São Paulo, terça-feira, 11 de julho de 2006

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MERCADO ABERTO

Guilherme Barros @ - guilherme.barros@uol.com.br

Mantega desafia críticos a provar equívoco nas contas

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirma que são equivocadas as críticas que têm sido feitas aos números divulgados por ele sobre os investimentos públicos no governo Lula. Ele tem sido acusado de ter inflado os dados para mostrar que os investimentos públicos no atual governo foram maiores do que os do anterior.
Segundo Mantega, os dados usados por ele foram corretos e refletem a contabilidade nacional em vigor. "O quadro que apresentamos seguiu rigorosamente os dispositivos legais determinados pela Lei de Finanças Públicas 4.320, de 1964, que rege toda a contabilidade nacional até hoje", diz.
Na semana passada, Mantega suscitou uma grande polêmica ao divulgar números do investimento público de 1999 até hoje. O motivo foi o fato de ele ter calculado os dados com base no conceito de investimentos liquidados, que não significa que tenham sido sido efetivamente realizados. O governo sempre deixa uma boa parte dos investimentos de um ano para outro numa conta chamada restos a pagar, e muitas vezes esses gastos são cancelados.
Mantega não nega e tampouco desconhece essa sistemática. Seu argumento, no entanto, é que os dados apresentados por ele foram elaborados com base na legislação em vigor. Segundo o ministro, os números usados para o cálculo do investimento no governo anterior também obedeceram à mesma metodologia.
"Eu desafio alguém a me provar que os números não são legais", diz Mantega. "Se, por acaso, os critérios usados, que são legais, distorcem os dados, essa é uma outra discussão."
Mantega admite a possibilidade de discutir se esse é ou não o melhor critério para se calcular o investimento público, mas, até que não se mude a lei, não há, a seu ver, como mudar esse conceito.
O ministro diz que se usasse outra metodologia poderia ser acusado de estar distorcendo os dados, já que não estaria usando os dispositivos legais constantes na lei.
Mantega também nega que esteja fazendo campanha eleitoral à reeleição de Lula. Segundo ele, seu objetivo foi de mostrar que o investimento público começa a revelar sinais de recuperação.
De acordo com Mantega, o investimento público não será o mesmo que nas décadas de 60 e 70, quando o Estado tinha a função de motor da economia. Hoje, essa atribuição é do setor privado. Só que, agora, depois de um longo tempo em declínio, Mantega diz que o investimento público começa novamente a crescer.

MODA NA CABEÇA
Na semana da moda paulista, a Koleston pega uma carona até a passarela para lançar nova cartela de cores de cabelos. O objetivo do chamado Fashion Colors é aliar a marca aos conceitos da moda. Segundo Juliana Azevedo, diretora da Koleston, a idéia é mostrar para as clientes que o produto "acompanha os movimentos e o espírito do novo tempo". Nesta edição do São Paulo Fashion Week, os novos tons serão apresentados ao público no desfile da Forum. Mas o desfecho da parceria não coincide com o fim do evento. Após o desfile, as duas marcas permanecem unidas nas vitrines da grife e em outras ações de comunicação que ainda estão em fase de definição.

CASA DE MÁQUINAS
Para comemorar os US$ 80 milhões em vendas do Challenger 300 no último ano, a Ocean Air Taxi Aéreo, representante da canadense Bombardier, inaugura no fim de 2006, em SP, um depósito com peças de reposição para jatos executivos da marca. Trata-se de um depósito alfandegário com mais de 10 mil itens e investimento inicial de US$ 3 milhões para atender o mercado sul-americano. Para José Brandão, presidente da Ocean Air Taxi Aéreo, o depósito tem estrutura inédita e trará mais eficiência. "Hoje, quem precisa, tem que esperar pela importação, que falha. Imagine um proprietário que necessita de uma peça e fica com o avião parado por que a Receita está em greve", diz Brandão.

MUDANÇA NA FIESP
O conselho de representantes da Fiesp, principal departamento do órgão, decidiu ontem em reunião, por unanimidade, mudanças no estatuto. Entre elas, o mandato do presidente passará de três para quatro anos, com direito a apenas uma reeleição. As regras passam a valer a partir do próximo mandato, que começa em 28 de setembro de 2007.

POLÍTICA NO MENU
O ex-ministro do Planejamento Martus Tavares, participa de jantar-palestra da Anefac, no dia 25, em SP.

PETRÓLEO NO AR
A Continental Airlines teve recorde de ocupação em junho, com taxa consolidada de 84,5%, 2,3 pontos percentuais a mais que em 2005. A empresa tem dois vôos diários no Brasil. Entre eles, a rota Rio-SP-Houston, ocupada, principalmente, por executivos do petróleo.

POLÊMICA BRANCA
O Brasil dirige o olhar para o mercado de linha branca argentino. A comissão de monitoramento de comércio entre os vizinhos se reúne amanhã, em Buenos Aires, para tratar de exportação. Em 2004, os empresários brasileiros limitaram as vendas, desde que os argentinos não comprassem de outros países. Empresários brasileiros suspeitam que o acordo não foi cumprido.

AERONÁUTICA
A aeronáutica brasileira participa da Farnborough International Airshow, uma das mais importantes do setor, no Reino Unido, na próxima semana. Entre os destaques da participação brasileira está a apresentação de um simulador de vôo pelo consórcio de empresas HTA e um seminário para atração de investimentos para o país, realizado pela Apex.

SUBSTITUIÇÃO
Sérgio Framan Blatyta acaba de assumir a diretoria da tesouraria do banco de atacado do Santander Banespa, no lugar antes ocupado por Mário Toros.

UMA GRANDE LIÇÃO
Guido Mantega gostou da vitória da Itália, mas não por ser genovês. Ele diz que é 2,5% italiano e 95% brasileiro, já que veio para o Brasil com dois anos e meio. O que o fez torcer para a Itália foi o fato de a Azurra ter ido a forra das duas vitórias da França contra o Brasil em Copas passadas (86 e 98), além de ter feito a melhor campanha. Mantega acha que o episódio da cabeçada do Zidane serve como uma grande lição, que vale para a política. "A França poderia até ter ganho se o seu principal jogador não tivesse perdido a cabeça."

FRASE

Eu desafio alguém a me provar que os números não são legais. Se, por acaso, os critérios usados, que são legais, distorcem os dados, essa é uma outra discussão.


GUIDO MANTEGA ministro da Fazenda


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