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França e Alemanha atacam "especuladores"
Sarkozy defende "moralização dos mercados financeiros contra os predadores" e Merkel cobra "transparência'
Dirigentes questionam agências de classificação de risco sobre saúde das
empresas e cobram código de conduta para "hedge funds"
DA FRANCE PRESSE
O presidente da França, Nicolas Sarkozy, e a chanceler da
Alemanha, Angela Merkel, entraram em acordo ontem, na cidade alemã de Meseberg, para
tentar limitar a influência dos
fundos especulativos.
Sarkozy insistiu na luta contra os "predadores", e a chanceler alemã, na necessidade de
"transparência" nos mercados
financeiros.
Os dois líderes se reuniram
no castelo de Meseberg, a 80
km ao norte de Berlim, para
uma cúpula informal.
Sarkozy defendeu "a moralização dos mercados contra os
predadores que ameaçam os
empregos". Já Merkel preferiu
falar em "transparência" dos
mercados, um tema de preocupação maior para os dois dirigentes, após os reflexos da crise
das hipotecas de alto risco
(subprime) nos EUA.
"A transparência dos mercados financeiros, suas regras e
sua supervisão são elementos
essenciais para evitar correções excessivas", indicou comunicado publicado ao final do
encontro, em referência à alta
das taxas de juros cobradas nos
empréstimos interbancários.
A crise atingiu uma proporção ainda maior porque os operadores não compreenderam a
tempo até que ponto o mercado
imobiliário nos Estados Unidos
estava precário.
O texto questiona a responsabilidade das agências de classificação de risco sobre a saúde
financeira das empresas, as
quais a Comissão Européia, assim como inúmeros especialistas, acusam por não terem previsto a crise.
As duas partes defenderam
ainda "a elaboração de um código de conduta dos fundos especulativos ["hedge funds']".
Merkel, atual presidente do G8,
já havia apoiado essa idéia, que
foi recusada pelos EUA e pelo
Reino Unido.
Com pontos de vista em comum, os dois diferiram apenas
no vocabulário. "Temos que
moralizar o capitalismo financeiro", declarou Sarkozy. "Temos que garantir a transparência dos mercados financeiros",
insistiu Merkel, em entrevista à
imprensa, ao final da reunião.
"Não podemos mais deixar
que algumas dezenas de especuladores coloquem por terra
todo o sistema internacional,
emprestem em condições duvidosas, comprem a qualquer
preço, não saibam quem está
pedindo emprestado", afirmou
Sarkozy.
"Queremos um capitalismo
para os investidores, e não para
os especuladores."
A chanceler frisou que vai garantir "as condições da transparência" dos mercados. Ela insistiu para que a presidência
portuguesa da União Européia
se ocupe com "clareza" desse
assunto, em vista da adoção de
decisões na cúpula européia da
primavera 2008 (hemisfério
Norte).
"Nós, a França e a Alemanha,
queremos tomar a iniciativa
juntos", disse. Ela recomendou
"uma ação coordenada, para a
próxima reunião do FMI [Fundo Monetário Internacional]".
França e Alemanha também
apelaram por uma posição
mais agressiva da Europa diante de governos estrangeiros cujas políticas solapam a posição
competitiva de empresas européias.
Ambos expressaram preocupação quanto ao uso de barreiras e restrições não-tarifárias
ao investimento e à manipulação política das taxas de câmbio, que, segundo eles atingiram "escala preocupante".
O "uso de fundos públicos",
quer por meio de subsídios diretos quer de taxas administradas de câmbio, para distorcer a
concorrência em favor das empresas de um país é um problema especialmente relevante,
afirmaram.
A questão da energia também foi amplamente debatida
pelos dois dirigentes em Meseberg. O presidente francês convidou a Alemanha a adotar uma
política energética parecida
com a da França, que dê prioridade ao nuclear.
Com o "Financial Times"
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