São Paulo, terça-feira, 11 de julho de 2006

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Preço mínimo do leilão da Varig cai 81%

Valor oferecido pela VariLog cai de US$ 277 mi para US$ 52 mi; administradora aceita, e leilão é marcado para o dia 18

Segundo a Deloitte, lance refere-se só à linha de crédito oferecida pela ex-subsidiária para que a companhia sobrevivesse até a venda

JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO

A Justiça do Rio marcou o novo leilão da Varig para o próximo dia 18. A venda só ocorrerá se os credores aprovarem em assembléia marcada para o dia 17 a proposta de compra apresentada pela VarigLog.
Após uma audiência de mais de sete horas na Justiça do Rio, a administradora judicial da Varig, a consultoria Deloitte, avaliou que a proposta da VarigLog, com modificações, merece ir a leilão.
O preço mínimo de aquisição da companhia foi alterado de R$ 277 milhões, conforme o previsto na proposta da ex-subsidiária, para US$ 24 milhões (R$ 52,8 milhões). Segundo o administrador, o lance mínimo atual refere-se apenas à linha de crédito oferecida pela VarigLog para que a Varig sobrevivesse até a realização de um novo leilão.
De acordo com Luiz Alberto Fiore, sócio da Deloitte, os demais interessados em adquirir a companhia aérea precisarão oferecer lances superiores a US$ 24 milhões. Além disso, deverão se comprometer a emitir debêntures (títulos de dívida) para credores trabalhistas e com garantias contratuais, como o Aerus, fundo de pensão dos funcionários.
O interessado poderá emitir debêntures no valor de R$ 100 milhões com resgate em dez anos e remuneração fixa de 8,4% ao ano ou resgatáveis à vista por cerca de R$ 82 milhões. Haverá também o compromisso de investir na nova Varig US$ 75 milhões até 48 horas após a homologação da venda.
Em meio à discussão, a VarigLog realizou ontem o décimo primeiro depósito para garantir a sobrevivência da Varig. O valor não foi informado, mas até a última sexta-feira a ex-subsidiária já havia aportado US$ 11 milhões. A Varig tem usado os recursos para pagar despesas com combustível e tarifas. Ontem, a empresa pagou R$ 175 mil à Infraero referentes a tarifas aeroportuárias de hoje.
O limite estabelecido para a linha de crédito oferecida à Varig é de US$ 20 milhões. O presidente da Varig afirmou na última sexta que a renovação seria automática e que US$ 2 milhões ou US$ 3 milhões a mais não impediriam a conclusão da operação.
O principal ponto questionado pela Deloitte era o preço mínimo de R$ 277 milhões que seria destinado à velha Varig para o pagamento de credores.
A audiência de ontem reuniu representantes da Deloitte, o presidente da companhia aérea, Marcelo Bottini, e os juízes que cuidam do caso.
Nela, também foi definido que a "velha Varig", parcela da empresa que permanece em recuperação judicial, ficará com um único destino, Porto Seguro (BA), e duas autorizações de vôo.

Contestação
Os advogados da VarigLog apresentaram documento contestando o parecer da administradora judicial da Varig. Na última sexta-feira, a consultoria entregou à Justiça um relatório em que avalia que a venda da companhia aérea não seria benéfica para os credores.
Segundo a administradora, os R$ 277 milhões oferecidos pela Varig estavam inflados porque incluíam itens como debêntures, aluguéis e fretamentos. Para a consultoria, o valor real da proposta é de R$ 126,96 milhões.
A audiência começou às 13h, mas foi suspensa por três horas durante à tarde para que a Deloitte pudesse avaliar a nova documentação. À noite, foi retomada. O acordo só foi anunciado depois das 23h.


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