São Paulo, sábado, 11 de julho de 2009

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Mais enxuta, GM sai da concordata nos EUA

Montadora emerge de processo com 20% menos empregados, 16 fábricas fechadas e planos para eliminar 2.300 revendedoras

Companhia, agora com apenas quatro marcas e sob controle do governo, terá de provar que é viável, em meio a cenário de queda nas vendas


FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK

Com 20% menos empregados, 16 fábricas fechadas e planos para eliminar 2.300 revendedoras até o final do ano que vem, a "nova" General Motors saiu ontem mais leve e menos endividada de sua concordata, que durou apenas 39 dias.
A rapidez e a organização do processo foram uma vitória para o governo Barack Obama, que apostou na reestruturação. Agora, a companhia terá de provar que é realmente viável.
A General Motors Company (que substitui a antiga GM Corporation) emerge do processo com 60,8% de seu capital nas mãos dos governo dos EUA e com apenas quatro marcas de automóveis: Chevrolet, Cadillac, Buick e GMC.
Diferentemente do inicialmente previsto, a venda ou a eliminação completa das marcas Hummer e Saturn também ficará a cargo da "nova GM".
Já a "velha GM", agora batizada como Motors Liquidation Company, permanece em concordata e administrará desde o fechamento de fábricas até a venda de ativos da empresa, como dezenas de imóveis e até mesmo um enorme campo de golfe em Nova Jersey.
Antes da concordata, a GM divulgou um total de US$ 176,4 bilhões em dívidas e obrigações em todo o mundo. A venda de ativos será usada para saldar esses débitos.
Mas grande parte da dívida já foi renegociada no processo de concordata, principalmente com sindicatos de trabalhadores, que, em troca, agora detêm 17,5% da companhia. O governo do Canadá tem outros 11,7%, e a "velha GM" acabou ficando com participação de 10% na nova empresa.
Até o final deste ano, o governo dos EUA terá injetado cerca de US$ 50 bilhões (um quarto das reservas em dólares do Brasil) na montadora. Como parte do processo de reestruturação, e por exigência estatal, a empresa eliminará também 35% de seus cargos executivos.
Por enquanto, o comando da empresa ficará com Fritz Henderson. Ele promete enxugar para que ela seja mais ágil em suas decisões e tenha capital para saldar US$ 11 bilhões em dívidas que ainda continuam sob sua responsabilidade.
Henderson afirma que o alvo é tornar a GM uma empresa novamente pública. "Queremos fazer isso tão cedo quanto possível, provavelmente até o início do ano que vem, quando vamos começar a reembolsar o governo", disse Henderson.
Ele assumiu o posto em março passado, depois que o governo dos EUA obrigou na prática o então presidente, Rick Wagoner, a deixar o cargo.
A empresa planeja encerrar 2009 com 64 mil funcionários, 30% a menos do que no final do ano passado, e manter um teto de 3.600 revendedoras.
Desde 2004, último ano em que registrou lucro, a GM acumulou perdas totais de US$ 88 bilhões. A empresa vem registrando queda consecutivas nas vendas desde outubro de 2007.
Reverter esse quadro será um desafio enorme no atual ambiente recessivo nos EUA.
As vendas de veículos novos registram queda de 37% neste ano, para um total de 9,9 milhões de automóveis. O número é considerado ainda abaixo do teto que as montadoras precisam superar para obter lucro.
No processo de concordata, o próprio Henderson disse que seria "muito difícil" a empresa voltar a ter lucro neste ano.
Nos primeiros seis meses do ano, a GM manteve uma participação no mercado menor que 20%, percentual distante da liderança que mantinha há algumas décadas, quando controlava 50% das vendas nos EUA.


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