anunciado nas próximas semanas. O Conac (Conselho Nacional
de Aviação Civil), que reúne representantes de ministérios como
os da Defesa, da Fazenda, do Desenvolvimento e da Casa Civil,
preparou a nova legislação.
A administração ou a construção de aeroportos pela iniciativa
privada será liberada, mas necessitará sempre da autorização do
governo (que terá o direito de
propriedade dos locais).
Há 737 aeroportos de uso público no Brasil. Só 65 são administrados pela Infraero (Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária). Eles representam 97% da
movimentação de passageiros e
cargas. Os outros aeroportos pertencem a Estados e municípios.
Alguns, como o de Porto Seguro
(BA), já são administrados pela
iniciativa privada, via autorização
excepcional do DAC (Departamento de Aviação Civil).
O Ministério da Defesa quer regulamentar de forma definitiva a
existência de aeroportos construídos ou administrados pela iniciativa privada.
Apesar da crise nas companhias
aéreas, especialistas em aviação
afirmam que há espaço para esse
tipo de negócio no Brasil. Mas fora dos grandes centros urbanos.
Segundo eles, municípios em Mato Grosso do Sul, por exemplo,
geram muita renda com a agricultura, mas ainda não são atendidos
por aeroportos.
Administrar aeroportos pode
ser um excelente negócio, afirmam os analistas do setor. "Mas é
preciso que sejam feitos estudos
sérios sobre sua viabilidade comercial. Os municípios, a União e
a iniciativa privada precisam trabalhar juntos nisso", diz o consultor José Carlos Martinelli.
Em 2003, as tarifas dos aeroportos devem somar R$ 1,8 bilhão.
No ano passado, somente a Infraero faturou R$ 1,4 bilhão e teve
lucro líquido de R$ 176 milhões.
Isso apesar de não ter recebido o
pagamento de R$ 1,3 bilhão que as
grandes companhias aéreas lhe
devem. A dívida foi renegociada.
A Infraero afirma que não pretende administrar nem construir
nenhum aeroporto até 2007. A estatal tem um orçamento de R$ 5
bilhões até aquele ano, que serão
gastos na manutenção ou ampliação de terminais dos 65 aeroportos que administra atualmente.
Falta de verba
A maioria dos 737 aeroportos de
uso público do país são de pequeno porte. Segundo o diretor-executivo da Associação Brasileira de
Aviação Geral (Abag), Adalberto
Febeliano, que trabalha para a expansão da aviação no país, vários
poderiam ser administrados pela
iniciativa privada.
"Há diversas cidades onde caberia a administração privada de aeroportos. Estados e municípios
podem e têm aeroportos, mas
muitas vezes as cidades não têm
recursos para mantê-los", disse
Febeliano. Segundo ele, essa falta
de verba pode acarretar em acidentes com aviões.
A Sinart é uma das poucas empresas que já administram aeroportos comerciais no Brasil. A
partir de 1995 recebeu concessões
do governo baiano, com a autorização final do DAC, para administrar aeroportos.
A empresa administra os aeroportos de Porto Seguro, Lençóis,
Vitória da Conquista e Teixeira de
Freitas, todos na Bahia. A divisão
de aeroportos da Sinart faturou
R$ 4 milhões em 2002. Deve registrar um aumento na receita de
20% em 2003.
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