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Petrópolis e Schin são multadas por propaganda
Para Procon, garantia de higiene do selo de alumínio é propaganda enganosa
Multa é de R$ 611 mil para cada cervejaria; Petrópolis diz que já obteve decisões
favoráveis ao tema sobre o assunto e que irá recorrer
DA REPORTAGEM LOCAL
A Schincariol e a Petrópolis
foram multadas em R$ 611 mil
cada uma pelo Procon (Fundação de Proteção e Defesa do
Consumidor). De acordo com a
entidade, as cervejarias, que diferenciam algumas de suas
marcas pelo uso de selo de alumínio, induziram o consumidor ao erro "quanto a qualidade
característica e segurança do
produto anunciado, infringindo o artigo [...] que veda publicidade de índole enganosa." A
Petrópolis informou, por meio
de sua assessoria de imprensa,
que irá recorrer da multa.
A denúncia contra as cervejarias foi feita pelo Sindicerv
(Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja), ao qual são afiliadas a AmBev e a Femsa, que
não usam o selo de alumínio em
seus produtos. O Sindicerv
apresentou ao Procon laudos
do Cetea/Ital (Centro de Tecnologia da Embalagem do Instituto de Tecnologia de Alimentos) e do Instituto de Ciências Biomédicas da USP, que
demonstram que o selo de alumínio não garante proteção
contra contaminações por bactérias e coliformes fecais.
Para o Procon, ao sugerir o
consumo da cerveja sem a limpeza da lata em suas campanhas publicitárias, Petrópolis e
Schincariol "sugerem ao consumidor comportamento prejudicial a sua saúde". Teriam
assim infringido o artigo que
proíbe publicidade abusiva, o
que resultou nas multas.
O órgão baseou sua decisão
no fato de que as campanhas da
Petrópolis afirmavam que o selo de proteção "preserva a qualidade e a higiene da cerveja".
Já as da Schincariol dizem, segundo o Procon, que o selo
"perfaz uma forma "mais higiênica" de consumir sua cerveja".
A Petrópolis informou ter recebido o auto de infração. Segundo a cervejaria, o uso dos
selos já foi discutido no Ministério Público do Rio de Janeiro
e nos Tribunais de Justiça de
São Paulo e do Rio e que as decisões tomadas até agora foram
favoráveis a ela.
De acordo com a Petrópolis,
o MP se baseou em laudos do
Instituto Carlos Éboli que relatam que o "selo protetor, quando íntegro, serve de anteparo
contra a contaminação direta
ocasionada por sujidades macroscópicas ou sujidades deixadas por vetores mecânicos".
A cervejaria também afirmou que sua propaganda apenas constata a existência do selo de alumínio e que "em momento algum cita informações
descabidas". Procurada pela reportagem, a Schincariol não se
pronunciou até a conclusão
desta edição.
Disputa acirrada
A disputa entre as cervejarias
tem ganhado novos capítulos
nas últimas semanas. No início
do mês, o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) multou a AmBev em R$
352 milhões por prática de concorrência desleal. A AmBev já
afirmou que irá recorrer.
Na semana passada, foi a vez
de a Abrabe (Associação Brasileira de Bebidas), a qual estão
filiadas a Schincariol e a Petrópolis, contestarem o uso das
garrafas de um litro da AmBev.
Segundo a entidade, o uso dessas garrafas com a marca da
AmBev também inibe a concorrência porque impede seu uso
pelas outras empresas.
(CRISTIANE BARBIERI)
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