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BC pode ter de explicar alta trimestral ao FMI
LEONARDO SOUZA
DA REPORTAGEM LOCAL
O Banco Central poderá ter de
explicar aos técnicos do FMI
(Fundo Monetário Internacional)
por que a inflação do terceiro trimestre deste ano ficará tão alta.
Pelo IPCA (Índice de Preços ao
Consumidor Amplo) de julho, divulgado ontem (1,61%), não será
difícil a inflação no acumulado de
12 meses encerrado no terceiro
trimestre deste ano ficar acima de
7,5%.
Pelo acordo de ajuda financeira
ao Brasil fechado com o FMI, ficou definido que o país teria de
cumprir metas de inflação a cada
trimestre (pelo acumulado de 12
meses). Foram determinadas
uma banda estreita e uma banda
larga (para este ano são de 7,5% e
8,5%, respectivamente).
Se o IPCA trimestral for superior à banda estreita, o BC tem de
mostrar aos técnicos do Fundo
por que a inflação não ficou naquele primeiro perímetro permitido. Se passa da banda larga, a
coisa complica. As justificativas
têm então de ser dadas à Diretoria
Executiva do FMI, que poderia até
vetar, se fosse o caso, parcelas do
empréstimo que havia sido acertado com o país.
Segundo o economista Adalto
Lima, do Lloyds TSB, no acumulado de dez meses encerrado em
julho a alta do IPCA foi de 6,13%.
Ele vai reavaliar sua previsão para
agosto, mas disse que atualmente
estima que neste mês o IPCA será
de 1,10%. Segundo esse cálculo,
no mês de setembro a inflação
não poderia passar de 0,37%, pois
do contrário estouraria a banda
estreita.
"Não é nada assustador, mas
certamente a inflação no mês passado ficou acima das expectativas
de todo mundo", disse ele.
Previsões furadas
O Banco Central e o mercado financeiro erraram suas previsões
de inflação para o mês de julho
medida pelo IPCA.
A estimativa média dos bancos
era de inflação de 1,3%. As revisões das instituições para o acumulado do ano superam o centro
da meta estabelecida pelo Banco
Central para 2000, de 6%.
As projeções variam agora de
6,1% a 6,5%. O BBVA deve subir
sua estimativa de 6% para 6,4%,
assim como o Lloyds. O JP Morgan elevou de 5,8% para 6,1%.
Já o Banco Central, no último
relatório de inflação divulgado
(de junho), projetou que o IPCA
ficaria em 2,1% no acumulado do
trimestre julho/setembro, segundo o economista do JP Morgan
Marcelo Carvalho. "Como somente em julho o índice acumulou 1,61%, muito provavelmente o
Banco Central foi surpreendido",
disse ele.
Ou seja, para que o IPCA do terceiro trimestre fique dentro da expectativa do governo, a inflação
teria de ser de apenas 0,24% neste
mês e no próximo.
A Fipe (Fundação Instituto de
Pesquisas Econômicas) estima
que o IPC (Índice de Preços ao
Consumidor) deste mês seja de
1%. Se o IPCA também ficar nesse
nível, a projeção do BC para o trimestre estouraria em 0,5 ponto
percentual apenas no bimestre julho/agosto. O IPCA é o índice
adotado pelo BC para monitorar
o sistema de metas de inflação.
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