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Bolsa reflete turbulência e perde 3,5% após feriado
Enquanto a Bovespa ficou fechada na sexta, mercado global teve queda expressiva
Temor de desaceleração nos EUA tem preocupado investidores; para analistas, instabilidade nas Bolsas vai continuar por mais tempo
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
A volta do feriado não foi animadora para a Bolsa de Valores
de São Paulo. Sem operar na
sexta-feira, enquanto o mercado global sofria perdas, a Bovespa esteve entre as que mais
caíram ontem e terminou o
pregão em baixa de 3,51%.
O recuo da Bovespa ontem
esteve próximo ao amargado
por Bolsas de outros emergentes se forem considerados os
resultados dos últimos dois
pregões. No México, o principal
índice de ações acumulou desvalorização de 3% entre os pregões de sexta e ontem. O índice
Merval, de Buenos Aires, caiu
2,92% no período.
Dentre os países desenvolvidos, destaques para as perdas
das Bolsas de Tóquio (-3,03%
nos últimos dois pregões) e
Londres (-2,84% no período).
A queda inesperada nos postos de trabalho nos EUA em
agosto, anunciada na sexta,
provocou a nova onda de vendas de ações. Analistas e investidores temem que a maior economia do mundo atravesse um período de forte desaceleração
ou mesmo de recessão.
Depois de muito oscilar, o índice Dow Jones da Bolsa de Nova York, que caiu 1,87% na sexta, fechou o pregão de ontem
com leve alta de 0,08%. A Nasdaq recuou 0,26% ontem.
"Uma parcela da queda da
Bovespa era inevitável, representando um reajuste ao desempenho ruim do mercado internacional na sexta. Como o dia não ajudou muito, a Bolsa
acabou por recuar de forma
mais forte hoje [ontem]", afirma Álvaro Bandeira, presidente da Apimec (Associação dos
Profissionais de Investimento
do Mercado de Capitais) e diretor da corretora Ágora.
A queda de muitas ações na
Bovespa representou um reajuste entre os preços do papel
no pregão local e o valor de seu
ADR (recibo de ação negociado
em Nova York), que caiu na
sexta-feira. Estrangeiros que
queriam vender ações na Bovespa na sexta só puderam fazer isso no pregão de ontem.
Dois dirigentes regionais do
Fed (o banco central dos EUA)
sinalizaram ontem em declarações que estão preocupados
com o enfraquecimento da economia americana e com a dificuldade de o mercado imobiliário mostrar alguma recuperação. Janet Yellen, que comanda
o Fed de São Francisco, disse
que cresceram os riscos de recessão nos EUA.
Por um lado, o desaquecimento da economia americana
pode resultar em uma redução
na taxa básica de juros do país
na reunião do Fed da próxima
terça-feira -como boa parte do
mercado espera. E taxas de juros menores são favoráveis aos
mercados acionários. Os juros
americanos estão atualmente
em 5,25% anuais.
Porém, economia menos
aquecida pode significar maiores dificuldades para as companhias (muitas negociadas em
Bolsa de Valores) terem resultados animadores.
"Ainda enfrentaremos períodos bastante turbulentos daqui
para a frente", diz Alexandre
Lintz, estrategista-chefe do
banco BNP Paribas.
Quem escapou do dia ruim
foi o mercado de câmbio brasileiro, favorecido pela pesada
entrada de dólares trazidos por
uma empresa nacional de grande porte. O dólar chegou a ser
negociado por R$ 1,968 (em alta de 1,08%), mas encerrou
vendido a R$ 1,946, com pequeno recuo de 0,05%.
Todas as 63 ações do índice
Ibovespa, formado pelos papéis
mais negociados da Bolsa, terminaram com perdas ontem.
Para o resultado final da Bovespa, a queda dos papéis de Vale
do Rio Doce e Petrobras pesaram bastante.
As ações PNA (queda de
3,26%) e ON (-2,98%) da Vale
do Rio Doce, juntas com Petrobras PN (-2,36%), representaram 35% de todos os negócios
feitos no pregão de ontem.
Já a ação preferencial da Gol
foi a do Ibovespa que mais se
desvalorizou ontem, ao terminar com baixa de 8,37%.
Os próximos pregões terão
na agenda doméstica importantes eventos para amparar
seu desempenho. Amanhã será
divulgado o resultado do PIB
(Produto Interno Bruto) brasileiro do segundo trimestre. Na
quinta é a vez de ser conhecida
a ata da última reunião do Copom, quando foi definida a redução de 11,5% para 11,25% na
taxa básica de juros.
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