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Bovespa recua 9,3% desde início da crise
Em mais um dia tenso no mercado global, Bolsa de SP caiu 1,48% ontem; na semana, baixa acumulada ficou em 0,39%
Dólar encerra a semana cotado a R$ 1,951, no mais elevado valor desde 26 de junho; risco-país volta a subir e fecha em 190 pontos
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
A semana, que caminhava
para ser bem tranqüila na Bolsa
de Valores de São Paulo, acabou tendo nos dois últimos pregões muita oscilação e também
perdas. Ontem, após chegar a
amargar desvalorização de
3,27% nos negócios da manhã,
a Bovespa se recuperou um
pouco, mas terminou no vermelho, com baixa de 1,48%.
Essa foi a terceira semana seguida em que o mercado financeiro global teve de enfrentar
fortes turbulências, que se originaram em problemas no setor de crédito imobiliário norte-americano.
A queda da Bovespa na semana ficou em 0,39%. Desde a primeira sacudida que o mercado
sofreu, no dia 24 de julho, o índice Ibovespa acumula desvalorização de 9,30% -o que representa a perda de cerca de R$
125 bilhões em valor de mercado das companhias listadas na
Bolsa de Valores.
No ano, a Bovespa ainda registra ganhos de 18,36%.
Apesar da melhora no fim do
dia, os mercados terminaram
nas principais praças financeiras em terreno negativo. Quem
mais sofreu ontem foram as
Bolsas européias.
O índice FTSEurofirst 300,
composto pelas ações européias de maior peso, encerrou
com perdas de 3,04%, em seu
pior pregão desde o fim de fevereiro, quando a Bolsa da China
despencou e abalou os mercados mundiais.
Em Wall Street, o índice Dow
Jones fechou em baixa de
0,23%. A Bolsa eletrônica Nasdaq caiu 0,45% ontem.
Na quinta, os mercados pioraram de humor após o banco
francês BNP Paribas vetar saques em alguns de seus fundos
na Europa. A decisão fez com
que investidores temessem o
aprofundamento da crise e se
desfizessem de ativos de maior
risco, principalmente ações.
"A tensão dos mercados internacionais ganhou força nos
últimos dias, mostrando-se
mais persistente do que o imaginado inicialmente", afirma
Maristela Ansanelli, economista-chefe do Banco Fibra.
O destaque de queda ontem
ficou com a Bolsa de Londres,
que perdeu 3,71% no pregão.
Outras pesadas perdas aconteceram em Paris (-3,13%) e
Amsterdã (-3,05%).
Repetindo a atuação de quinta-feira, os bancos centrais europeu e americano voltaram a
injetar recursos no sistema financeiro ontem, como forma
de evitar que a diminuição da
oferta de recursos elevasse indesejavelmente as taxas de juros. O banco central japonês seguiu os passos de seus pares e
tomou igual atitude ontem.
"Os fundamentos da economia mundial continuam sólidos, e uma crise localizada na
parcela mais arriscada do mercado imobiliário norte-americano não deveria ser suficiente
para desestabilizar o quadro
global. Os riscos ficam por conta de uma contaminação para o
restante do mercado financeiro, causando perdas suficientes
para frear o crescimento da
economia norte-americana e
afetar o desempenho da economia global", diz Ansanelli.
O dólar encerrou a semana
cotado a R$ 1,951, seu mais elevado valor desde 26 de junho.
Ontem a moeda norte-americana teve apreciação de 1,3%
diante do real; na semana, a valorização ficou em 2,58%.
O risco-país fechou com 190
pontos, em alta de 3,26%.
Segundo análise feita pelos
gestores da corretora Coinvalores, "os papéis brasileiros deverão acompanhar os mercados
internacionais no curto prazo,
principalmente por questões
de liquidez. Contudo, acreditamos que os prognósticos continuam positivos para horizontes mais longos".
Sobe-e-desce de ações
Apesar de os pregões de ontem e anteontem terem sido
bastante tensos e com resultados negativos, várias ações escaparam das perdas na semana.
Considerando os 60 papéis que
formam o Ibovespa -principal
índice da Bolsa paulista-, houve 33 baixas, 25 altas e 2 papéis
ficaram estáveis.
Como resposta às fortes perdas que sofreram recentemente, as ações preferenciais da
TAM e da Gol foram as que tiveram os melhores desempenhos da semana, com valorizações acumuladas de 10,31% e
8,40%, respectivamente.
Após o acidente com o avião
da TAM, que ocorreu no dia 17
de julho, os papéis das duas
companhias aéreas sofreram
importantes quedas.
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