São Paulo, terça-feira, 11 de setembro de 2007

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Bolsa reflete turbulência e perde 3,5% após feriado

Enquanto a Bovespa ficou fechada na sexta, mercado global teve queda expressiva

Temor de desaceleração nos EUA tem preocupado investidores; para analistas, instabilidade nas Bolsas vai continuar por mais tempo

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A volta do feriado não foi animadora para a Bolsa de Valores de São Paulo. Sem operar na sexta-feira, enquanto o mercado global sofria perdas, a Bovespa esteve entre as que mais caíram ontem e terminou o pregão em baixa de 3,51%.
O recuo da Bovespa ontem esteve próximo ao amargado por Bolsas de outros emergentes se forem considerados os resultados dos últimos dois pregões. No México, o principal índice de ações acumulou desvalorização de 3% entre os pregões de sexta e ontem. O índice Merval, de Buenos Aires, caiu 2,92% no período.
Dentre os países desenvolvidos, destaques para as perdas das Bolsas de Tóquio (-3,03% nos últimos dois pregões) e Londres (-2,84% no período).
A queda inesperada nos postos de trabalho nos EUA em agosto, anunciada na sexta, provocou a nova onda de vendas de ações. Analistas e investidores temem que a maior economia do mundo atravesse um período de forte desaceleração ou mesmo de recessão.
Depois de muito oscilar, o índice Dow Jones da Bolsa de Nova York, que caiu 1,87% na sexta, fechou o pregão de ontem com leve alta de 0,08%. A Nasdaq recuou 0,26% ontem.
"Uma parcela da queda da Bovespa era inevitável, representando um reajuste ao desempenho ruim do mercado internacional na sexta. Como o dia não ajudou muito, a Bolsa acabou por recuar de forma mais forte hoje [ontem]", afirma Álvaro Bandeira, presidente da Apimec (Associação dos Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais) e diretor da corretora Ágora.
A queda de muitas ações na Bovespa representou um reajuste entre os preços do papel no pregão local e o valor de seu ADR (recibo de ação negociado em Nova York), que caiu na sexta-feira. Estrangeiros que queriam vender ações na Bovespa na sexta só puderam fazer isso no pregão de ontem.
Dois dirigentes regionais do Fed (o banco central dos EUA) sinalizaram ontem em declarações que estão preocupados com o enfraquecimento da economia americana e com a dificuldade de o mercado imobiliário mostrar alguma recuperação. Janet Yellen, que comanda o Fed de São Francisco, disse que cresceram os riscos de recessão nos EUA.
Por um lado, o desaquecimento da economia americana pode resultar em uma redução na taxa básica de juros do país na reunião do Fed da próxima terça-feira -como boa parte do mercado espera. E taxas de juros menores são favoráveis aos mercados acionários. Os juros americanos estão atualmente em 5,25% anuais.
Porém, economia menos aquecida pode significar maiores dificuldades para as companhias (muitas negociadas em Bolsa de Valores) terem resultados animadores.
"Ainda enfrentaremos períodos bastante turbulentos daqui para a frente", diz Alexandre Lintz, estrategista-chefe do banco BNP Paribas.
Quem escapou do dia ruim foi o mercado de câmbio brasileiro, favorecido pela pesada entrada de dólares trazidos por uma empresa nacional de grande porte. O dólar chegou a ser negociado por R$ 1,968 (em alta de 1,08%), mas encerrou vendido a R$ 1,946, com pequeno recuo de 0,05%.
Todas as 63 ações do índice Ibovespa, formado pelos papéis mais negociados da Bolsa, terminaram com perdas ontem. Para o resultado final da Bovespa, a queda dos papéis de Vale do Rio Doce e Petrobras pesaram bastante.
As ações PNA (queda de 3,26%) e ON (-2,98%) da Vale do Rio Doce, juntas com Petrobras PN (-2,36%), representaram 35% de todos os negócios feitos no pregão de ontem.
Já a ação preferencial da Gol foi a do Ibovespa que mais se desvalorizou ontem, ao terminar com baixa de 8,37%.
Os próximos pregões terão na agenda doméstica importantes eventos para amparar seu desempenho. Amanhã será divulgado o resultado do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro do segundo trimestre. Na quinta é a vez de ser conhecida a ata da última reunião do Copom, quando foi definida a redução de 11,5% para 11,25% na taxa básica de juros.


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