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PREÇOS
Influência menor de tarifas públicas e valor em queda dos alimentos seguram taxa em agosto em SP e contrariam previsões
Inflação ignora pressão sazonal, diz Fipe
MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO
Marcados pelo peso das tarifas
públicas, os meses de agosto sempre foram um período de forte
pressão inflacionária. Neste ano,
esse período vai ser atípico.
A pressão das tarifas públicas
será bem menor, e a taxa será puxada para baixo, ainda, pela persistente queda nos preços dos
produtos agrícolas -o que normalmente não ocorre nesta época
do ano.
Os primeiros dados de inflação
referentes a este mês já mostram
essa pressão menor. Após fechar
julho com taxa de 0,30%, a inflação recuou para 0,19% nos últimos 30 dias até 7 deste mês, bem
abaixo do que previa o mercado.
Os dados são do IPC (Índice de
Preços ao Consumidor) da Fipe
(Fundação Instituto de Pesquisas
Econômicas).
Com o recuo da inflação na primeira quadrissemana deste mês,
a taxa poderá não atingir o 0,40%
previsto inicialmente para o período. Mas Paulo Picchetti, coordenador do IPC, afirma que ainda
vai esperar o comportamento da
taxa na próxima semana para fazer uma eventual correção na estimativa.
Um dos principais fatores de recuo na taxa de inflação neste mês
será o fim dos "subsídios cruzados". Esses subsídios faziam com
que o consumidor residencial pagasse tarifa de energia elétrica
maior para que a indústria pudesse ter tarifa menor.
A retirada desse subsídio gerará
deflação de 0,07%. Já os aumentos
nos preços das assinaturas dos telefones trarão inflação de 0,10%.
No balanço, a inflação das tarifas
será de apenas 0,03% neste mês.
Os alimentos, produtos que têm
a maior volatilidade (altas e baixas constantes) no momento,
também devem garantir inflação
baixa para o mês. Contrariando o
comportamento de anos anteriores, os preços dos alimentos continuam caindo.
Neste início de mês, as maiores
reduções vêm dos alimentos industrializados, que estão refletindo agora a queda mais acentuada
das matérias-primas registrada
há várias semanas.
Entre as pressões, as maiores
vêm de saúde e de transportes. No
setor de saúde, os paulistanos começam a pagar as novas tarifas
cobradas pelos contratos de saúde. No setor de transportes, o reajuste nos preços do álcool atingiu
6%, em média, nos últimos 30
dias.
Picchetti não vê problemas no
comportamento da inflação neste
semestre. Petróleo e dólar, no entanto, continuam incógnitas para
o período. No caso do petróleo, "a
dúvida é quando e de quanto será
o aumento". No caso do dólar, a
recuperação da moeda norte-americana poderá dar novo fôlego aos índices que acompanham
os preços no atacado.
Quanto à reunião do Copom
(Comitê de Política Monetária) da
próxima semana, Picchetti, diz
que é difícil prever a ação do Banco Central, que seguramente vai
pesar os possíveis efeitos do petróleo e da recuperação da atividade industrial.
O mercado está dividido. Parte
acha que a taxa de juros fica estável. Outros apostam em uma redução de 0,5 ponto percentual.
Para o economista da Fipe, a Selic
recua para 18% até o final do ano.
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