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BRESSER-PEREIRA
"Falta de regulação gera turbulência"
"O capitalismo é instável e o
capitalismo financeiro é mais
instável ainda", afirma o professor emérito da FGV (Fundação Getúlio Vargas) Luiz Carlos
Bresser-Pereira. Em sua avaliação, a turbulência recente tem
origem na ausência de regulação do mercado financeiro global, marcado por especulação
crescente nos últimos 20 anos.
"Nesse período, aumentou
muito o poder dos intermediários financeiros, como os fundos de "private equity", de "venture capital" e os fundos mútuos. Ao mesmo tempo, imperava a onda neoliberal, que pregava a desregulamentação total
dos mercados", ressalta.
Outros componentes da crise
são os déficits gêmeos nos Estados Unidos -o fiscal e em
conta corrente-, o enfraquecimento do dólar e a situação
precária das empresas imobiliárias ligadas ao segmento
"subprime", no qual o risco de
inadimplência é maior.
O impacto para o Brasil dependerá da extensão da crise.
"Claro que afeta o Brasil, porque temos a globalização. Mas
pode ser mais um susto, com
pequeno impacto. Se for algo
maior, aí ninguém sabe o que
poderá acontecer."
Na opinião de Bresser-Pereira, a turbulência atual é diferente das crises dos anos 90, como a asiática e a moratória russa. "Na década de 90, a crise foi
em mercados emergentes que
se endividaram externamente
porque aceitaram a verdade
que vinha do Norte de que tinham que crescer com endividamento externo", afirma o
professor, que já foi ministro da
Fazenda, da Reforma do Estado e da Ciência e Tecnologia.
Quanto ao efeito da crise sobre a trajetória da taxa de juros
no Brasil, Bresser-Pereira é lacônico: "Tenho tanto horror a
esse Banco Central que prefiro
não falar sobre isso".
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