|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Mais enxuta, GM sai da concordata nos EUA
Montadora emerge de processo com 20% menos empregados, 16 fábricas fechadas e planos para eliminar 2.300 revendedoras
Companhia, agora com apenas quatro marcas e sob
controle do governo, terá de
provar que é viável, em meio a
cenário de queda nas vendas
FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK
Com 20% menos empregados, 16 fábricas fechadas e planos para eliminar 2.300 revendedoras até o final do ano que
vem, a "nova" General Motors
saiu ontem mais leve e menos
endividada de sua concordata,
que durou apenas 39 dias.
A rapidez e a organização do
processo foram uma vitória para o governo Barack Obama,
que apostou na reestruturação.
Agora, a companhia terá de
provar que é realmente viável.
A General Motors Company
(que substitui a antiga GM Corporation) emerge do processo
com 60,8% de seu capital nas
mãos dos governo dos EUA e
com apenas quatro marcas de
automóveis: Chevrolet, Cadillac, Buick e GMC.
Diferentemente do inicialmente previsto, a venda ou a
eliminação completa das marcas Hummer e Saturn também
ficará a cargo da "nova GM".
Já a "velha GM", agora batizada como Motors Liquidation
Company, permanece em concordata e administrará desde o
fechamento de fábricas até a
venda de ativos da empresa, como dezenas de imóveis e até
mesmo um enorme campo de
golfe em Nova Jersey.
Antes da concordata, a GM
divulgou um total de US$ 176,4
bilhões em dívidas e obrigações
em todo o mundo. A venda de
ativos será usada para saldar
esses débitos.
Mas grande parte da dívida já
foi renegociada no processo de
concordata, principalmente
com sindicatos de trabalhadores, que, em troca, agora detêm
17,5% da companhia. O governo do Canadá tem outros 11,7%,
e a "velha GM" acabou ficando
com participação de 10% na nova empresa.
Até o final deste ano, o governo dos EUA terá injetado cerca
de US$ 50 bilhões (um quarto
das reservas em dólares do Brasil) na montadora. Como parte
do processo de reestruturação,
e por exigência estatal, a empresa eliminará também 35%
de seus cargos executivos.
Por enquanto, o comando da
empresa ficará com Fritz Henderson. Ele promete enxugar
para que ela seja mais ágil em
suas decisões e tenha capital
para saldar US$ 11 bilhões em
dívidas que ainda continuam
sob sua responsabilidade.
Henderson afirma que o alvo
é tornar a GM uma empresa
novamente pública. "Queremos fazer isso tão cedo quanto
possível, provavelmente até o
início do ano que vem, quando
vamos começar a reembolsar o
governo", disse Henderson.
Ele assumiu o posto em março passado, depois que o governo dos EUA obrigou na prática
o então presidente, Rick Wagoner, a deixar o cargo.
A empresa planeja encerrar
2009 com 64 mil funcionários,
30% a menos do que no final do
ano passado, e manter um teto
de 3.600 revendedoras.
Desde 2004, último ano em
que registrou lucro, a GM acumulou perdas totais de US$ 88
bilhões. A empresa vem registrando queda consecutivas nas
vendas desde outubro de 2007.
Reverter esse quadro será
um desafio enorme no atual
ambiente recessivo nos EUA.
As vendas de veículos novos
registram queda de 37% neste
ano, para um total de 9,9 milhões de automóveis. O número
é considerado ainda abaixo do
teto que as montadoras precisam superar para obter lucro.
No processo de concordata, o
próprio Henderson disse que
seria "muito difícil" a empresa
voltar a ter lucro neste ano.
Nos primeiros seis meses do
ano, a GM manteve uma participação no mercado menor que
20%, percentual distante da liderança que mantinha há algumas décadas, quando controlava 50% das vendas nos EUA.
Texto Anterior: Preços: Japão tem maior deflação em 49 anos Próximo Texto: Venda de carro importado sobe mais no 1º semestre Índice
|