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Bolsas caem de novo, apesar de ação de BCs
BCs europeu, americano e japonês emprestaram mais de US$ 120 bi apenas ontem e mais de US$ 270 bi nos últimos 2 dias
Bolsas européias foram as que mais sofreram, e Londres teve pior queda em mais de quatro anos; no Brasil, Bovespa caiu 1,48%
DA REDAÇÃO
Apesar da intervenção dos
bancos centrais dos EUA, da
União Européia e do Japão, que
colocaram mais de US$ 120 bilhões no mercados financeiros
só ontem, as Bolsas mundiais
voltaram a ter um dia de queda,
sob o efeito das tensões em relação ao mercado de crédito
imobiliário americano e suas
repercussões no mercado financeiro global.
Nos últimos dois dias, os BCs
já injetaram nos mercados
mais de US$ 270 bilhões para
elevar a liquidez global.
As Bolsas européias foram as
que mais sofreram ontem. A de
Londres caiu 3,71%, a maior
queda em mais de quatro anos.
Em Paris, o recuo foi de 3,13%,
e, em Frankfurt, de 1,48%.
Nos EUA, os mercados tiveram um dia de forte instabilidade. Os três principais índices
das Bolsas dos EUA começaram o dia em forte queda. Mas
se recuperaram: o Dow Jones
caiu 0,23%, a Nasdaq, 0,45%, e
o S&P 500 ficou estável.
No Brasil, a Bovespa teve
queda de 1,48%, e o risco-país
subiu para 190 pontos, alta de
3,26%. As Bolsas asiáticas também apresentaram fortes quedas. A de Tóquio recuou 2,37%,
e a de Hong Kong caiu 2,88%.
Depois de colocar à disposição do mercado financeiro
94,8 bilhões (cerca de US$ 130
bilhões) em uma tentativa de
corrigir a falta de liquidez, o
BCE (Banco Central Europeu)
decidiu emprestar mais 61
bilhões (cerca de US$ 83 bilhões). Nos dois dias seguintes
aos ataques terroristas de 11 de
Setembro, em 2001, ele emprestou o total de 109 bilhões.
E o Fed (o BC dos EUA) injetou mais US$ 38 bilhões ontem
(em três aportes durante o dia)
e, em nota, disse que providenciará as reservas necessárias
para "facilitar o bom funcionamento dos mercados financeiros". No dia anterior, ele tinha
emprestado US$ 24 bilhões.
O banco central japonês
(BoJ) anunciou o empréstimo
de US$ 8,4 bilhões, e os BCs de
Austrália, Canadá, Cingapura,
Noruega e Suíça tomaram medidas semelhantes.
O FMI disse que a ação dos
BCs deve garantir o ajuste dos
mercados e que o atual momento de instabilidade é "administrável" e reflexo de "vulnerabilidades" já alertadas pelo
organismo.
A ação do BC americano é
considerada, por alguns analistas, como a mais radical já tomada pelo organismo para
acalmar os mercados desde o 11
de Setembro. Na ocasião, o então presidente do Fed, Alan
Greenspan, realizou reuniões
extraordinárias para cortar a
taxa de juros. E já há quem especule que seu sucessor, Ben
Bernanke, possa fazer o mesmo. Ele está sendo criticado
agora por ter minimizado os
efeitos da crise imobiliária.
A próxima reunião do Fed
está marcada para o dia 18 de
setembro, mas, no encontro da
última terça-feira, ele manteve
a taxa de juros em 5,25% e fez
apenas uma breve menção às
turbulências dos mercados,
iniciadas em 24 de julho.
Desde então, porém, os mercados tiveram dois dias de fortes quedas, afetados por temores sobre o mercado de crédito
imobiliário americano, especialmente no "subprime" (créditos de alto risco). Na quinta,
as perdas, pelo menos em parte, foram atribuídas ao fato de o
banco francês BNP Paribas ter
congelado três fundos do setor,
sem possibilidade de resgate.
Antes do BNP, o americano
Bear Sterns já havia suspendido três fundos de "hedge" por
problemas no "subprime".
Com os problemas no mercado
imobiliário afetando grandes
bancos, alguns analistas temem que os fundamentos da
economia americana sejam
contaminados pela crise.
"Os investidores estão com
menos medo dos corpos que já
estão flutuando do que daqueles que estão abaixo das ondas
e ainda não são vistos", disse ao
"Financial Times" o economista Kevin Logan, do banco
Dresdner Kleinwort. Segundo
o "Wall Street Journal", a SEC
(órgão regulador dos EUA) começará a investigar empréstimos no setor imobiliário de
grandes bancos como Goldman
Sachs e Merril Lynch.
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