São Paulo, quinta-feira, 11 de agosto de 2005

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BEBIDAS

Empresa promove dois reajustes desde dezembro do ano passado e obtém resultados melhores no primeiro semestre

AmBev eleva preço, mas vende e lucra mais

ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Dona das marcas Skol, Brahma e Antarctica, a AmBev reajustou seus preços duas vezes desde dezembro do ano passado. Mesmo assim, o consumidor continuou a comprar as cervejas, e o faturamento da empresa voltou a subir. A receita líquida de abril a junho cresceu 69,8% sobre 2004. O lucro aumentou 15% no período, turbinado pelas novas tabelas de preços e por bons resultados das fábricas no exterior.
Por outro lado, numa análise dos dados semestrais, as perdas com a variação cambial e com as provisões no começo do ano tiveram impacto negativo sobre o lucro, que caiu 21% (de R$ 570,1 milhões, de janeiro a junho de 2004, para R$ 449,4 milhões neste ano).
A utilização do mecanismo de hedge (proteção cambial) teve impacto nesses números do semestre. A companhia "comprou" dólar a R$ 3 para este ano, na expectativa de que a moeda americana pudesse se valorizar.
A cervejaria tem a moeda em caixa por causa das dívidas contraídas no exterior. Como o dólar hoje está cotado a R$ 2,28, a aposta foi equivocada.
Para o primeiro trimestre de 2006, os contratos de hedge feitos pela companhia já estão com um dólar mais baixo, a R$ 2,57.
Mesmo com a retração do lucro verificada de janeiro a junho, a análise feita por especialistas é positiva para a empresa neste ano. "A AmBev tem um grande portfólio de marcas, e eventuais quedas na demanda por uma categoria de produto podem ser compensadas por ganhos em outras", afirma Gustavo Hungria, analista do banco Pactual.
"O Ebitda [geração de caixa] da empresa cresceu neste ano, e a dívida total caiu de março para cá, o que coloca a AmBev em uma situação confortável", diz.

Crise e segundo semestre
Na operação do grupo no Brasil, o comando da companhia fez questão de destacar os ganhos financeiros com o reajuste de preços das cervejas fabricadas.
"Ressaltamos o mérito de nossa equipe de vendas e marketing, que conseguiu pela primeira vez [a AmBev foi criada há cinco anos] preservar nossa participação de mercado estável depois da execução de um aumento de preços", diz em comunicado.
Aconteceram aumentos em dezembro, de 5%, nas cervejas produzidas pela AmBev. Em abril, a alta foi de 6%, no chope. Remarcações tendem a afastar o consumidor da gôndola e a rejeitar o produto, numa reação imediata logo após o aumento. Isso pode não ter acontecido agora.
"Estamos muito felizes com isso", repetiu por vezes João Castro Neves, diretor financeiro da companhia de bebidas. "A renda permanece comprimida, mas o consumidor percebeu o valor da marca na hora de adquirir a mercadoria", completa o diretor.
Não foram só as marcas da AmBev que tiveram aumento no volume vendido após as remarcações. A Schincariol fez "reajustes pontuais" neste ano, informou a empresa à Folha, e ganhou mercado (leia texto ao lado).
Neves acredita que este semestre não deve ser um "período fácil". "O que entra aí é a história da comparação. Tivemos bons resultados no período de julho a dezembro de 2004 e é mais difícil ter taxas de expansão tão altas." Ele também descarta a possibilidade de retração nas vendas por conta de respingos da crise política na confiança do consumidor.


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