São Paulo, sábado, 11 de agosto de 2007

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Bovespa recua 9,3% desde início da crise

Em mais um dia tenso no mercado global, Bolsa de SP caiu 1,48% ontem; na semana, baixa acumulada ficou em 0,39%

Dólar encerra a semana cotado a R$ 1,951, no mais elevado valor desde 26 de junho; risco-país volta a subir e fecha em 190 pontos

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A semana, que caminhava para ser bem tranqüila na Bolsa de Valores de São Paulo, acabou tendo nos dois últimos pregões muita oscilação e também perdas. Ontem, após chegar a amargar desvalorização de 3,27% nos negócios da manhã, a Bovespa se recuperou um pouco, mas terminou no vermelho, com baixa de 1,48%.
Essa foi a terceira semana seguida em que o mercado financeiro global teve de enfrentar fortes turbulências, que se originaram em problemas no setor de crédito imobiliário norte-americano.
A queda da Bovespa na semana ficou em 0,39%. Desde a primeira sacudida que o mercado sofreu, no dia 24 de julho, o índice Ibovespa acumula desvalorização de 9,30% -o que representa a perda de cerca de R$ 125 bilhões em valor de mercado das companhias listadas na Bolsa de Valores.
No ano, a Bovespa ainda registra ganhos de 18,36%.
Apesar da melhora no fim do dia, os mercados terminaram nas principais praças financeiras em terreno negativo. Quem mais sofreu ontem foram as Bolsas européias.
O índice FTSEurofirst 300, composto pelas ações européias de maior peso, encerrou com perdas de 3,04%, em seu pior pregão desde o fim de fevereiro, quando a Bolsa da China despencou e abalou os mercados mundiais.
Em Wall Street, o índice Dow Jones fechou em baixa de 0,23%. A Bolsa eletrônica Nasdaq caiu 0,45% ontem.
Na quinta, os mercados pioraram de humor após o banco francês BNP Paribas vetar saques em alguns de seus fundos na Europa. A decisão fez com que investidores temessem o aprofundamento da crise e se desfizessem de ativos de maior risco, principalmente ações.
"A tensão dos mercados internacionais ganhou força nos últimos dias, mostrando-se mais persistente do que o imaginado inicialmente", afirma Maristela Ansanelli, economista-chefe do Banco Fibra.
O destaque de queda ontem ficou com a Bolsa de Londres, que perdeu 3,71% no pregão. Outras pesadas perdas aconteceram em Paris (-3,13%) e Amsterdã (-3,05%).
Repetindo a atuação de quinta-feira, os bancos centrais europeu e americano voltaram a injetar recursos no sistema financeiro ontem, como forma de evitar que a diminuição da oferta de recursos elevasse indesejavelmente as taxas de juros. O banco central japonês seguiu os passos de seus pares e tomou igual atitude ontem.
"Os fundamentos da economia mundial continuam sólidos, e uma crise localizada na parcela mais arriscada do mercado imobiliário norte-americano não deveria ser suficiente para desestabilizar o quadro global. Os riscos ficam por conta de uma contaminação para o restante do mercado financeiro, causando perdas suficientes para frear o crescimento da economia norte-americana e afetar o desempenho da economia global", diz Ansanelli.
O dólar encerrou a semana cotado a R$ 1,951, seu mais elevado valor desde 26 de junho. Ontem a moeda norte-americana teve apreciação de 1,3% diante do real; na semana, a valorização ficou em 2,58%.
O risco-país fechou com 190 pontos, em alta de 3,26%.
Segundo análise feita pelos gestores da corretora Coinvalores, "os papéis brasileiros deverão acompanhar os mercados internacionais no curto prazo, principalmente por questões de liquidez. Contudo, acreditamos que os prognósticos continuam positivos para horizontes mais longos".

Sobe-e-desce de ações
Apesar de os pregões de ontem e anteontem terem sido bastante tensos e com resultados negativos, várias ações escaparam das perdas na semana. Considerando os 60 papéis que formam o Ibovespa -principal índice da Bolsa paulista-, houve 33 baixas, 25 altas e 2 papéis ficaram estáveis.
Como resposta às fortes perdas que sofreram recentemente, as ações preferenciais da TAM e da Gol foram as que tiveram os melhores desempenhos da semana, com valorizações acumuladas de 10,31% e 8,40%, respectivamente.
Após o acidente com o avião da TAM, que ocorreu no dia 17 de julho, os papéis das duas companhias aéreas sofreram importantes quedas.


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