São Paulo, sábado, 11 de agosto de 2007

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BRESSER-PEREIRA

"Falta de regulação gera turbulência"

"O capitalismo é instável e o capitalismo financeiro é mais instável ainda", afirma o professor emérito da FGV (Fundação Getúlio Vargas) Luiz Carlos Bresser-Pereira. Em sua avaliação, a turbulência recente tem origem na ausência de regulação do mercado financeiro global, marcado por especulação crescente nos últimos 20 anos.
"Nesse período, aumentou muito o poder dos intermediários financeiros, como os fundos de "private equity", de "venture capital" e os fundos mútuos. Ao mesmo tempo, imperava a onda neoliberal, que pregava a desregulamentação total dos mercados", ressalta.
Outros componentes da crise são os déficits gêmeos nos Estados Unidos -o fiscal e em conta corrente-, o enfraquecimento do dólar e a situação precária das empresas imobiliárias ligadas ao segmento "subprime", no qual o risco de inadimplência é maior.
O impacto para o Brasil dependerá da extensão da crise. "Claro que afeta o Brasil, porque temos a globalização. Mas pode ser mais um susto, com pequeno impacto. Se for algo maior, aí ninguém sabe o que poderá acontecer."
Na opinião de Bresser-Pereira, a turbulência atual é diferente das crises dos anos 90, como a asiática e a moratória russa. "Na década de 90, a crise foi em mercados emergentes que se endividaram externamente porque aceitaram a verdade que vinha do Norte de que tinham que crescer com endividamento externo", afirma o professor, que já foi ministro da Fazenda, da Reforma do Estado e da Ciência e Tecnologia.
Quanto ao efeito da crise sobre a trajetória da taxa de juros no Brasil, Bresser-Pereira é lacônico: "Tenho tanto horror a esse Banco Central que prefiro não falar sobre isso".


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